faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Quando. Agora.

Quando.
Quando
nem sei para onde me voltar.
Quando de todo o lado
me chegam sinais
(ou mais que sinais…)
de rejeição
(por vezes, escondidos, sabotando)
de projectos ou propostas minhas 
ou a mim dirigidas;
ou descubro insinuações de que estou 
com o prazo de validade expirado;
ou interpreto implícitas certidões de óbito.
Que fazer?

Quando.
Quando
me sinto ilha deserta.
Quando só vejo mar e pontes abatidas,
E sufoco rodeado de gente por todo o lado,
que me mira com olhar estranho e de estrangeiro.  
Ou se não sei que dizer que seja ouvido 
e nada ouço que valha ouvir.
Ou me pareço aquele da anedota 
do único com o passo certo.
Como reagir?

Estrebucho.
Triste de não poder mais 
e sem procurar Pasárgada.
Mas…
… só posso ter um modo – meu –:
é o de levantar a cabeça.
É o de me mostrar (a mim!) que estou vivo.
Ainda!
E que este filho de sua mãe tentará 
só estar morto e a arrefecer
quando morrer.
Ou seja, que quer manter-se vivo 
enquanto vivo estiver!

Mas o facto facto (e dele me orgulho)
é que nunca a nada me acomodei,
é que quis ajudar a transformar o mundo
    – e continuo a querer !

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Com passaporte ( e visto... de S.José das fronteiras?)

Já perdi a oportunidade
de morrer e de ter um lindo enterro
- membro do CC, "autor" do Som da Tinta,
presidente da direcção do JO (na 1ª divisão!).
membro (viril) da Assembleia Municipal
... e mais coisas que tais.

Foi em 2006
e o cancro do colon não me levou
porque o Martinho não deixou.

Perdi a oportunidade...
e o que não tem remédio,
remediado está.
Perdi a oportunidade!

Em contrapartida,
continuo vivo.
e ganhei mais companheira,
e ganhei queridos netos,
fiz livros...
ganhei tempo...

... e um passaporte
com visto para a eterna idade,

10.02,2015

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Uma coisa da "arca do velho"


UMA ESCALA PARA OS HORRORES

No nosso tempo

A indizível, a invisível, a surda
     A exploração do homem pelo homem
     A repressão violenta

A (re)conhecida, a gritada
     Os curros do Aljube
     As salas de interrogatório e tortura
     Caxias e Peniche e outras
     Tarrafal
     Auschwitz 
     e tantos outros lugares

Nos tempos dos tempos

Consequências da necessidade metafísica
     A Santa Inquisição por amor de Deus
     A barbárie ordenada por Allah
     Os horrores em nome de outros-todos-os-deuses

domingo, 8 de fevereiro de 2015

QUE TEMPO ESTE....

Que tempo estranho este em que estamos!

Estamos estranhos uns-para-os-outros,
sendo nós-os-outros