faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Histórias ante(s)passadas - 44

História de rádio
… com um tio em ondas curtas
e um pai bem sintonizado

Cresci sem que em minha casa houvesse uma telefonia. Vejam lá…
E tinha pena, embora uma pena resignada. Silenciosa,
Ia a casa dos meus tios vizinhos ouvir os relatos (em ondas curtas) dos jogos de hóquei e patins em Montreux, com um grande “orgulho pátrio” insuflado pelos Emídios Pintos (ou Ciprianos) , Antónios Raios, os Edgares, os manos Serpa e os primos Correia (e outros que a memória, injustamente, atirou para segundo plano).

Mas tinha pena de não ter em casa um aparelho em que, à António Silva, abrisse a torneira  e saísse música e o Zéquinha e a Lélé e o anúncio ao Formitrol.
Até que um dia, o miúdo que eu era soube que o meu tio (por afinidade, diga-se… porque a mulher dele é que era minha tia) iria receber um rádio. Não sei ao certo porque bulas, mas julgo que em pagamento de umas injecções de penicilina que ele dava. É que, aos tempos de  então, iso de dar injecções era muito bem pago pois tinha de ser de poucas em poucas horas e durante a noite… pelo que, não havendo Serviço Nacional de Saúde, haveria quem, em troca de um tratamento prolongado, só podia pagar a cura (se cura houvesse…) com  aparelhos de rádio e coisas assim.

Sabedor do meu gosto e desgosto, o senhor meu tio anunciou-me a nova e perguntou-me se o meu pai não estaria interessado em lhe comprar o dito aparelho de válvulas e sons roufenhos.
Fui o intermediário. Interessado. E não me foi muito difícil convencer o meu pai… desde que o preço fosse em conta.
Pelo que, qual mensageiro de boa nova para o próprio mensageiro, corri a casa dos meus tios na disposição de “fechar o negócio”, até na expectativa de muito boa vontade do vendedor…
Qual não foi a minha desilusão quando o dito meu tio me disse, com alguma indiferença – para mim mais do que isso –, que se desinteressara do negócio porque a telefonia afinal até era muito boa, e até queria ficar com ela para ter música e notícias também no quarto (ou na sala de jantar?, já não o ouvi muito bem,,,).

Quando, no regresso a casa, com muita tristeza alimentada por várias e nem todas bem conhecidas razões, trouxe o resultado das “negociações” ao meu pai, (ou)viu-o meio zangado e  a resmungar “pois… se a telefonia não fosse boa já servia para nós, e vendia-ma… rico tio que tu tens!... sabendo do teu gosto…”

Foi uma lição para mim.
Fiquei com algumas irreparáveis reservas para com aquele tio… em ondas curtas.
“On n’oublie rien”.
Em compensação – e se o foi! –, na semana seguinte o meu pai entrou lá em casa com uma telefonia. E das novas e boas, decerto com algum sacrifício... mas com uma boa sintonização.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

No dia em que Catarina Furtado nasceu - crónica

Ontem, antes de "ir para a cama" ainda deixei, no meu intermitente diário que são os dias de agora,  uma pequena crónica nocturna (a propósito, tenho de ir ouvir o Silvio Rodriguez):

No dia em que Catarina Furtado nasceu


O dia em que Catarina Furtado nasceu foi nos tempos outros em que andava num virote e tinha muito protagonismo. Pelo menos aparente (e quando é que o protagonismo não é aparência?).
Entre muitas outras andanças, colaborava com a equipa que viera do Zip-Zip televisão para o Tempo Zip rádio.
E que equipa! Da televisão vieram todos (menos os baladeiros, a não ser de vez em quando), o Fialho Gouveia, o Carlos Cruz, o Zé Nuno Martins, e o Raul Solnado a “patronar”. Juntou-se-lhes o Joaquim Furtado e o João Paulo Guerra. Se não foi exactamente assim e se a cronologia está errada, qual é o problema? É assim que me lembro...

O que sei é que quiseram formar equipa com os que eles diziam os melhores e, da economia, só podia ser eu... pois claro!
O lançamento do programa foi espectacular. Num voo fretado à TAP sobre Lisboa nocturna, com convívio e ceia, a seguir na Rádio Renascença, ao lado do Governo Civil.
Lá do alto, sobre Lisboa, cada um dos colaboradores tinha de falar sobre o que quisesse, e lembro-me que saudei os que não estariam a ouvir o programa porque na manhã o trabalho começaria cedo, dizendo que a eles iria dedicar os meus tempos-Zip.
De mais duas coisas me lembro. Foi durante o convívio na Rádio Renascença que se soube da notícia que os Beatles se tinham dissolvido; foi aí, nesse convívio, que começou a minha amizade com o Manuel Freire a partir do seu comentário sobre a minha intervenção nas alturas.
Ainda uma coisa de 1970: quando nasceu o Gonçalo, a equipa deu-lhe o nome de bebé Zip-Zip e ofereceu-me (para ele…) um boneco de peluche que era o símbolo Zip.

Fui colaborando na rádio, não me ficando pelo Tempo Zip, e mantendo relações de boa convivência com aquele, ou naquele, meio.
Quando havia qualquer coisa de economia para dizer, ou um programa em que se quisesse falar de economia, lá ia eu. Por exemplo, o Dia positivo e a Economia ao pequeno-almoço.
Há episódios que não esquecerei, como uma vez, com o Zé Nuno Martins, enquanto esperávamos tempo para uma gravação, termos tido de ouvir um comunicado do Ministério da Educação Nacional sobre uma situação de agitação estudantil, termo-nos entretido a perturbar o comunicado com piparotes no microfone e uns tossicares que tinham de passar por deficiências técnicas.

Bom, mas no dia em nasceu a Catarina Furtado, diz o Google que foi em 25 de Agosto de 1972, soube do evento – de que não se podia prever a importância... – num qualquer espaço ou tempo radiofónico, e fui a correr à livraria-discoteca Opinião (de que, aliás, era sócio) comprar um disco da Odetta (vinil de 33 rotações), que, continuando a correr, fui oferecer ao feliz pai.

Quem é que sabe ou se lembra disto? Só eu!

Pois foi assim. No dia em que a Catarina Furtado nasceu. Tenho de lhe contar. Ou já será tarde?

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Glosando (com intenção de melhorar):

O que me desgosta é ter efémera idade o que foi parido para ser eterno, e que tenha aparente eterna idade o que melhor fora não ter nascido.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Alarv idades

Tanto se falar de efemeridades tem a ver com as efémeras idades que vivemos ou com as enfermas idades que sofremos?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"Tro(i)ko" do enCURRALado anterior...

...que deveria ter sido Acurralado:

O que está a faltar a tanta gente é

Moti(m)vação!

Este é um "post" Apatetado e à Aventura...

Num "blog" em que tenho muito gosto em participar (outrostemas-PPP) desafiaram-me a encontrar uma palavra e foto para a sílaba A num sub-tema cartilha. Comecei por ficar Abananado e, depois Apalermado (ou foi ao Avesso?). Ainda pensei recorrer a um blog Amigo (conversasAvinagradas), mas desisti ou, como dizem os novos cultores ("Acertivos") da nossa/sua língua desconsegui, ou melhor, Aconsegui.
Andei às voltas, tentei umas actas, que Agora se escrevem Atas mas, em protesto, desatei pois quis não Ajudar a Aplicação do novo Acordo ortográfico.
Auto Aconselhado, procurei Acertar numa palavra que tivesse o A como sílaba final, mas soube que a minha vizinha companheira Avançara (e muito bem) com baíA e pensei  que dois cá da casa a usarem essa fórmula seria Ademais, Por isso, falhou a que daria uma boa ligação a uma foto: saiA!... talvez rodada ou Arredondada.
Decidi-me por Atingido dadas as circunstâncias visíveis e Abaixo (poderia ser Acima...) fotografadas:


Fiquei Apaziguado... Até porque assim ando desde o Aparecimento na minha vida do Aguardado neto.
Bem... Afinal tenho de terminar, isto é, Acabo! Com Amizade, PPP

sábado, 2 de fevereiro de 2013

"Regresso às bases" (de onde nunca sai)


no final do XIX Congresso (antes da arrumação das mesas e cadeiras)