faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

terça-feira, 18 de setembro de 2012

extracto de diário

Mais gente contra o ultrajante


Hoje foi o dia da gente dormente
que passou a gente emergente.

Temos de lutar para que não venha a ser
gente desistente
ou pungente
ou… pingente.

É urgente tornar muita dessa gente
gente de sempre!

15 de Setembro de 2012

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Com um sorriso (amarelo) na escrita

Uma estórinha de humor muito negro
acerca de uma “branca”
(mas com um sorriso na escrita)

O “amigo” aproximou-se da mesa onde estava sentado à espera de quem quisesse um autógrafo no livro que publicara. Abraçámo-nos com a afectividade aquecida por muitas recordações de lutas comuns ao longo de tantos anos, que digo eu?..., de tantas décadas.

Estende-me o livro recém-comprado: “bota aí uma dedicatória…”.

Entro em pânico, que tento disfarçar com truques já experimentados em situações parecidas ”… é para oferecer?... queres em que nome?”. “Não, não… é para mim… põe em meu nome…”.
O pânico aumenta. Uma “branca” enorme. Do tamanho de um nome que desapareceu da memória ou que se esconde em qualquer lugar dentro de mim. Lentamente, pouso a caneta sobre a página em branco, com um grande esforço para que venha ao de cima o que está num recôndito muito fundo a fazer-me fosquinhas.
Nada!

Meto uma conversa pelo meio… “lembras-te daquela vez em que?...”, “oh!, se me lembro… foi cá uma aventura…”.

O intervalo não chegou para fazer saltar o nome. Mas deu o pretexto para a dedicatória evocativa do vivido e lembrado pelos dois “Para o inesquecível companheiro de…”, assim substituindo o esquecido nome.

Mais um abraço, e ele lá foi (ao que me pareceu) satisfeito com a dedicatória, dando o lugar a quem esperava na fila dos raros que queriam um autógrafo deste autor em pânico.

Ainda lhe via as costas a afastarem-se, e veio-me à memória o nome dele. “Porra!”, pensei eu… e ia pensar mais coisas sobre a idade e os sinais que nos manda aquele sacana do alemão que deu o nome a uma doença (como é raio ele se chama?...), mas recompus-me ao lembrar que estas “brancas” já me aconteciam quando comecei a dar autógrafos nos idos anos… de há décadas.