faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

leão que já fui - 3: CTT e serviço público

Era uma vez um rapazito que vinha passar temporadas de férias à aldeia natal do pai. E como eram longos os verões daqueles verdes anos!
Amante do desporto, em acepção boa do vocábulo, o jóvem era sportinguista ferrenho embora não fanático. Como então o futebol também tinha férias, a que se chamava defeso, no verão o interesse pelos acontecimentos desportivos centrava-se no ciclismo. De que era exemplo o que acontecia lá por fora – isto era, por França… –, em que o jornal L’Equipe organizava o Tour para preencher o vazio informativo de um jornal diário desportivo em país sem futebolistas a jogar e sem negócios de transferências (e outros de outras espécies!) para encherem primeiras páginas.
A memória de quem foi esse rapazito traz-lhe a lembrança da ansiedade com que acompanhava as etapas diárias da Volta a Portugal, as vitórias ao sprint do João Lourenço, as escaladas da Serra da Estrela, o Alves Barbosa e o Ribeiro da Silva, herdeiros dos históricos Nicolau (do Benfica) e Alfredo Trindade (do Sporting).
Mas com que dificuldades! Rádio não havia, televisão nem se sonhava, jornais só na sede do concelho e com dias ou até semanas de atraso, sem transporte público (nem privado) para tornar perto a légua de distância. O melhor – ou o menos pior, visto a esta distância de tempo – eram os correios, um serviço público.
E o rapazito, determinado e com a necessária resignação, lá fazia a pé o percurso do Zambujal a Pinhel, à venda do ti’ Francisco da Reca, que tinha posto de correio, levar e trazer a correspondência (como postais dos pais, quando o deixavam ao cuidado da família de outro ti’ Francisco, este de Santo Amaro, em S. Sebastião, ou da família do ti’Zé Alfaiate, ainda mais vizinha)… e do jornal de que fizera assinatura, o jornal do Sporting. Também, quando calhava – e sempre fazia por isso –, para se encontrar e cavaquear com os filhos da casa de Pinhel, o Zé, o Quim, o Amilcar, e os vizinhos Moreira ou Flores (os “Bichos”), em S. Sebastião, o Manel, o Chiquito, as irmãs Maria e Luiza. Se bem se lembra, todos sportinguistas. Vá lá saber-se porquê, talvez por culpa dos 5 violinos…
Entretanto, passaram anos (passam sempre, embora a velocidades sempre mais rápidos…), na vila rasgou-se uma avenida onde veio avultar o edifício dos Correios, que ainda se mantém como referencial. Tudo começou a ficar muito mais perto, com a ajuda, primeiro da bicicleta, depois, do automóvel que já parece ter sempre feito parte da vida de todos nós.
Muito foi acontecendo nos anos que nunca cessam de se suceder. O miúdo cresceu, e tem veleidades que não só por fora. E aprendeu, aprendendo sempre. Andou, correu, caiu e levantou-se na procura de caminhos de, ou para o, futuro. Crendo estar a percorrê-los. Com os outros. Com todos, que de todos os caminhos são.   
Abriu uma estação de correios na Atouguia, sede da freguesia. Toda impante. E sempre que lá tinha de ir – de carro, claro –, para fazer envios ou levantar avisos deixados pelo carteiro porta-a-porta, o rapazito a em velho ser lembrava as caminhadas até Pinhel e rejuvenescia com a satisfação cidadã de estar a dar passos num caminho para o futuro que ajudara, infinitesimamente, a construir. Estava a usar um serviço público cada vez mais ao serviço do público, do povo!
Por isso o chocou (e protestou, com a sua pequena força a querer juntar-se à de muitos para serem e terem força) a privatização dos CTT, e a sequente degradação do que sempre conhecera como serviço público, primeiro incipiente e depois progressivamente melhorando. E, veja-se lá, sendo empresa pública com uma gestão económica de folgados resultados positivos a contribuírem para outros serviços públicos, como os da saúde e da educação.
Triste ficou, tristeza que confirmou quando até o remendo do serviço, que passara a ser (em)prestado numa lojita da Atouguia, encerrou! Tem de ir a Ourém, ao vetusto edifício da Avenida que ainda resiste, em risco de ser pretexto para um negócio qualquer, desde que lucrativo e que encha os atafulhados bolsos dos accionistas ditos investidores privados.
Sente-se, quem já velho é, a dar passos atrás. Mantendo firme a certeza de que o caminho é de luta e em frente.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Lembrete

- ... logo à noite, lembra-te, por favor, de me lembrar de lembrar ao senhor José que não se esqueça dos chorões, 'tá bem?
- Tá bem, vou tomar nota para não me esquecer de te lembrar.

A escrituracao digitalizada

Hoje, agora mesmo, deixei-me actualizar pelo “sapo” e apanho com esta, tirada do Público:
 “Um ano depois: Soares e a caca…” 
não consegui ler mais, e ainda não parei de rir!
A falta (fará?) que faz uma , debaixo de um c...