faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.
José Gomes Ferreira
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Em todo o lado, mas sobretudo nos tarrafais
Despertar aqui
é como morrer
sem ter vivido
............... 15.5.70
.............................................Hoje
.............................................Despertar aqui
.............................................é como ressuscitar
.............................................sem ter morrido
................................................................16.5.70

Da arte de viver
A língua!, instrumento vivo sempre a crescer...
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
De visita à literatura de cordel no Brasil
sábado, 26 de dezembro de 2009
Nataliando
Por mais que tentemos fugir-lhes, todos os anos aí estão.
Este, aí esteve! Muito especialmente. Porque em família.
.
Enternecedores porque trazem ao de cima o melhor de nós: o gosto de oferecer, o prazer de receber, a solidariedade, a total desinibição na afirmação de que gostamos uns dos outros.
Irritantes pela razão da comemoração, por algum exibicionismo, pelo que se escondem provisoriamente.
Neste, tudo isto poderia ser ilustrado. Sob o olhar-testemunho, frio e mudo, de Bento XV.
Mas guardo, para guardada ser, uma funda recordação deste natal. A imagem de uma família que nos acolheu e adoptou. "Gente boa", muito boa, Com um encantador casal de nonagenários, verdadeiramente sublimando ternura, os dois o centro de tudo, o nó afluente e irradiante. Bonito, muito bonito.
E angustiante. De várias maneiras, sendo a minha a de quem está tão mais perto deles, do casal de tão simpáticos velhinhos, e tão certo de saber que comigo não será assim se vier a durar quanto eles.
.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Coisas simples
• Pass(e)ar cruzando gente,
muita gente,
gentão,
sem um atropelo,
sem um empurrão.
• São setenta e quatro.
Tantos anos!,
tanto lastro
de ser humano.
• Uma vida!
Bem vivida.
Por vezes sofrida,
outras vezes divertida.
Tantas vezes sofrida,
muitas vezes encontrada.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Será que...
domingo, 6 de dezembro de 2009
Sabias disto, ó burguês?
no mio de duas escanhoadelas,
que não toma banho na banheira
e não gasta água entre ensaboadelas.
Por causa do ambiente? Para seguir os bons conselhos?
Não! Por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?
Há famílias que não têm apetites,
que compram pão e papas, e não bolos,
que cortaram cerce nos acepipes,
magros, magros, elas e eles como tolos.
Por causa da moda? Ou, antes, elegantes?
Não! Por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?
Há seres humanos que humanos são
e vivem como se humanos não fossem,
eles que, tendo tudo ao alcance da mão,
nada têm do que teriam… se quisessem.
Por causa de alguma crença? Por falta de força?
Não! Por causa do fim de mês!
Sabias disto, ó burguês?
Há condutores de fim-de-semana
que vão deixar de o ser, de passear,
com a família fica de quarentena,
sem “gasosa”, nenhum carro pode andar.
Por causa do “peak oil”? Porque caminhar dá saúde (e faz crescer)?
Não! Por causa do fim de mês!
Sabias disto, ó burguês?
Há mães e pais com os "rebentos" a estudar
e tudo a crescer… e os "mais que tudo", as crianças…
sem professores para ensinar, com novos manuais a comprar,
eles, os pobres pais, vivem o começo das aulas em ânsias.
Por causa da ministra? Porque os miúdos saem caros?
Não! Por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?
A saúde é de todos e de todas um direito,
diz a República Portuguesa na sua constituição
e as gentes, doentes ou ainda não, queixam-se sem jeito,
nem a mente está sã nem o corpo está são.
Por causa da moderação? Por culpa dos médicos e enfermeiros?
Não! Por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?
A democracia está aí desde um certo Abril
além de muito mais, todos com direito a votar
com muitas portas abertas para caminhos mil
e ninguém está contente, todo o mundo a protestar.
Por causa da ingovernança? Por culpa da inoperância?
Sim! E por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?
sábado, 5 de dezembro de 2009
Cumbersas
- Cá vou... meio-constipado.
- Ah! Sim?
- Entre o meio constipardo e o meio-constiparvo.
- Vê se te curas...
- Não há meio.
sábado, 21 de novembro de 2009
Três mulheres e um carrinho de bebé
Almoçava com um amigo quando elas entraram. Três mulheres. Empurrando um carrinho de bebé. Discretamente.
No entanto, a entrada no pequeno restaurante não podia passar desapercebida. Eram, as três mulheres, altas e belas nas suas idades. E empurravam, como numa nuvem, um carrinho de bebé.
De longe, do canto da sala onde almoçava com o amigo, saudei as três mulheres. Tão discretamente como elas tinham entrado e ocupado o espaço onde se arrumaram e, com cuidados mil pelas três repartidos, ao carrinho de bebé.
Tudo parecia de novo tranquilo e rotineiro, como sempre estivera embora eu tivesse sido sobressaltado pela entrada das três mulheres empurrando um carrinho de bebé.
A conversa com o amigo continuava fluente. Sem pausas ou hiatos. Sobre coisas de nada. Ou de tudo. Mas, assim que houve uma brevíssimo silêncio, como quando se muda de ponto na ordem de trabalhos, ou na agenda de conversa, por um dos pontos se ter esgotado e faltar uma imediata “ponte”, pedi licença e levantei-me.
Fui saber notícias de quem, no seu carrinho de bebé, a tudo indiferente, dormia nos seus poucos dias de vida. Fui informado. Pela mãe, pela avó, e pela bisavó. Fui informado, de forma carinhosa, porque só assim falavam de quem ali estava e não por ser comigo, de que tudo correra bem, do nome: Pedro, da receptividade dos irmãos dois mais velhos, tão novinhos ainda.
E voltei ao meu lugar, e à conversa não interrompida, não sem antes deixar a muito repetida e inevitável recomendação "então agora tem de vir uma menina…", também com os muito repetidos e inevitáveis sorrisos doces e cheios de ternura das três mulheres. Uma bisavó, uma avó, e uma mãe. E um bebé num carrinho.
domingo, 15 de novembro de 2009
Elo-cubrações, com-vocações, &vocações
1. Às vezes, mas só às vezes..., tenho a sensação que a corrente saltou da roda dentada e que estou a pedalar em vão… só para dar às pernas!
2. Não sei nada!
Sei, apenas, que deixei passar a oportun(a)idade de hoje saber o que, hoje, sei que não sei.
Mas não desisto!
Há que aprender, aprender, aprender sempre. Até ao fim dos nossos saberes!
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Ser democrata
sábado, 7 de novembro de 2009
Ele há cada descoberta...
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Sobre amizade e amigos - casos que põem em causa
Entre mais pequenas feriditas cicatrizadas, dois casos me afrontam como cicatrizes que não há meio de fecharem. Em definitivo. Para ficarem, arrumadinhas todas, ao lado de uma outra, grande e só minha, que não é por ser cicatriz que deixou de ter sido ferida. Menos ainda esquecida. Que foi grande, enorme. E fazedora de vida.
Podiam, essas duas, até ter sido, apenas, nódoas negras. Ou passado por terem sido, apenas, nódoas negras. Das tantas que passam com o tempo e uma pomadita. Mas não querem (será da minha idade?). Parece terem-se instalado como cicatrizes mal fechadas.
Um caso, depois de palavras e gestos meus esperançados que fossem esclarecedores de situações, terminou com a maldita “última palavra” (que frases foram): “Fomos amigos, podemos viver com essa recordação. Outros têm menos.” Outros terão menos. Mas isso não me compensa. A recordação não ajuda a cicatrizar.
Outro, foi o caso de divergências em campanha eleitoral e tomadas de posição, em que admito ter-me talvez excedido num ou noutro termo usado, e apanho com a definitiva (e para mim inaceitável) conclusão: «última nota. para que Sérgio Ribeiro não fique a ver o espectro de eu estar a “esconder uma opção pessoal por debaixo da capa de uma pretensa objectividade”, dou publicidade ao facto de o post que ele escreveu ter tido a utilidade de fazer-me rever uma das intenções de voto que tinha para amanhã». Que forma mais arrevezada de me dizer, como “última palavra”, não vou votar em si!; não merece o meu voto depois do que escreveu. Como castigo, como “pena” que puniria considerados desaforos? Reajo, hoje, ainda mais “a quente” do que, então, “a quente” reagi:
“A minha incurável transparência obriga-me, talvez desastradamente, a traduzir coisas que … arranjou maneira sinuosa de dizer: a lista da CDU para a AM terá perdido um voto! Tenho pena. Não pela perda do voto - e deste voto para mim tão significativo! Mas pelo processo que a tal terá levado, resultando no fecho de um episódio que me entristece. Que não quero que seja mais que um episódio, dado haver coisas e relações muito mais importantes para mim que isto de campanhas eleitorais e de votos. Muitos amigos tenho que não votam nas listas que integro, muitos amigos tenho que fazem campanha e/ou estão em listas em que não voto.”
Ainda mais “a quente”, hoje, porque me corrijo. Reiterando o que escrevi ao começar:
“Prezo muito a amizade. Por isso, de poucos direi sou amigo”.
E custa muito perdê-los, ou correr esse risco. Sobretudo quando, dos homens ou mulheres, se mantém a admiração pelo que são, e reconfortante ser (ou ter sido) dizer é meu amigo.
Pinça mentes
A Paz é necessária. Ponto final. Como necessidade em si. Porque, sem ela, a Humanidade corre perigo. De sobrevivência.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Pinça mentes
Disse!
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Borsalinadas
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Borsalinadas
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
4 em 1
sábado, 24 de outubro de 2009
Direitos humanos e associativismo - o que faz e o que não faz sentido
Ao princípio, eram só quatro que se sentavam à mesa, e o grupo só existia para ocuparem umas horas das tardes reformadas.
Depois, as coisas começaram a complicar-se. Aparecerem mais reformados (isto da idade não perdoa...) e começou a ter de se organizar e regulamentar o acesso à mesa e às pedras do dominó. Para isso, formou-se o Clube dos Jogadores de Dominó do Jardim Cinema.
Pediram a um neto de um deles que fizesse uns estatutos, constituíram-se em assembleia constituinte que, por eles constituída, e sob o alto patrocínio técnico-jurídico do neto do avô, cumprindo todas as formalidades legais e administrativas e deram vida à personalidade jurídica com nome registado tal como antes decidido.
Isto já se passou há um bom par de décadas. Organizaram torneios, que fizeram história e antecedentes, criaram escolas de aprendizagem de dominó, foram alargando actividades sempre em torno do dominó e foram passando o testemunho de geração em geração.
Dos sócios fundadores já nenhum sobrevive. Alguns mexeram as pedras até à última “dobla” e curva da vida, outros foram praticar diferentes lazeres que mais os aliciaram, outros ainda retiraram-se da actividade pura e simplesmente.
Ainda há uns vagos netos entre os muitos que se dedicam à modalidade, também por homenagem respeitosa aos avôs, mas o certo é que a colectividade resistiu bem a alguns períodos de crise, que tocam a todos…, e está vivinha na prática e em prol do dominó.
É certo que, de vez em quando, aparecem uns recalcitrantes a fazer propostas, às vezes nem as levando às assembleia gerais mas procurando pressionar de fora para dentro, para que o Clube dos Jogadores de Dominó abandone o dominó e se dedique, por exemplo, às damas ou ao xadrez ou ao golfe, ao que lhes vem à cabeça, ou na cabeça lhes é metido por quem quer aproveitar o interessante património material e cultural do Clube.
Não têm conseguido, porque a maioria dos sócios não quer abandonar o dominó, e ao dominó está mesmo dedicada de alma e coração. Gostam, sobretudo, do ruído das pedras batidas nas mesas.
Mas os outros não desistem. Agora, há um, que até já recebeu prémios mundiais na sua arte, sempre se afirmando fiel ao dominó, que tem insistido em contrariar a direcção do Clube. Não há nada que esta faça com que esteja de acordo; apoia direcções e membros de clubes concorrentes; está sempre a dizer que o dominó é coisa ultrapassada, logo acrescentando que continua a ser adepto do jogo embora não o pratique.
E, muito recentemente, veio com uma ideia nova, novíssima, genial como ele, o direito à dissidência. Isto é, poder continuar-se sócio do Clube dos Jogadores de Dominó estando contra quem joga dominó, e defendendo o jogo da bisca, da sueca ou da canasta como substitutos do dominó.
A resposta a dar-lhe é que ele tem todo o direito à decisão… de deixar de fazer parte do Clube.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
Conversas na manhã
- Deus o salve…
- Frescote, hem?
- Pois ‘tá. E inda agora no rádio diziam que lá p’ró Algarve as praias estão cheias…
- É... Têm estado. E aqui o sol vai levantar.
- E atão… tão cedo cá por fora?
- Vim tratar de umas coisas da rega… vai até à missa?
- Vou ver se Deus (disse assim, com D) me ouve... s'Ele existe. (disse assim, com E)
- Ó vizinha!... se ele existe?
- Se a vizinha acredita que existe, ele existe para si.
- Lá está o vizinho c’as suas coisas. Olhe qu’Ele existe...
- Boa missa! E fale-lhe alto. (se fosse ela a escrever, ou se ela escrevesse, teria escrito Lhe)
- E olhe que vou rezar por si.
- ‘Brigadinho!
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Assim é!
E as coisas simples. as simples coisas...
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Lucidamente desesperado. Às vezes...
A não ser para mim. Claro.
sábado, 26 de setembro de 2009
Crónica de uma tristeza

Hoje, foi a amendoeira. Também sempre ali a vi. Resistindo a todas as mudanças de “cenário”, mais muro, menos muro, mais garagem menos adega. Ali estava. Centenária. Embora, às vezes, mostrasse algum cansaço. De qualquer modo, todos os anos nos oferecia flores e umas amêndoas. A que pouco ligávamos. Fazia parte da paisagem...
Pois outro dia, trabalhava eu aqui, ao computador, ouvi um barulho de choque. Fui ver. Fora um camião enorme que, ao encostar muito à direita, batera num dos troncos altos e fortes da amendoeira, e provocara tal abalo que rebentou a base do muro e fez levantar o chão onde se enterravam as raízes.
Chamado um amigo-vizinho ou um vizinho-amigo, o diagnóstico foi rápido e brutal: condenada!
Foi hoje abatida.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Alternância é democracia?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Remédio eficaz
O José chega ao pé do António esbaforido, ainda “a ferver”.
«É pá!, porra… sacana do Manel, um dia chateio-me a valer com o gajo…»
«… coisas do futebol, não?»
«Pois. Veio emerdar-me (os três foram emigrantes e estão na “retraite”). Que o Liedson já deu o que tinha a dar, que o Benfica vai dar-nos um bailarico…»
«E é caso para te chateares? O Manel gosta de te picar…»
«Picar, picar… O gajo é mas é um provocador…»
«… e tu cais nas provocações. Deve dar-lhe cá um gozo…»
«Uma merda! Dar-lhe gozo? Vá gozar com tia dele…
«Vocês até são amigos. Tu devias acalmar-te, não reagir assim, relaxar…»
«… posso lá… há coisas que não suporto. E pára de me dar conselhos, gaita…»
«Como teu amigo, até te vou dar um. Toma aquele medicamento que um médico me receitou e que me tem feito um bem bestial ao sistema nervoso.»
«… não me chateies… mas dá-me lá o nome dessa coisa…»
Duas semanas depois, encontram-se o José e o Manuel. O Manuel “entra a matar”:
«Viva, Zé, não te via há que tempos... ‘tás porreiro? Deves estar, o Liedson parece que ressuscitou, 'tá a safar aquela desgraça de equipa. Foi alguma “vitamina” que vocês lhe deram? Mas não vai durar muito. O gajo é mesmo levezinho… e aquele Paulo Bento é cá um cromo. Então não dizes nada?»
«Não. Se calhar até tens alguma razão…»
«Agora no Porto vão levar com um aperitivo para depois, com o Benfica, levarem cá uma coça. Vai ser cabazada.»
«Talvez não…»
«’Pera aí. Tu estás diferente, pá. Não vês que te estou a provocar…»
«Vejo. Mas deixei de responder a provocações… Vamos beber um copo com o António?»
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Amores-perfeitos
Ah!, pois tive...
Mas,
afinal...,
não eram.
Porque não há amores-perfeitos.
Há é amores desfeitos.
Ah! isso há!
Depois dos amores-perfeitos,
parece que encontrei
(ou seja, que encontrámos)
um amor (per)feito… um para o outro.
Sim, senhores, encontrámo-nos!
E encontrámo-nos há três décadas,
(no J(á)amor, na Festa, veja-se lá…)
... e venham lá dizer-nos que não somos (per)feitos…
… um para o outro!)
Até porque nos temos vindo a aperfeiçoar,
a(per)feiçoando-nos ano a ano, dia a dia.
Não que todos os 365 dias destes tantos anos
(mais um para os já vários bissextos…),
ou todas as 24 horas destes incontáveis dias
tenham sido perfeitos (os dias e os anos)
ou perfeitas (as horas).
Não!
Nem pensar…
Mas temos vindo a melhorar
as imperfeições dos anos,
as imperfeições dos dias,
as imperfeições das horas.
Somos os amores-perfeitos
… como é (im)possível sê-lo…
Tu, o meu;
eu (espero e venho-o confirmando…) o teu.
Cheios de imperfeições,
mas está tudo bem
no que respeita a estas possíveis perfeições
que são,
como já está dito e redito...,
impossíveis!
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Declaração de amor
Até que - ah!, disto lembrei-me agora mesmo… - descobri a fórmula, o “eureka”. Foi em Os Lusiadas, de Luiz de Camões, nestes, edição de 1916 da Parceria António Maria Pereira.

Expliquei-lhe eu que cada vez que abria o livro, em que famigeradamente tínhamos de dividir orações - mas antes isso que desconhecê-lo... -, e defrontava na capa o pobre do zarolho com uma coroa de louros na cabeça, se dava um estranho fenómeno. Aquela gravura mudava, transfigurava-se, e era a cara dela, daquela bela que era ela (mas como é que a miúda se chamava?...) que eu via, ficando ali, pasmado (como acontece com os computadores, agora), a olhá-la, embevecido.
E, já meio atrapalhado, metendo os pés pelas mãos, e o Luís (com z) pelos Lusíadas (sem acento no i), concluía que aquele fenómeno só podia ser o resultado de um grande, de um enorme, de um eterno amor.
Confesso que não me lembro da resposta… e, rai’s parta esta memória!, como é que a miúda se chamava?
Acontece que, outro dia, em Nova Iorque, em Times Square, fiz figura semelhante.
sábado, 12 de setembro de 2009
Para registo pessoal, aqui

quarta-feira, 9 de setembro de 2009
As palavras em volta
Agarro um Eugénio de Andrade, rente ao dizer, que está pousado, ali, na banca de trabalho d’ela, e desfruto da delicadeza das palavras, palavra atrás de palavra. Logo aqui, o Aquilino, a cavalgar no seu cavalo de pau, e, mesmo de fugida, apanho a luminosa chapada da língua que é a nossa, laborada em discorrer elegante e vernáculo, como água límpida, por vezes de cores estranhas, a rolar sobre calhaus. Ao lado, o Zé Gomes – tanto Zé Gomes, e sempre tão pouco Zé Gomes – e, na memória das palavras, a pergunta o que torna as coisas belas?, com o aristocrata que em cada um de nós mora a deitar a cabecinha de fora. Vizinhos, os da poesia. Neruda, Guillén, Manuel da Fonseca (ah! Manel, Manel), o professor António Gedeão gémeo do poeta Rómulo de Carvalho. E o Brecht, que salta do teatro, para o romance, deste para as poesia e as pequeninas histórias de um senhor K. E o Zé Saramago, com a saudade amarga da sua presença amiga e das suas dedicatórias fraternas, camaradas.
Recupero! De estar zangado? Não! Era o que faltava…
Encho-me da delicadeza dos poemas, da elegância e vernáculo das prosas, do amor e respeito pelos outros que encontro em tantos e tantos, como podia ter procurado na música ou só no passeio a dois pisando o mesmo chão. De mãos dadas. Encho-me do que procuro, e por isso encontro, em (quase) todos. Talvez mais do que em todos nos analfabetos, nos humilhados e ofendidos. Mas solidários. Mas solidários.
Não esqueço. E não me quero habituar. Não quero ser vencido pelo costume. Não quero encolher os ombros e deixar andar. Não! Como li, agorinha mesmo, no Aquilino, quero-me, até ao fim, “inveterado endireita do mundo torto”. É que ele está mesmo torto, e injusto, e cruel, e sempre contra os mesmos tantos para proveito dos mesmos poucos! Ou não?...
domingo, 30 de agosto de 2009
Preferia que fosse nas autárquicas em Ourém
30 de Agosto de 2009 21:06h
Sérgio Ribeiro vitorioso
Artigo
Por Sapo Desporto c/ Lusa
O português Sérgio Ribeiro (Barbot-Siper) confirmou hoje a vitória na Volta a São Paulo em bicicleta, no Brasil, na curta nona e última etapa de consagração, ganha pelo uruguaio Hector Figueras.
sábado, 29 de agosto de 2009
Cá por coisas da vizinhança... uma sonatina

sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Umas coisas que acontecem e outras que "me" são feitas.
... e a minha vida segue como se nada me tivesse acontecido...
Nunca mais me fazem "isto"!
... e "isto" continua a ser-me feito...
domingo, 23 de agosto de 2009
Não esqueço nada!
Cresci e, como é de uso dizer-se, formei-me num tempo sem televisão, sem computadores, sem telemóveis, sem GPSs.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
On n'oublie rien
...c'est tout!
.
On n'oublie rien de rien
On n'oublie rien du tout
On n'oublie rien de rien
On s'habitue c'est tout
Ni ces départs ni ces navires
Ni ces voyages qui nous chavirent
De paysages en paysages
Et de visages en visages
Ni tous ces ports ni tous ces bars
Ni tous ces attrape-cafard
Où l'on attend le matin gris
Au cinéma de son whisky
Ni tout cela ni rien au monde
Ne sait pas nous faire oublier
Ne peut pas nous faire oublier
Qu'aussi vrai que la terre est ronde
On n'oublie rien de rien
On n'oublie rien du tout
On n'oublie rien de rien
On s'habitue c'est tout
Ni ces jamais ni ces toujours
Ni ces je t'aime ni ces amours
Que l'on poursuit à travers cÂœurs
De gris en gris de pleurs en pleurs
Ni ces bras blancs d'une seule nuit
Collier de femme pour notre ennui
Que l'on dénoue au petit jour
Par des promesses de retour
Ni tout cela ni rien au monde
Ne sait pas nous faire oublier
Ne peut pas nous faire oublier
Qu'aussi vrai que la terre est ronde
On n'oublie rien de rien
On n'oublie rien du tout
On n'oublie rien de rien
On s'habitue c'est tout
Ni même ce temps où j'aurais fait
Mille chansons de mes regrets
Ni même ce temps où mes souvenirs
Prendront mes rides pour un sourire
Ni ce grand lit où mes remords
Ont rendez-vous avec la mort
Ni ce grand lit que je souhaite
A certains jours comme une fête
Ni tout cela ni rien au monde
Ne sait pas nous faire oublier
Ne peut pas nous faire oublier
Qu'aussi vrai que la terre est ronde
On n'oublie rien de rien
On n'oublie rien du tout
On n'oublie rien de rien
On s'habitue c'est tout
.
(como eu gostava de ser capaz de escrever coisas destas -já nem digo cantar... Hei-de traduzir isto!)
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Terei lido bem, ou terá sido mal transcrito?
Palavra que estou baralhado. E tudo aqui, ao pé de casa...
Isto só em ficção... da corda! Até porque, como cantava o Brel, tous les enfants sont fils de quelq'un!
domingo, 16 de agosto de 2009
Num imenso Zambujal...
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Incon'ciência?!
Talvez
Talvez este silêncio de vozes,
...... talvez esta quietude de casa adormecida
...... mas povoada de gente,
...... com os seus ruídos que só agora se ouvem,
...... dos respirares das pessoas e das coisas,
...... dos estalidos da madeira,
...... dos raros carros que passam, noctívagos.
Talvez!
.
Talvez esta penumbra
Talvez esta luz de luzes apagadas menos a deste candeeiro
...... talvez só o luar que espreita lá de fora
...... pelas portadas que o calor não deixa fechar,
...... estas sombras em volta,
...... estas só silhuetas, contornos, manchas,
...... talvez a cor da noite.
Talvez!
.
Talvez este estar assim
Talvez este estar comigo, sozinho mas acompanhado
...... talvez este cansaço e sono
...... que não se rende ao sonho,
...... este contar de horas poucas e lentas
...... crescendo num dia novo,
...... este apagar-me na necessidade de dormir
...... talvez este querer continuar acordado,
...... vivo.
Talvez!
.
Talvez o silêncio,
...... a penumbra
...... estar assim,
...... sozinho mas não só,
...... este estar comigo.
Talvez!
.
Talvez seja isto…
talvez seja esta a hora das horas.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Valham-nos os netos... de outros.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Será?
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Rai's part'ó bento!
domingo, 2 de agosto de 2009
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Será menino ou menina?
Acordei cansado... Acontece!
Sinto-me cansado DE
Sinto-me cansado de algumas coisas
... coisas de merda!
Não estou cansado de lutar
Estou cansado de lutar EM
Estou cansado de lutar em certas lutas
... lutas filhas-da-puta!
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Desabafo triste
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Nâo há mais nada para dizer...
.
Começar de novo, sempre!
.
terça-feira, 21 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 16

Ela ali está. E eu vou partir para outras. Não sem antes contar o que me fez sorrir, e que foi ver um puto, não sei de que nacionalidade mas bem impregnado do novaiorquismo à tio Patinhas, no afã de mergulhar o bracito na água e de retirar moedas do lago e, às mãos cheias, as ir levar à família, ali discretamente a um canto e, também sorridente como eu, muito compreensiva... e metendo as moedinhas nos bolsos!
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Com tristeza
Pergunto-me como é possível acontecerem coisas como a que a Folha Informativa nº 13 nos conta. (ver aqui).
quarta-feira, 15 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 15
segunda-feira, 13 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 14

sexta-feira, 10 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 13

quarta-feira, 8 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 12

terça-feira, 7 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 11

segunda-feira, 6 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 10

novaiorquinas (do cordel) - 9

domingo, 5 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 8
sábado, 4 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 7

sexta-feira, 3 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 6

É certo que havia informações confusas no "guia" que nos aconselha, na "net" que nos guia, mas... "quantas vezes já aqui passámos!?", "é verdade, duas ou três...".
Quem não estava era a Audrey e o seu pequeno almoço! Mas ela, além do gozo da miragem gulosa da montra (e de um salto ao interior da loja), teve uma satisfação extra: foi mesmo ali, à porta da Tiffany & Co., que um dos pedintes que por aqui há, com animais que lhes servem de apoio para a mendicância, passou. Com uns "gatinhos amorosos", irresistíveis (veja-se o miúdo!):
E a troco destas festinhas debaixo do queixo do gatinho (na verdade, "amoroso"), lá foram uns trocos para o dono-patrão.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
novaiorquinas (do cordel) - 5
quarta-feira, 1 de julho de 2009
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terça-feira, 30 de junho de 2009
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segunda-feira, 29 de junho de 2009
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domingo, 14 de junho de 2009
Histórias de exemplo
“Também tenho dessas para contar…”
O meu camarada vive ainda mais para o norte e para o interior. Mas a estória que me contou também podia vir do sul ou do litoral.
Começou por me dizer que, tal como eu, tem um enorme respeito pelos vizinhos e um excelente relacionamento com toda a gente. Apesar de algumas excepções, claro… e apesar “dessa coisa das políticas”!
E contou-me que, aqui há uns anos, numas autárquicas, deu para falar um pouco com um vizinho mais próximo sobre as eleições, e que as conversas tinham sido interessantes e úteis.
“O vizinho tem razão”, dissera-lhe o outro, “estes fulanos só se têm servido e aos empreiteiros, e não fazem nada cá pela terra… vou votar em si e lá no seu partido”. E tê-lo-á feito, contribuindo para o grão a grão que vai compondo o nosso magro papo por essas paragens.
Como homem de muita labuta e poucas letras, aquele gesto foi importante para o vizinho do meu camarada. Ter-lhe-ia quebrado um preconceito, melhor, um pré-juizo. Depois de ter passado anos a votar nas setinhas – nunca, até então, na foice e martelo… t’arrenego! – aquele voto foi como que libertador. O meu camarada confirmou que todos tinham ficado contentes e que as conversas entre eles tinham passado a encaminhar-se mais para aqueles temas de que antes fugiam, ou que não os agarravam.
E vieram as “europeias”. O meu camarada contou que, à calma do fim dos dias, comentaram episódios, confrontaram campanhas, indignaram-se com o evidente tratamento discriminatório da campanha da CDU e com a manipulação para se encaminhar o descontentamento generalizado ou para um partido “nas palminhas” e “ao colo da comunicação social”, ou para a abstenção, ou para outra qualquer atitude de protesto que nunca para a CDU. O vizinho do meu camarada estava mesmo a descobrir coisas…
E assim se chegou ao voto e ao convívio na tarde ensolarada daquele domingo.
“E calcula lá tu o que ele me veio contar, todo satisfeito!... Que quando recebera o boletim de voto ficara um bocado atrapalhado, nervoso mesmo. Ainda são coisas que enervam um bocadinho, disse ele, justificando-se com a pouca prática de mexer em papéis e esferográficas. Vira logo na segunda linha o malmequer ou o girassol ou lá o que era, mais a foice e o martelo, prantara-lhe a cruz, e quando se preparava para sair da cabine de voto ainda viu, mais abaixo na folha, outra foice e martelo, disse-me que hesitou um bocado mas que, para não haver falhas, resolvera também pôr lá uma cruz. Antes a mais que a menos, concluíra ele… e pediu-me para eu lhe explicar aquela coisa… Eu expliquei-lhe mas já era tarde… para estas eleições!”
Ainda conseguimos rir. Embora amarelamente!