faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

domingo, 25 de novembro de 2012

Anotações datadas

Passei por aqui!
Alguém se vai lembrar?

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Sou quadro?
Não! Sou é quadrado
... ou redondo
... ou convexo
... ou concavo
... ou tudo junto
... ou uma misturada informe

... ou, isso sim, sou coisa nenhuma,
que é o que virei a ser,
voltando ao que sempre sou
e, antes de, ao que já (não) fui

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tempo sem enganos


Quando era “o mais novo”
pensava que o seria para sempre,
… que nunca mais acabava…

Mas hoje,
hoje que sou
- em quase todos os lugares… -
“o mais velho”,
sei como o tempo me enganava
(e sei
– embora o quisésse esquecer... –
como o tempo me engana).

Ser “o mais velho”
é tempo que não acaba,
que dura sempre, e sempre mais presente,
até acabar tudo… até à Grande Ausência!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O que o Acordai acordou em mim...

Um dia destes chorei (*).
Estava a ver televisão, a viver uma manifestação e, ao ouver um grupo de manifestantes cantar o Acordai, dei comigo chorar. Disse cá para mim: "Tens de pensar nisto!".
E pensei. Como é sempre de um homem se pôr a pensar para que o mundo pule e avance-
Entre muita coisa pensada, pensei na comovente homenagem que aquele cantar representava para com o Fernando Lopes Graça e o José Gomes Ferreira. E ali encontrei uma das razões das lágrimas que se tinham soltado. Como aqueles dois camaradas (o músico e o poeta militantes) mereciam estar a ser cantados, ali!
Então não é que hoje recebi um mail em que, para se dar força ao que pretendia pôr-me a pensar, vinha lá isto:

IMPROVISO EM SOL MENOR

O Graça quando nasceu
Já lhe cantavam nas veias
Os sons da Terra e do Céu
Com claves e colcheias.

E assim foi que a nossa gente
- eu, tu, ele, nós e vós -
ouviu então finalmente
o sabor da própria Voz.

José Gomes Ferreira
(in Vértice nº 444/1981
- para os 75 anos de Lopes-Graça)

Não. Desta vez não chorei! Mas quase...
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  (*)
Não é feio um homem chorar,
Ti´Maria!
O que é feio,
Ti'Maria!
É um homem ter vontade de chorar
e não chorar...
Ti'Maria!
por dizerem que é feio um  homem chorar.