faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

domingo, 28 de junho de 2015

Nobsession


Naturalmente (se não for acidentalmente…) os anos que ainda conto viver contam-se pelos dedos. Talvez os de uma só mão e os dedos dos pés não contam para estas contas.
Merda, dizia o poeta lúcido. Porra, digo eu que não sou poeta mas me quero lúcido.

E ainda tanto para aprender e... PARA  FAZER!

sábado, 27 de junho de 2015

O desespero lúcido

Tempo de aeroporto
         (lendo sobre Herberto Helder no Expresso)
            Casablanca 24.05.2015 em escala para Bissau

O desespero lúcido
O contraditório desespero lúcido
                                         dos poetas
Dos poetas que não entenderam nada
                                               da vida
                                               da História
                                               da Terra
                dos outros
                                               de si
                          (… enquanto seres humanos)
                                               seres vivos
                                               no meio das dinâmicas sociais
                                               no seio dos lugares
                sendo outros
                          (os de antes, os de agora, os de depois)
                                               E eles-próprios


Nós - os eternos desconhecidos

Que sei eu de ti?
Que sabes tu de mim?
Que sabes tu de ti?
Que sei eu de mim?

Que sabemos nós de nós?
Nós
- eu que sou tu,
tu que és eu -
... os eternos desconhecidos!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Sesta - 2 (do Pessoa... como/com o Álvaro)

Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos,
E o meu destino apareceu-me na alma como um precipício.
A minha vida passada misturou-se com a futura,
E houve no meio um ruído do salão de fumo,
Onde, aos meus ouvidos, acabara a partida de xadrez.

Ah, balouçado
Na sensação das ondas,
Ah, embalado
Na ideia tão confortável de hoje ainda não ser amanhã,
De pelo menos neste momento não ter responsabilidades nenhumas,
De não ter personalidade propriamente, mas sentir-me ali,
Em cima da cadeira como um livro que a sueca ali deixasse.

Ah, afundado
Num torpor da imaginação, sem dúvida um pouco sono,
Irrequieto tão sossegadamente,
Tão análogo de repente à criança que fui outrora
Quando brincava na quinta e não sabia álgebra,
Nem as outras álgebras com x e y's de sentimento.

Ah, todo eu anseio
Por esse momento sem importância nenhuma
Na minha vida,
Ah, todo eu anseio por esse momento, como por outros análogos —
Aqueles momentos em que não tive importância nenhuma,
Aqueles em que compreendi todo o vácuo da existência 
                              sem inteligência para o compreender
E havia luar e mar e a solidão, ó Álvaro.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

A sesta

O sol a passar para o outro lado das telhas, ainda lambendo as pernas e - logo logo - já só os pés estirados no banco de apoio à "cadeira de convés", os verdes a misturarem-se ao ritmo sem som da leve brisa, um fundo azul uniforme, sem núvens, a empena branca da casa vizinha como que num espreitar ausente de janelas.
O corpo que relaxa, as pálpebras que caem e se cerram...

(só a cabeça resiste e diz, para dentro de si: vou escrever isto!)

'tá feito. 

Estou IN

... mas (sempre!) cada vez mais próximo do in-certo dia, da in-adiável  hora, do in-exorável momento em que ficarei OFF. 
A procurar (como todos... menos os suicidas) bater o RECORD tão badalado do senhor Manuel de Oliveira! E lúcido, merda (como dizia o poeta, malcriado como dizia a minha mãezinha). 

quarta-feira, 17 de junho de 2015

AUTO-EPITÁFIO

?!
Foi(-se como) uma pena...
uma vida a tanto querer servir os outros
e uns tantos a tanto se servirem dele

segunda-feira, 1 de junho de 2015

NOVAS da GUINÉ

DESDE QUANDO
me invadiu esta desalegria ?

  • este não estar bem
  • este desamor pela amada
  • este desencontro com ninguém
  • esta desespera do nada?

DESDE QUANDO ?...
ATÉ QUANDO !
  • porque não desisti
AINDA !

26.05.2015