faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do Mundo"
(numa barraquinha de artesanato na Feira hippy de Ipanema)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Em todo o lado, mas sobretudo nos tarrafais

Ontem

Despertar aqui
é como morrer
sem ter vivido


............... 15.5.70


.............................................Hoje

.............................................Despertar aqui
.............................................é como ressuscitar
.............................................sem ter morrido

................................................................16.5.70

Da arte de viver

Na efemeridade, ou na efémera idade, ou na efémera condição de sermos matéria organizada como tu e eu, valem-nos as efemérides. Entre outras coisas desta arte (destarte) de estarmos vivos.

A língua!, instrumento vivo sempre a crescer...

Trécolarécar, verbo transitivo em circuito fechado a dois ou, melhor, a duas... escrevamos a 2 para não ferir susceptibilidades femininas, conversa a 2 ao telefone em que se saltita do preço de terrenos no mercado e regulamentos municipais para pormenorizados tratamentos dentários e respectivos orçamentos, depois de passar por impressões de viagens e de crítica literária, fora tudo o que me passou ao lado das desatentas orelhas direita e esquerda.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

De visita à literatura de cordel no Brasil

Na Feira de S. Cristóvão, de tradições e música nordestina, em homenagem a Luiz Gonzaga, o Gonzagão.

Na Academia da Literatura de Cordel

sábado, 26 de dezembro de 2009

Nataliando

Os aniversários só há que aniversariá-los; os natais só haveria que nataliá-los…
Por mais que tentemos fugir-lhes, todos os anos aí estão.
Este, aí esteve! Muito especialmente. Porque em família.
.
Os natais! Ao mesmo tempo enternecedores e irritantes.
Enternecedores porque trazem ao de cima o melhor de nós: o gosto de oferecer, o prazer de receber, a solidariedade, a total desinibição na afirmação de que gostamos uns dos outros.
Irritantes pela razão da comemoração, por algum exibicionismo, pelo que se escondem provisoriamente.
.
Neste, tudo isto poderia ser ilustrado. Sob o olhar-testemunho, frio e mudo, de Bento XV.
Mas guardo, para guardada ser, uma funda recordação deste natal. A imagem de uma família que nos acolheu e adoptou. "Gente boa", muito boa, Com um encantador casal de nonagenários, verdadeiramente sublimando ternura, os dois o centro de tudo, o nó afluente e irradiante. Bonito, muito bonito.
E angustiante. De várias maneiras, sendo a minha a de quem está tão mais perto deles, do casal de tão simpáticos velhinhos, e tão certo de saber que comigo não será assim se vier a durar quanto eles.
.
Natal? Nunca mais! Até para o ano…

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Coisas simples

Coisas simples (talvez irrisórias...)

• Pass(e)ar cruzando gente,
muita gente,
gentão,
sem um atropelo,
sem um empurrão.

• São setenta e quatro.
Tantos anos!,
tanto lastro
de ser humano.

• Uma vida!
Bem vivida.
Por vezes sofrida,
outras vezes divertida.
Tantas vezes sofrida,
muitas vezes encontrada.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Será que...

Será que este gajo não me deixa em paz?...
Um almoço num ambiente excepcional. Na Lapa. No Cosmopolita, que de restaurante cosmopolita nada tem, mas sim de tradicional, de amigo, de familiar. Em família.
Levanto-me para ir arranjar espaço para mais uns "chopes". Passo pelos recortes nas paredes. a dizer que... é o melhor restaurante do Rio, ou será o melhor do mundo? E, logo abaixo três ou qautro nomes de referência. Entre eles o de Mário Soares. Tinha de ser. Onde quer que vá,seja em que recanto do mundo... já ele já esteve e tem o nome (ou até a fotografia) nas paredes.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sabias disto, ó burguês?

Há gente que fecha a torneira
no mio de duas escanhoadelas,
que não toma banho na banheira
e não gasta água entre ensaboadelas.
Por causa do ambiente? Para seguir os bons conselhos?
Não! Por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?


Há famílias que não têm apetites,
que compram pão e papas, e não bolos,
que cortaram cerce nos acepipes,
magros, magros, elas e eles como tolos.
Por causa da moda? Ou, antes, elegantes?
Não! Por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?


Há seres humanos que humanos são
e vivem como se humanos não fossem,
eles que, tendo tudo ao alcance da mão,
nada têm do que teriam… se quisessem.
Por causa de alguma crença? Por falta de força?
Não! Por causa do fim de mês!
Sabias disto, ó burguês?


Há condutores de fim-de-semana
que vão deixar de o ser, de passear,
com a família fica de quarentena,
sem “gasosa”, nenhum carro pode andar.
Por causa do “peak oil”? Porque caminhar dá saúde (e faz crescer)?
Não! Por causa do fim de mês!
Sabias disto, ó burguês?


Há mães e pais com os "rebentos" a estudar
e tudo a crescer… e os "mais que tudo", as crianças…
sem professores para ensinar, com novos manuais a comprar,
eles, os pobres pais, vivem o começo das aulas em ânsias.
Por causa da ministra? Porque os miúdos saem caros?
Não! Por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?


A saúde é de todos e de todas um direito,
diz a República Portuguesa na sua constituição
e as gentes, doentes ou ainda não, queixam-se sem jeito,
nem a mente está sã nem o corpo está são.
Por causa da moderação? Por culpa dos médicos e enfermeiros?
Não! Por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?


A democracia está aí desde um certo Abril
além de muito mais, todos com direito a votar
com muitas portas abertas para caminhos mil
e ninguém está contente, todo o mundo a protestar.
Por causa da ingovernança? Por culpa da inoperância?
Sim! E por causa do fim do mês!
Sabias disto, ó burguês?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Cumbersas

- Atão?
- Cá vou... meio-constipado.
- Ah! Sim?
- Entre o meio constipardo e o meio-constiparvo.
- Vê se te curas...
- Não há meio.