faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Na quadra(da)

De fato-casaco e gravata
fui daqui jantar a Lisboa,
à Varina da Madragoa,
só p'ra festejar esta data.

Como no ano de setenta e oito,
para começar de novo a viver
nas vésperas de um ano nascer,
e qu’ este seja novo, ovo e afoito

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

De vez em quando...

De vez em quando, o estranho (entranhado?, dorido!) sentimento de ter esgotado o tempo a passar ao lado.
De quê? De tudo. De nada. Da vida.
Antes, caminhando por serventias abertas e por caminhos e ruelas sem nome;
há pouco, por travessas e ruas com nomes
(alguns queridas lembranças),
por estradas municipais e nacionais;
agora, mais por IPs, SCUTs e auto-estradas com números e portagens.
Mas, hoje, vindo de volta ao canto este,
em fuga a rotinas de sempre, meti os passos por outras veredas,
entrei por onde sempre ao lado passara, décadas e décadas a fio,
pisei o que estava virgem de meus pés,
vi o conhecido de outras perspectivas,
descobri o que estava ali, só à espera de ser descoberto.
Logo ali, a dois passos...
Que dei, pela primeira vez.
Fiquei olhando, e olhando-me.
Com o sentimento de ter esgotado o tempo a passar ao lado. De tanto tempo perdido...
... Não! Não é verdade! De de ter passado ao lado de tanto tempo não ganho.
A quê? A tudo. A nada. À vida.
Hoje, neste regresso, recuperei algum desse tempo.
Porque não estava de todo perdido!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Do conhecimento dos animais

Comecei por conhecer, dos animais, os cães e os gatos.
Um cão, com nome de Tarzan, foi meu companheiro de infância de filho único, foi membro da família, protegido e protector.
Aos gatos, via-os passar nos quintais das traseiras do velho bairro urbano ou às portas das carvoarias.
Também via pássaros cruzarem os ares. Andorinhas quando era tempo - e, então, ainda poucas das muitas vezes que já as reencontrei, ano a ano e tantos são -, pardais em todos os tempos e lugares. E nunca aprendi a distinguir outras, por mais lições que o menino da cidade tivesse tido do pai nascido na aldeia e que sabia identificar os piares, cores, nomes de todos os pássaros (arbéolas, cucos, ferreiros, melros, pintassilgos e pintarroxos, rouxinois, caracois e mais bichos mois). Nunca passei das andorinhas, dos pardais, dos pombos e, depois, das aves de rapina... todas iguais.
Ainda podia acrescentar, a essa descoberta do mundo animal, algumas visitas. As repetidas ao Jardim Zoológico e uma ao Aquário Vasco da Gama. Mas isso eram animais de um outro mundo. Não do meu.
.
Assim foram escorrendo os anos. Aprendendo e desaprendendo, construindo mundos e neles me integrando.
Assim foi sendo até ter, dos mundos, um conhecimento (ou descoberta?) do mundo meu. Uno e múltiplo. Em que os homens também são bichos. Animais, quero eu dizer, uns bons, outros maus, os restantes assim-assim.
Teria havido tempo em que os animais falavam? Houve tempo em que acreditei que sim. Foi também das coisas que construi e desconstrui. Sei, hoje, que só o homem fala depois de ter tempos e tempos em que, sendo animal e pouco ser humano, não falou.
Do conhecimento dos animais soube, durante décadas e como se fosse ciência certa, que os cães comiam ossos e os gatos comiam espinhas. Dos restos das nossas refeições. E que os cães eram fieis e obedientes, os melhores amigos do homem, e que os gatos eram ladrões, ariscos, associais, pequenas e incorrigíveis feras.
As coisas que eu sabia! Ou as coisas que eu julgava saber!
Hoje, se em certas casas há cãezinhos que são companhia de senhoras idosas e sós que, para eles, fazem coletinhos de lã, nesta casa que é minha tenho um gato que é “gourmet” e que tem longas conversas com a que faz-de-dona (dele e minha), que aprendeu gatês com muita rapidez.
E também há cães vádios a roubarem o que lhes chegue ao dente e a vasculharem caixotes do lixo, e também há gatos que são abandonados e, em vez de voltarem à caça ancestral, pedem humana ajuda e abrigo e bom trato. Ele há tanta coisa. É a vida!
.
Isto o mundo dá cada volta! Está sempre a dar…

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Fraternas idades

Um pouco arredado deste "canto", aqui me traz o meu "mano velho".
No jantar de 21 de Dezembro, dia em que fiz uma quantidade enorme de anos, num jantar familiar, o dito "mano velho", além da presença estimulante, fartou-se de me dar "prendas"... de que eu nunca me farto.
O fulano escreve uma prosa muito dele, de que eu gosto deveras, e conta coisas que são mesmo "à medida" deste blog. Só sendo de lamentar que ele não tenha um blog seu para publicar coisas destas... sem ter de ser apenas na ressaca dos dias dos meus aniversários.
Aí vai uma:
.
Curta (mas verdadeira)
(Hospital Curry Cabral/Urgência):
.
Médico - Não tem nada partido; foi só um entorse no pé. Vou-lhe receitar um gel e uns comprimidos. Tem algum problema com o estômago?
Eu - O único problema que tenho com o estômago é que não tenho estômago.
Médico - Ah! Então vou receitar um pó...
Eu - ... p'ró pé?!
.
Isto nas traseiras de um cartão de Boas Festas e Feliz Ano Novo oriundo de um certo sítio em que trabalhámos os dois.
P.S. (salvo seja): tinha colorido o fraterno contar, com letra de azul que a salientava, mas lembrei-me que ele não é do Belenenses, e o melhor que arranjei lá perto das cores do Benfica, e que fosse visível, foi o que se vê (mal!).

sábado, 18 de dezembro de 2010

Coisas que me passam pela cabeça

A vida começa a con-cretizar-se em círculos ex-cêntricos; depois, fazemos (alguns…) um enorme esforço para tornar tudo con-cêntrico à volta do nosso ego-centro;
com o andar (andar?.!.. com o correr) dos anos, vamos comprovando que o mundo se divide, que tem vários centros não coincidentes ou coin-cêntricos.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Alentejando

A caminho para o sul, para o Algarve, passa-se pelo Alentejo. Que já é sul.
Um espaço de permeio. Mas com uma identidade única. Há um estar no Alentejo como dificilmente se vive o estar noutros espaços. Pelo Alentejo se passa, vindo do Centro, ou mais do Norte. Mas não é um espaço de passagem. É um espaço de ficagem!
Porque, nas suas diferenças, se vive uma identidade. Um modo de ser, de estar, de falar. Alentejano! Aqui mais cerrado que ali. Sempre o mesmo nas suas diferenças.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bom dia!

Uma manhã estranhamente calma, de sol pálido, depois de um meio dia de ontem de muita irritação e preocupação. Em que, depois de umas chuvadas mais fortes, tudo que nos cria conforto e segurança, dá luz e liga ao resto do mundo deixou de funcionar. A preocupação pelo que, nos frigoríficos e congeladores, se poderia estar a estragar.
O desespero e a impotência da dependência. Só havia uma saída: metermo-nos no carro (será que funcionava?) e fugir para algures... Deitámo-nos muito quietinhos à espera que passasse. Passou!
Bom dia.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Bom dia!

Bonito dia, com o sol a colorir os verdes.
Mas deve estar cá um frio...
Vou dar uma volta pelo Zambujal do século XVII. Tenho um enocontro marcado com um miúdo que ainda não fez 12 anos, antes dele partir para a India. Como emigrante que não voltará.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bom dia!

Mais uma quinta-feira. Ou menos uma, como nos dizia - para animar a malita... - o Martins, o "servente" do Aljube.
Por aqui, a semana dividia-se à quinta. Era o dia do mercado, de ir trocar as primícias pelas sardinhas, que tinham de chegar para a semana toda. Sem nada de frigoríficos...
Bom! Choveu a noite, está sol na manhã. Até já. Saudades e saudações. Nós por cá todos bem, como terminava a carta da mãe para o Fernando Lopes. Mas isto são outras fitas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Bom dia!

Bom dia, que começa numa manhã de muita humidade, com um leve nevoeiro que amacia os contornos das coisas.
Digo-me que é dia feriado. Que, dizem, todos os dias dos reformados são dias feriados. O que é mentira. Este é o dia 1º de Dezembro. O dia da Independência Nacional, depois de décadas de sermos "espanhóis", numa humilhante forma de sermos ibéricos.
E agora? Como nos tornarmos os Restauradores que vão conseguir a nossa independência, que nos libertem de sermos - assim, desta humilhante forma - europeus. De segunda, ou periféricos. Por outras paragens desta blogosfera assim viverei o dia. Reflectindo com independência nacional. Bom dia!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bom dia!

Mais um. Para mim, como se fosse 2ª e já é 3ª. Assim vão correndo. Uns atrás dos outros e todos atrás de mim. Ou à minha frente...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Bom dia!

Chove no Zambujal. Já vou a caminho do CC. Que será de balanço. E de trampolim. Como sempre, Mas, às vezes, mais.

domingo, 28 de novembro de 2010

Lá para o meio-dia de cá, os ministros das Finanças da UE vão reunir para chegar a conclusões sobre o "plano de ajuda" à Irlanda, a que chamam "de resgate". O facto de ser domingo tem a ver com amanã ser segunda-feira e "os mercados" estarem à espera dessas conclusões para decidirem como reagir à taxa de juro que for acordada para o montante a emprestar, que se aproxima do limite dos 100 mil milhões, que andará pelos 80 e tal milhões. Para a Grécia, o primeiro da série dos PIGS (Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha por uma ordem - Portugal, Irlanda, Grécia, eSpanha - com as porcas conotações que se podem ler, in english) que dê o juro acordado foi de 5,2%, agora a Irlanda começou por aceitar - e percebe-se porquê - os 6,7% que foram propostos.

Lá vão estar eles a discutir as décimas (anteontem, por aqui, discutiram-se as derramas às centésimas...)

Bom dia, Zambujal!

Dormi bem. É domingo e está sol. Não é preciso mais nada. Por agora...

sábado, 27 de novembro de 2010

Um livro que exacerbe

Por vezes, assim de tempos em tempos, quase (mas muito longe...) em desespero, atropelam-me dois versos do Sentimento dum Ocidental, do Cesário Verde:

E eu, que medito num livro que exacerbe,
quisera que o real e a análise mo dessem.
.
Mas é uma chatice! O real e a análise não dão nada a ninguém... porquê me iriam dar a mim o livro em que medito e que queria que exacerbasse?
Só com muita força de vontade, muito trabalho... e algum talento.

Bom dia!

As horas, que noite-a-noite costumam ser calmas, de repouso e recuperação, foram, nesta passagem de ontem para hoje, vividas como se, acordadas, tivessem estado num "outro mundo". Não foram de sonho ou pesadelo, ou insomnes como por vezes acontece e até úteis são. Foram "acordadas" num "outro mundo". Numa "ponte" de curtas horas, construída numa confusa amálgama de episódios vividos e de situações não vividas, mas que o poderiam ter sido ou estar a ser. Num convívio com gente que só continua viva nas memórias dentro de mim e que, em noites como esta, me (a)parecem reais, intervenientes, de carne e osso que já foram.
Acorda-se, se dormido se esteve..., cansado, desejando recuperar, depressa, a vida que continua, neste mundo recomeçado, no viver do dia amanhecido. E que vai ser.

Ah!, a meteorologia?!... o sol espreita e combate a geada que embranquece os campos em volta e o frio que vai continuar. Está a ajudar!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Bom dia! 'Tá frio por aqui...

Uma manhã daquelas em que não apetece muito sair do quentinho... Mas há que!
Depois DO DIA e do dia seguinte, de lguma ressaca e balanço (ainda assim com Universidade Sénior e "olhar para" os documentos da Assembleia Municipal, hoje vai ser um dia en cheio. Um dia de assembleias. A tal municipal (derramas, IMIs e outras coisitas) e a do Juventude Ouriense (utilidade pública oblige). Vamos a ele, ao dia, e a elas, às assembleias.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

El(o)ucubrações

Não me julgo “o melhor do mundo” nem quero que todos pensem como eu… mas não aceito (e rejeito!) que outros queiram fazer de mim igual a eles e, por isso, pior do que sou.

Bom dia!

5ª feira. Outra vez quinta-feira. Dia de feira aqui por Ourém, embora hoje não dia de avante!, que fica para amanhã.
Informação meteorológica: não está com má aparência.
Que seja um bom dia seguinte para os dias seguintes!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

El(o)ucubrações

O culto (oculto) da personalidade, ou a veneranda reverência, isto é, as venéreas andas da veneração!

Bom dia!

Chove no Zambujal! Chove neste dia de véspera. Todos os dias, até ao último, são dias de véspera. Mas uns são-no mais que outros. Esta terça-feira é véspera de uma quarta-feira. Que será igual a todas e vamos tudo fazer para que seja diferente. Para que seja uma outra véspera.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

El(o)ucubrações

- Que está p'raí a elucubrar?
- Estou a eloucubrar... em loucas elucubrações!

Bom dia, por aqui cinzento e chuvoso

Bom dia, segunda-feira. Primeiro dia da semana (porque parece que o domingo é sempre o último dia da semana que passou). Primeiro dia desta semana. Desta semana! Vamos a ele-dia, vamos a ela-semana, vamos a ela-Greve Geral. E o mais que for!

domingo, 21 de novembro de 2010

Bom dia!

Por aqui está sol. Inseguro. A noite foi de chuva e folhas a cair. Há núvens no céu. Está boa a temperatura, diz ela que foi lá fora.
É domingo. Porque ontem foi sábado e os dias sucedem-se como está convencionado.
Ontem, o tempo aguentou-se entre as 3 e as 6 na Avenida da Liberdade, como era desejado e pedido aos santinhos. De vez em quando uns pingos, mas isso foi culpa daqule chato daquele helicóptero que devia ser dos de ataque aos fogos e por isso nos molhava, helicóptero que nos acompanhou a par e passo, com um barulho irritante e (lá do) alto (próximo demais). Deve ter-nos contado, e fotografado um a um, uma a uma! P'rós arquivos da NATO e seu "novo conceito estratégico".

sábado, 20 de novembro de 2010

Bom dia!

Está sol.
Estamos em trânsito.
PAZ sim!, NATO não!
NATO, dissolução (art- 7º da CRP)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Maintenant je sais

este está a querer ser o meu canto,
o meu espaço.
canto a canto.
passo a passo.

Bom dia!

Bom dia, sexta-feira! Para os amigos.
Informação meteorológica habitual: chove no Zambujal.
Bom dia, Sexta-feira... como diria o Robinson àquele que o Swift criou de uma costela do pobre náufrago para que ele não continuasse sozinho, até porque um homem em nenhum lugar pode acreditar que está no paraíso se não tiver companhia. Embora companhia escrava ou companheira serva e procriadora não sejam bem companhia como eu a entendo. São critérios racistas e machistas lá desses autores de ficção (e eu é que sou do cordel...).

Bom... estou a baralhar tudo. Ainda não acordei por completo. Desculpem lá qualquer coisinha, como canta o Paulo do Carmo ao piano com Bernardo Lajinha.
.
Bom dia, sexta-feira!

(Olha... ontem era quinta e hoje não é quinta outra vez... espero que esta semana seja mais lenta nesta correria que é a vida! E vai ser uma semana tão cheia de coisas daquelas muito muito importantes!).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

S(ab)er ou não ser

Sei o que sei!
E sei,
pelo muito que sei,
que há tanto que não sei!
Só me resta,
no tempo que me resta,
continuar a aprender!

Bom dia!... 'tá de chuva no Zambujal

É 5ª feira... o quê?!, já?!...
'Inda ontem foi 5ª feira, dia de mercado em Ourém e de avante!, e já hoje é outra vez 5ªfeira, dia de mercado em Ourém e de avante! ?!
Bolas, estas semanas estão a andar muito depressa... Espero que amanhã seja 6ª feira, e depois de amanhã sábado.
Antigamente era assim...
Olhem... bom dia!, boa 5ª feira, feia a manhã.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Diálogo luso-ucraniano na manhã desta quarta-feira

- Bom dia, sotor Sérgio (sou eu!)
- Bom dia, Lessya (é ela, a "nossa" ucraniana)
Mais umas coisas de simpatia mútua sobre o tempo, a chuva na noite, o sol no dia a nascer.
Umas festas dela no Mounti que me estava a fazer companhia chegadinho ao computador, e umas trocas de mimos entre eles (gostam muito uma do outro ou um da outra).
Resolvo passar a coisas práticas:
- A Lessya vai fazer uma máquina de lavar roupa? (assim... bem silabado)
- Há roupa?
Foi à casa de banho ver, ao cesto da roupa suja...
- É pouca para uma máquina...
- Pois... mas se fizer uma máquina, vou tirar o pijama e vou buscar mais roupa...
- Não... fica para sexta-feira... é pouca roupa.
- ...tá bem... para sexta-feira! (e fui fazer o meu pequeno-almoço com o pão que ela trouxera).
A Lessya entrou na casa de banho... e eis senão quando ouço a máquina de lavar roupa a arrancar na lavagem de uma camisa, umas cuecas (só uma) e umas meias (só duas).
.
Tenho de aprender ucraniano!

Bom dia, pessoal!

Aqui, pelo Zambujal, o tempo hesita. Choveu durante a noite mas o sol espreita.
Eu também ainda não me decidi...
Entrámos na recta final. Da cimeira da NATO, da Greve Geral.
Tem de se dar ao pedal!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Bom dia!,,, só para amigos/as

Está sol aqui pelo Zambujal!
... e há tanto para/por fazer...
Vamos agarrar a vida pelos cornos!
Até já.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pior a emenda que o soneto!

O Homem quis desmentir as notícias da sua morte e os boatos sobre a sua homossexualidade. Mas baralhou-se.
Escreveu uma nota para a imprensa:
Fulano de Tal vem declarar que os boatos sobre a sua morte são falsos, e que as notícias da sua homossexualidade são prematuras!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

S. Martinho, castanhas, água-pé... e idade

Há muitos anos, escrevi:
.
É pelo S. Martinho que se sabe
o que é em-velho-ser...
---------
Então, cuidava saber,
hoje, sei!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Triplo-salto

No tempo em que eu pensava vir a ser "alguém" no desporto, particularmente no futebol ou no atletismo, não me limitava ao treino. Estudava as modalidades. O facto é que, tendo umas bases, quer práticas, quer teóricas, muito limitadas e tardias - nem os meus pais, nem qualquer parente ou vizinho, praticaram ou foram "amantes" de qualquer modalidade ou clube desportivo -, também não treinei com o afinco necessário nem estudei com a exigida atenção. Fiz umas coisas, aprendi umas coisas... Que retive e de que, hoje, me lembro como se fosse ontem, como é costume dizer-se.
É assim, aliás, em tudo. Fiz e sei umas coisitas...
Por exemplo, e é por esse exemplo que estou nesta ladaínha, o triplo salto.
Tomava balanço no escritório do meu pai, corria o corredor que teria aí 3 metros, atravessava a cozinha, passava pela varandita, fazia a chamada no degrau, e lá fazia o triplo-salto já no corredor do quintal. Não podia ser grande o salto triplo porque o muro era logo ali, a uns dez metros, mas era o que se arranjava a arremedar o que via fazer nos Estádio José Alvalade a alguns, como o Rui Ramos, do Belenenses, que colocou o nosso recorde na marca extraordinária (para a altura) de 15 metros e 54! (hoje, o Nelson Évora é campeão olímpico com 17,67 m., tem o recorde nacional em 17,74 m., e o recorde mundial é de um inglês com 18,29 m.).
Como a preparação e a técnica evoluiram neste intervalinho (!!!) de tempo!
Aprendi que o triplo-salto era pulo-passo-salto. Dava-se um pulo grande (o maior que se podia), um passo intermédio (para aproveitar o impulso sem desequilíbro) e acabava-se com o verdadeiro salto para cair na caixa de areia o mais longe possível bicicletando no ar (no meu quintal deveria ser para lá do muro, já no pátio dos vizinhos... ).
Agora... bem, agora são mesmo três saltos! Não há cá pulos e passos intermédios. É salto, salto e salto. Ah!, aqueles amortecedores e molas chamados pés!
Porque é que estou a escrevinhar sobre isto? Porque me apetece, e chegaria. Mas, também, por causa das eleições no Brasil. Foram um passo, dizem alguns. E com toda a razão, embora se possa descortinar uma certa frustração pelo tamanho do passo, esquecendo-se, quem o possa sentir, o que foi feito para o impedir (valeu tudo!), e o que teve de ser feito para que ele se desse.
O caso é que os saltos se fazem a partir dos passos. E o Brasil (e todos nós) parece estar a treinar triplo-salto e a apurar as suas técnicas. Às vezes, tem de se voltar atrás porque se pisou a tábua e a linha de partida. Não foi o caso do Brasil neste domingo. Brindemos.
O certo, certo é que não se passou dos 15 metros do Rui Ramos para os 18 metros do Nelson Évora sem muito treino e estudo. E não só do atleta, evidentemente!

(onde é que hei-de colocar este "post"?
Bom... vai para as ficções do cordel,
não quero pesar demasiado o anónimosecxxi!)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

As inustiças e as causas da injustiça

As injustiças só o são, só se "materializam", se os que as sofrem as sentem como injustiças.
Se os injustiçados não sentem as injustiças, elas, sendo-o, é como se não existissem.
É nossa obrigação ajudar a que os injustiçados sintam/tomem consciência das injustiças para que se possa combater e vencer as causas da injustiça.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Da mesa do canto do Canto da Vila - 8

Hesito:
O que é que ela, aquela esposa toda"produzida", é mais:
é mais feia ou é mais antipática?
Resolvi:
é antipaticamente feia...
Não!:
... é feiamente antipática.
São só adereços pequenos-burgueses de nova-rica em desespero dada a eminente nova-pobreza.
Talvez venha a recuperar raízes.
Duvido... mas nunca perco a esperança!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

EnCURRALado

1ª questão prévia - já comia em restaurantes com toalhas de papel antes da "crise".
2ª questão prévia - de há uns anos para cá tenho vindo a "especializar-me" em Presunto, Zé da Azinheira/Canto da Vila, Borsalino, Curral, além do "meu" Xico Santo Amaro que passa de avós para netos e bisnetos.
Agora, são os papeis do enCURRALado, depois das borsalinadas e dos papeis da mesa do canto do Canto da Vila.
  • Olho para a televisão. Põem o puto a dizer, alarvemente, não gosto de perder nem a feijões... e assim o ensinam a não saber ganhar nem a milhões!
  • A culpa é - sempre! - dos governos anteriores. Sempre? Não o é quando o governo anterior é da mesma cor (de rosa...) do actual. Também seria assim se fosse de outra cor (de laranja) como se só houvesse as duas!

domingo, 17 de outubro de 2010

às duas por três (a terceira fica para a próxima)

REFLICTO(-ME)
Se por ti passo e em ti me vejo
forte, são e escorreito... tão jovem!,
porquê a mim me devolves
cansado, feio e triste, tão velho?



ESCONDO(-ME)
Escondo-me atrás das palavras
- jogo, brinco, funâmbulo -,
construo barricadas, trincheiras.
Assim me defendo, lúcido a adiar a lucidez,
... talvez!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Coisas que me passam pela cabeça

... e então Marx disse: a religião é o ópio do povo... acabe-se com a religião!
Vai daí, Lenine fez o decreto e Staline pô-lo em execução (já vão dizer: executou-o!... 'tou mesmo a ver...).
(é para lembrar isto que servem os anónimos!)
.
Entretanto, o Ser Supremo reagiu, entrou na luta de classes. Com a ajuda de Keynes, e este com o argumento de que era preciso manter a procura efectiva, pôs os desempregados a construir estádios ao lado das basílicas (nalguns casos no sítio das ditas) que ninguém sabia para que serviam mas, ao 7º dia, em vez de descansarem, os dois inventaram o futebol.
Os desempregados passaram a ir ao futebol gastar o subsídio de desemprego. Isto enquanto o Ser Supremo não inventa outro ópio que, este já tem os dias contados, isto é, os estádios vazios.
Cá pelo rectângulo ibérico, para nos fazer crescer a auto-estima por ele, o Sócrates (con)sagrou-se o Primeiro Ministro dos Maiores Mentirosos (1º MMM), com direito a lugar no Guiness (pretinha e não muito fresca, se faz favor). Do mesmo lado, o Passos (de) Coelho anda na procissão dos ditos, com os olhos no chão à procura da responsabilidade que parece que perdeu e da maturidade que nunca teve (isto é o que dizem...).
Por fim - como podia ter sido no princípio, mas este fica para o verbo -, também há quem diga que o doutor Cavaco, de sobrenome Presidente da Silva, se atirou ao mar salgado quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.
.
Desculpem lá qualquer coisinha...
A culpa é dos anónimos. E vivam os Jerónimos!
Mas não o Mosteiro, os de Sousa.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O desastre do disparate, do discurso da responsabilidade, da inevitabilidade, e etc.

Chegámos a um ponto (de situação) em que o desnorte é tal que se cita Lenine... "como dizia Lenine e agora que fazer?" depois de se ter aceite como coisa inamovível que não há nada a fazer.~

Não seria bom ler "A Catástrofe eminente e os meios de a combater"?

sábado, 9 de outubro de 2010

Da mesa do canto do Canto da Vila - 7

"Não estamos aqui para falar de política...", disse ele.
Nem sabia ele, o pobre, que - ao dizê-lo - não só estava estava a falar de política como estava a fazer política. Da pior. Da que faz-de-conta que não é política!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Da mesa do canto do Canto da Vila - 6

Há uma certa idade, ou altura da vida, em que o cinismo se instala. E, depois, nalguns não se desinstala... Entalou-se.

Da mesa do canto do Canto da Vila - 5

Agora é tarde... e tenho pena!

Ai, ai... o FMI!

Para que o FMI não venha aí,
"eles" fazem já
o que o FMI faria aqui
se viesse cá

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Já nada é certo... de tão certas querermos fazer as coisas

Antigamente (tantas vezes escrevo este advérbio!) havia esperas e mistérios, esperanças e adivinhações, que davam outro encanto à vida.
Será menino ou menina?... e só se sabia naquele momento mágico em que uma outra vida começava a sua longa caminhada para a autonomia.
Irá fazer sol ou chuva no dia do almoço programado para Outubro?, poderá ser ao ar livre ou teremos de ir para debaixo de telha?... e ficávamos na duvida até o dia chegar, e verificarmos que nos esqueceramos do guarda chuva para chegar ao restaurante.
Os tempos mudam. Porque os fazemos mudar. E a eles, aos tempos novos por nós mudados, nos temos de ir habituando.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O cisne perdeu o pio?!

Olho-me. Olho para mim e não vejo o velho que sou, o velho que os outros vêem em mim. Tenho de ir ao oftalmologista. Está visto!

sábado, 25 de setembro de 2010

Da mesa do canto do Canto da Vila - 4

SOM E SENTIDO
Ouço o som das palavras
e saboreio-o;
mas quero que as palavras
tenham sentido

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Da mesa do canto do Canto da Vila - 3

Não me chegam as horas dos dias
................ nem os dias das semanas
................ nem as semanas dos meses
................ nem os meses dos anos
................ nem os anos das décadas
................ nem as décadas da vida!
Só vivendo as vidas de outras vidas
................ dos de antes
................ dos que virão!

Uma espécie de jogo

A cidade foi a mesma,
os locais próximos,
companhia... a de sempre,
o tempo magnífico,
o resto também,
a comida igualmente boa.
Onde está a diferença entre o almoço e os preparativos do jantar?


(vá lá...
elogiem a qualidade histriónica do "actor"...
O teatro é o meu futuro!
Desde que...)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Daqui desta janela do 1509

O Cairo não cabe, não cairo mais!
Duas vezes Portugal!
E o Nilo ali em baixo.
E tantos séculos!
Não cai(r)o em mim...
Deve ser da viagem.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vou pelas cidades

Não tenho idade,
sou de todas as idades.
Tenho é saudade
do tempo em que não tinha saudades.
.
sobram-me as memórias,
abundo em História(s)
.
Voo para as cidades

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Está cinzento o tempo no Zambujal

Desta vez
(como de todas as vezes!)
despeço-me de tudo
(das coisas, do gato, das memórias)
como se fosse a última vez
... porque pode ser a última vez.
.
Está cinzento o tempo no Zambujal!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Revendo (de passagem) e melhorando (?)

Cada tempo tem a sua moeda,
e cada moeda tem outra face,
isto é: cara ou cunha.

Cada poema tem os seus versos,
e cada verso tem suas palavras,
isto é: sílaba a sílaba.

É assim que as moedas são,
e é assim a humana condição,
isto é: punho ou pulha!

domingo, 12 de setembro de 2010

Está quase...

... Um dia destes, talvez quando chegarem os oitenta anos - mais dia, menos dia - imito o Zé Gomes, o Poeta Militante.
Subo a calçada (não a do Gedeão mas outra), bato a uma porta que eu cá sei, entro sem cerimónia, e digo alto e bom som:
.
Sou militante, quero ser poeta!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Relógio tresloucado

Se há dias, como os do fim-de-semana, em que as 24 horas nos rejuvenescem, há horas em que envelhecemos muito mais que os 60 minutos.
Já muita gente - imensa - escreveu isto das mais variadas maneiras. Hoje, saiu-me esta.

Lugares e gentes - pinça mentes

Alguns bairros de Lisboa - de que gosto muito, diga-se sem ser de passagem - estão a tornar-se "pátios" de velhos etilizados e jovens drogados. Com ilhotas de habitações recuperadas e condominadas. Possuídas por "gente bem" (e de bom gosto - seu ou alheio -, e muito dinheiro), atraída pelo sainete do que tem passado e história.
Há que pensar muito seriamente nisto.

Pronto! (é um desabafo, pronto!)

... estou triste, pronto. Estou triste!
Como quando vejo "borboletas esmagadas entre folhas de livros" ou "flores amarradas em jarras, a fenecer em cima de um aparador".... diria um poeta que não sou.
Como um campónio que não sabe explicar-se, ou que ainda não percebeu nada da vida como ela é (ou como os outros são, na vida que são).
E já é tarde! Até porque, como campónio que sou, sou teimoso como um burro... e acho que quando tenho coisas para dizer as digo... mesmo quando não as queria dizer mas sou levado - não por minha iniciativa! - a que as diga, esquecendo preconceitos e pisando questões e prioridades pessoais (e, por vezes, exclusivistas, cegas... digo eu... e não o deveria dizer!?).
Já não tem cura. Mas que fico triste, fico. Cá comigo. E bem bastava o que basta...
Pronto!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Da mesa do canto do Canto da Vila - 2

Almoçámos os dois. Na mesa do canto. Do Canto da Vila.
Conversámos. Também sobre o pouco que os (outros) casais conversam e o (mais) que devíamos conversar. Os temas não teriam sido os agradáveis, os que desejaríamos..., mas conversámos.
Cumprimentámos e (ou)vimos. Nas mesas e das gentes em redor.
Novidades, mexericos sobre o que nos cerca, sobre os do "poder"? Quero que ele se vá... lixar!

Da mesa do canto do Canto da Vila - 1

É um restaurante em que me sinto - e sento - bem, apesar de algumas vizinhanças...
Com um nome porreiro: Canto da Vila!
Sinto-me, sento-me... e come-se bem.
E ouve-se muita coisa. Embora mal, porque as condições acústicas não são conformes com a qualidade da cozinha e a bondade do ambiente (apesar de...).
Por duas vezes, ouvi os putos (giros!) de uma mesa um pouco afastada::

- Mas ó avó!... nós não fizemos nada!

Com um ar muito convin(o)cente, mas estava-se mesmo a ver que tinham feito alguma coisa...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Conversas na passagem

No meio das queixas sobre a situação na Ucrânia (ter de pagar a educação, ter de pagar a saúde, ter de comprar o gás quando "temos gás nosso"... e por aí fora), uma frase:
"unos mafioses, para uma carimba num documento 60 euros!... unos mafioses...".
Eu só dizia, lá de vez em quando: "É o capitalismo, senhora, é o capitalismo!"
Ela vai começando a aceitar... que é o capitalismo. Mas só começando...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

No Chico Santo Amaro... TO BE OR NOT TO BE!

«(...) Se fosse a ressonância magnética do cérebro de Yorick para o qual Hamlet estivera a olhar, até ele teria ficado sem palavras. (...)»
.
Leio "isto" (Património, Philip Roth) e levanto os olhos do livro. Olho à minha volta.
Ninguém - nem uma, nem um -, ninguém dos que aqui estão perceberia o que Philip Roth quis dizer. E era tão importante para eles/elas...

Cada tempo tem a sua moeda

Cada tempo tem a sua moeda
Já contei tostões
tostão a tostão.
Agora,
agora há quem conte cêntimos
cêntimo a cêntimo.
Eu já não!
Mas olho em volta
e vejo tantos que sim
… e tanto que sentimos!
.
Cada tempo tem sua moeda,
e, cada moeda tem o seu verso,
isto é, cara ou cunha,
melhor ainda: punho ou pulha!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cá e lá livros há

Por uns dias vou juntar, ao mar dos livros que há cá por casa, uma mão cheia de poemas em livro de Martinho Marques, para deles tentar “cucar” um.
Hei-de depois devolvê-lo, meu que também o livro é, à estante dos livros lá de casa dela, da Zé.
Foi assim que veio. À condição de devolução...

No "expresso" de hoje à tarde

Viagem para Fátima

Se já tantos escreveram,
se Saramago escreveu*,
se Mário Castrim escreveu**.
porque não hei-de escrever eu?

* - No ano da morte de Ricardo Reis
** - A caminho de Fátima

1.
Parecem metralhadoras
as ininterruptas faladoras!
‘Inda por cima em crioulo
… dão-me cabo do miolo!

2.
Um bebé que chora
toda a hora
(e meia)

3.
A mãe embala,
docemente,
a tia (?) adormeceu,
crioulamente.

4.
Um pé grande, grande
( p’raí 44, no mínimo)
vem do banco de trás
e zás!
instala-se no banco vazio
aqui ao lado do meu.

5.
Um pé grande, enorme,
todo mulato menos na sola,
branco na planta
aqui está,
a fazer-me companhia,
um pé que dorme
e só lhe falta ressonar
(faça-se justiça,
não há que dizer:
bem lavadinho e unhas cortadas)

6.
Nos lugares à frente
6 – orientais – 6,
três casais
em peregrinação
de 3-gerações-3.
Vieram de longe,
cheios de fé.
Vão até Fátima!

7.
… e eu também...
faço escala de curta paragem,
estou de obrigatória passagem.
Sou o peregrino acidental
para chegar ao Zambujal.
Aleluia!

6.
Há os que seguem para Braga
Boa viagem!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

de que me queixo?
.
ou
-
de quem me queixo?
-
- Só posso queixar-me de mim,
pelo que não tenho de que me queixar!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Mas como é que...

- Mas como é que vocês conseguem falar tanto e tão ininterruptamente...
- ... ora... falando...
- ... sobre quê?
- Ora... sobre tudo...
- ... sobretudo sobre quê?
- ... sobretudo sobre nada!

domingo, 22 de agosto de 2010

Passeio entre parenteses

(Quase) todos os dias

(poucos, poucos, corrige ela)

damos grandes passeios pelos caminhos dos campos.

Caminhos de terra batida

(pelos nossos e outros pés)

ou simples veredas por onde não se atrevem motores

(dos que fazem barulho e levantam poeira)

salvo o de algum raro aventureiro

(que tanto incomoda...

mais que as moscas que insistem em nos acompanhar).

E em passo estugado, caminhamos,

em silêncio ou falando de tudo

(o que, por vezes, é igual).

(Em todo lado, com os Castelos em fundo)

Nem sempre de mãos dadas

(mas sempre de mãos dadas!)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"Deite-se já aqui!"

Conhecem aquela estória de um amigo meu que, no tempo do fascismo, deu o nome de Salazar a um cão para ter o prazer de o chamar e de, dedo espetado, lhe dizer: "Salazar, deite-se já aqui!". Coitado do cão! Parece que o dono, apesar de gostar muito dele, um dia perdeu a cabeça e não resistiu a dar-lhe um pontapé... mas depois chamou-o por uma alcunha - "Anda cá, Fiel..." - e deu-lhe um biscoito.

Ao que me consta, esse meu amigo, que não vejo há que tempos e vive lá para um monte no Alentejo, tem uma quantidade de cães com nomes muito curiosos...

A propósito, que nome é que hei-de dar a um cão que vou adoptar? Ando hesitante... É que em ditadura é mais fácil, em democracia é maior a escolha... "Vá, anda cá, ..?.. , deita-te já aqui, não faças mais asneiras... olha que levas!"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O puto reguila - adenda

Há uns três anos, numa série de 10 "posts" em que contei, aqui, uma ficção do cordel a que chamei O Puto Reguila, germinada – como todas a ficções, de cordel ou não – em vivências, estas de uns anos antes, escrevi o que segue:
.
«(…) Um dia, mostrei lhe um calendário, daqueles pequenos, tipo auto-colante, que me fora enviado pelos serviços de turismo de um qualquer país longínquo. O Toino ficou entusiasmado. Sem que ele mo pedisse, porque não era do género de pedir coisas, dei lho. Os olhos riram-se-lhe, meteu-o dentro da camisa e abalou com um obrigado em surdina mas bem lá do fundo dele.
Assim se criou uma espécie de costume. Ele começou a fazer colecção de calendários com motivos vários, e eu passei a ser o seu fornecedor.
Nalguns casos, acompanhado o fornecimento por pequenas conversas sobre os motivos escolhidos para nos informarem, ou influenciarem, no verso, a pretexto de, no reverso, nos fazerem a oferta de um pequeno rectângulo de cartolina com a organização dos dias do ano que está para chegar ou que começou há pouco.(…)»
.
Anos passaram sobre isto que escrevi e publiquei, estes que nos trouxeram ao ano em que estamos, e encontrei hoje o inspirador do “puto reguila”. Na Festa do Zambujal. Está com 27 anos, vive (e trabalha!) em Paris… faz a sua vida. Fiquei contente.
Só que. Só que falámos sobre o passado, e sobre o que escrevi a propósito de um certo puto reguila. Começou por de rir, depois como que uma cortina desceu sobre os seus olhos: “… sabe?... cheguei aos 17 mil calendários e auto-colantes… arrumava-os, metia-os em pastas… eram o meu tesouro!... um dia, meu pai, numa das suas fúrias, foi-se a elas e queimou-as todas… mas não quero falar disso!”.
Eu também não! Ou quero?... Talvez noutra ocasião.
Felicidades lá por Paris, “puto reguila”.

sábado, 7 de agosto de 2010

«Curtas (mas verdadeiras)»... diz ele - (suite)


... ou "falas de mano-velho", contributos inestimáveis para a valorização deste espaço familiar.
Aí vai mais uma.




«4.




Ela - Vocês não têm vergonha, num restaurante como este, de trazerem açucar com o chá?... O chá deve beber-se sem açucar...

"Chinês" - ... pois é... mas há clientes que pedem...

Eu - ... traga-me um chá... com açucar!»

______________________


Venham mais!



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Aproxima-se a festa do Zambujal

É sempre a 15 de Agosto!
Continua a ser a "2ª melhor festa do mundo" (para mim, claro!), embora me pareça que algum do seu antigo sortilégio esteja um pouco esmorecido, ou esmaecido.
Há como que uma desertificação urbana (melhor: aldeã) e aquele dinamismo que os emigrantes dos idos anos 60 lhe emprestava foi desaparecendo, deixando só alguns sinais. E nada substitui. O fecho da escola tornou-se um verdadeiro símbolo, e infelizmente por muitos outros lados, de um apagamento de vida, absolutamente ao invés do que seria desejável, acelerando uma tendência que deveria ser contrariada.
Mas não foi para isso que aqui vim.
Foi para deixar estas duas fotografias de umas festas de há décadas, de há, seguramente, meio século. Aqui ficam. Com saudade e muito afecto.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Longa jornada para um regresso - 5

V

Retraite,
como "vacanças", como boulot, como sécurité, como maison,
palavras novas, coisas novas e novos sons.
E projectos e sonhos.
.
Logo logo 40 anos
a somarem-se aos pouco mais de 20 com que partira.
Era tempo de decisões,
decisões preparadas, mais sonhadas que pensadas.
.
Filhos e filhas encaminhados por caminhos seus,
uns em universidades e politécnicos por aqui e por ali,
alguns em Portugal, outros e outras fincando raízes em outros países,
era dele e dela, agora, a escolha de onde viverem,
… sem de vista os netos perderem!…
.
Voltar à terra, à aldeia,
ainda que com regressos frequentes às Franças e Araganças,
por tantas pontas e pontes lá deixadas,
por affaires não arrumados
por maladies e souvenirs.
.
Uma alegria calma e, por vezes, contrariada.
Tudo bem na saúde, capaz de agarrar de novo na enxada,
de ir ao campo de jornada,
mas por gozo, por desfrute.
Sedes guardadas para serem “matadas”
com a ajuda de amizades antigas,
em lanches por aqui e por ali,
em jantaradas oferecidas a familiares.
.
Mas algumas sombras!
A pena de ver a escola fechada,
o lugar de aprender para tantos e tantos,
e para ele dera muitos francos de contributo;
e ver partirem,
ou saber de abalada,
sobrinhos, de irmãos que por cá tinham ficado,
netos de companheiros das moças idades,
vizinhos com os anos que ele há mais de 40 tinha,
a partirem por caminhos que tinham sido os seus,
não “de salto” mas deixando mulher e filhos,
“vamos ali, já voltamos…”,
não para não irem à guerra
mas para lá por fora fazerem outra guerra,
a de sempre, a da luta pela vida,
a da luta contra o desemprego.
.
Muito mudara,
muito ele tinha mudado.
Mas tanta coisa continuava na mesma!
.
Pensava e sorria. Satisfeito.
... também com alguma tristeza
por a jornada ser tão dura e curta
para uma vida assim
... e tão curta.

domingo, 1 de agosto de 2010

Longa jornada para um regresso - 4

IV

Tantos anos foram,
desde os 40 do seu nascimento
aos primeiros do novo milénio.
.
Nunca ele, por um momento, parou para pensar.
A sua vida foi só trabalhar e mais trabalhar,
labuta e mais labuta.
Desenrascou-se, "debruiou-se" c’est tout.
.
E disse e voltou a dizer que nunca nada quis com a política,
que a sua política sempre foi o trabalho!
(Como se o trabalho não fosse a política!...)
Mas sempre humano, solidário,
ajudando como ajudado fora.
.
Sabia, agora, que não gostara do fascismo,
que, no “salto”, também fugira à guerra colonial,
festejou e sentiu orgulho quando a sua Pátria foi Abril,
que abria as páginas dos jornais,
na admiração e na esperança dos demais
- foi quando pôs a bandeira portuguesa, bem à vista!, no vidro traseiro do Renault –
… mas depressa passou, apesar do muito que ficou.
Acreditou nas reacções que a reacção inventou,
no sangue nas ruas, no Alentejo a ferro e fogo,
num País com fronteira em Rio Maior,
e pior!
.
Por essas alturas, viera à terra, à aldeia,
aqui, ouviu do mel e do fel, cantou Grândola e viu a coisa feia,
chegou a entrar em conversas e discussões,
falou de experiências e do Marchais,
contou, com algum entusiasmo, da CGT e de manifs
que nunca fizera mas soubera,
mas foi, também, anti-comunista,
no meio de tantas invenções e provocações.

Aos poucos, triste, voltou às suas tamanquinhas
- de que nunca saíra... -,
sem saber quanto ganhara, quanto perdera,
quanto ficara nele desse tempo que, sendo nosso, dele fora. E é!
.
Talvez, desse tempo, tenho guardado a vontade do retorno,
foi então que vendeu (pouco), trocou, comprou (umas coisitas…),
e começou a pensar em construir.
Para quando chegasse a retraite!

Finalmente!...


... rendida ao marxista.
A influência do corte de unhas dos pés...
private joke

Longa jornada para um regresso - 3

III

Mais de vinte anos passaram,
de viagens de ida-e-volta là bas,
curtas mas repetindo-se ou prolongando-se.
Às festas da santa padroeira,
por alguns natais à lareira,
e aos casamentos de parentes
e aos baptismos de afilhados,
sempre em Agosto para eles estarem presentes,
com boas “visitas” e melhores legados.
.
Ça vas, ça vas, ça ira!
.
A ela dele também ajudou -… e se ajudou!...-
Foi concierge, fez ménage chez les dames,
umas coisas de couture,
o costume que tanto é...
tudo o que há e a que tão pouco valor se dá,
enquanto se fazem filhos nascer e crescer
e se mantém a casa arrumada e limpa,
e a roupa alindada, e as refeições a horas
… porque o homem trabalha… lá fora!
.
Assim se encarreirou a vida,
com filhos e filhas a tirarem bac
e, alguns…, a irem mais au-delà.
.
Ele ganhou peso e pose,
e quereres, e posses, e mandos,
numa pequena oficina, ou em travaux publics,
ou em jardinage, ou em hotelllerie
(Ele foram tantos, e tantos os caminhos de cada um!…)
.
Nas vindas à aldeia, aos poucos ganhou ares e senhoria,
e até deu uma ajuda importante para o clube da terra,
e – mais importante ainda! – para o edifício da nova escola.
.
E dizia, orgulhoso, que não era esmola,
estava só a ajudar a conhecer melhor
o que ele não conhecera nada,
nem pela rádio nem pela televisão,
e apenas descobrira pelo “salto” para que fora empurrado
e pelo que aprendera com a vida.
.
Depois de obras na velha casa,
a nova maison crescia,
preparando nova fase de vida.
Na vida a ele devida.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Longa jornada para um regresso - 2

II

Não foi à tropa nem à guerra,
como tantos da sua moça idade,
muitos para numa caixa de pinho voltar.
.
Pelos anos 60 partiu “de salto”,
de "salto" atravessou Espanha e Pirinéus
e a Paris arribou antes de “arrivar”,
como tantos e tantos mil
menos alguns que a guardia civil alvejou
(como ao “Bicho”, seu – e meu! – vizinho e amigo);
.
em Paris se encontrou,
em Champigny, por aqui e por ali,
em qualquer ville-bidon se acolheu e viveu;
trabalhou como um mouro,
que desse Sul tinha vindo para trabalhar.
.
Fez de tudo,
de maçon a metallo,
para biscates serviu,
com muita habilidade
… e alguma batota.
Foi mais um Fernão Mendes
(e como ele mentiu)
Desenrascou-se, pois então!
.
Logo que pôde
(e mesmo antes de poder...)
começou a vir de "vacanças" à terrinha,
comer frango sem pão,
saber da oliveira e da vinha,
beber menos vinho que Ricard,
mais bière que cerveja,
para alegria de uns, de outros inveja.
.
Reencontrou a antiga conversada,
e pouca conversa foi precisa,
estava a boda preparada.
Logo tudo se arranjou,
com o senhor prior se tratou,
dos banhos e da cerimónia,
e a festa a fartar, com os padrinhos,
os pais, parentes e vizinhos
como é de natureza e de uso secular.
.
E ela foi ter com ele,
na graça de deus e da senhora do lugar.
.
Assim, nova fase da vida começou,
a-dois… e mais os que iriam chegar.

Longa jornada para um regresso - 1

I

Nasceu nos idos anos 40,
numa aldeia deste País.
.
Cresceu de pé descalço e ranho no nariz,
guardou gado,
levou a merenda ao pai
à jorna lá no cimo do monte,
usou enxada e machada,
andou à lenha e foi à fonte;
.
fez fisgas com elásticos inventados,
atirou pedras a pássaros,
“armou costelas”,
chutou bolas de trapo e bexigas de porco;
.
foi à escola, que nem escola era mas um posto escolar,
que Salazar dizia e mandava que
para ensinar a ler, escrever e contar
bastava saber ler, escrever e contar
;
.
trabalhou à jorna,
de sol a sol, de chuva a chuva,
do cantar do galo às “ave-marias”
abriu poços, levantou muros,
pisou uvas, enxertou árvores,
semeou muito, colheu pouco;
.
correu as festas e as feiras,
descobriu-se na descoberta das cachopas,
com algumas se deitou nos palheiros,
entre espigas e barbas de milho;
.
do mundo para além da vila
não sabia de cidades
e de outras terras e notícias;
.
de guerras, ouvira a história do avô
que viera gaseado das franças
e a do avô do vizinho e amigo
que decepara o dedo de dar ao gatilho,
e assim “se livrara”,
e a de outro que fora amparo de mãe e sustento de filho;
.
"foi às sortes", ficou apurado para soldado,
condenado a ir para África matar e morrer.
Ainda fez a festa com os “do ano”,
com os nascidos 20 anos antes,
mas outra vida queria ter.
.
E uma vida nova, outra, tinha de começar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Questões de linguagem... e de ideologia

ensaio para uso externo (de aqui, de estas ficções do cordel):
.
.
Para uns, o provocado ameaça;
para outros, o ameaçado provoca!
.
e vice-versa:
.
Para uns, o ameaçado provoca;
para outros, o provocado ameaça!
.
.
.
Não há acordo ortográfico que apague a ideologia...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

«Curtas (mas verdadeiras)»... diz ele

Ele, o gajo, o mano-velho (faz-de-conta e por isso valendo mais porque somos manos por escolha mútua), é assim! Teimoso como um casburro. Em vez de valorizar a blogaria entrando nesta esfera, manda-me «curtas (mas verdadeiras)» (diz ele...), e eu que as publique se quiser. E eu quero. Por isso, aqui vão umas amostras, isentas de direitos de autor, de IVA e dessas coisas:

«1. -

Ele: Já leste o meu livro?

Eu: Não!

Ele: Este gajo!?... não leu o meu livro!!, nem, ao menos..., aquela parte em que tu entras?

Eu: Que página é?

.

2. -

Outro: Quando o meu 3º filho nasceu, eu estava na prisão.

Eu: Mas era teu filho à mesma ?!

.

3. -

Ela: Já que estão aqui tão perto, podiam vir almoçar cá a casa!

Eu: O que é o almoço?


(à suivre)»


Isto é: há mais! Mas, antes, uma minha:


A. -

Eu: ... então passemos ao debate. Quem é que quer começar?

Eles: ...

Eu: O primeiro é sempre mais difícil...

O 1º: ... posso ser eu... naquele seu livro sobre a moeda única...

Eu: Ah!... foi você que o comprou?!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Fotos antigas - ante(s)passadas

Nas costas desta foto, a lápis, com a letra que reconheço da minha avó Damásia, está escrito:


Caneças, 5 d'abril 1931
Domingo de Páscoa
.
Os dois casais de namorados que a ladeiam (e que ela decerto cuidadosamente vigiava...) eram os meus tios Joaquim Cardoso e Ermelinda, e os meus pais. Só casaram, e no mesmo da 10 de Junho, no ano de 1933. Eu? Só nasci em Dezembro de 1935!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Voltar é "doce" mesmo quando ir não é "magoado" (expressões do crioulo)

Primeiro, rumámos a sul.
Depois, virámos a leste
… e fomos na horizontal,
deixando que o Alentejo nos tomasse de mansinho,
fugindo a cair na vertical da planura.
E de Mora, Brotas, Pavia ficámos,
como sempre nos acontece ficar:
mais alentejanos, mais portugueses, mais nós!
.
Agora, fazemos o caminho ao invés,
no regresso à casa que nos espera
no fim de todas as viagens.

Conversa cuscada no Largo da Anta, em Pavia


“P’ra quê? Atão p’ra quê?!... P’ra quando a gente formos indo à Festa, se a caminheta nã nos der múseca, nós ouvirmos modas no teremóbel…”

Casas agarradas ao chão e campos, campos, campos

Esta é a Rua do Sol, em Pavia.

As ruas rasgam-se pelo meio da vila. Para além das casas agarradas ao chão, por sobre os telhados baixos, depois das paredes caiadas, ao rés dos muros, campos, campos, campos. De oliveiras e de sobreiros. O silêncio e o cante da passarada. E o céu.

sábado, 10 de julho de 2010

Morreu o/Morreu a....

... e assim vamos vivendo!
Hoje, soube da morte do Jorge Humberto Fagundes. Pelo Expresso.
E foi a dorida memória do liceu Pedro Nunes, e da EPAM, e da amizade que connosco crescera e se encontrava às vezes. E já há tanto tempo que não... para nunca mais.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Mais um...

Um "rapaz do meu tempo" morreu ontem, e acompanhei hoje o seu enterro.
Morreu, dizem..., de um tumor que se escondera dentro do hemisfério direito do seu cérebro e, sorrateiramente, à "má fila", fora crescendo, como quem não quer a coisa, até o consumir.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Uma estória de exemplo, neste Junho de 2010

Era o ano de 1997. Era tempo de eleições autárquicas.
Na pequena cidade do país esquecido, os resistentes de sempre faziam o que sempre fazem: resistiam. Era preciso apresentar listas, mostrar que, também ali, a luta continua, que não se deixa apagar na sucessão alternante, denunciando a ilusão-mentira-do-que-vai-ser, e que, periodicamente, substitui a desilusão-escondida-da-ilusão-mentira-que-foi. Era o tempo de mostrar e manter a presença, de segurar os que ainda estariam mas que fugidios gostam de ser, de trazer alguns que se revelaram numa conversa, de recuperar aqueles que talvez recuperáveis sejam.
Naquela pequena quinta de amigos, juntavam-se esforços, havia trabalho militante. Sardinhas, febras, vinho do nosso (e do bom…), sobremesas como contributo para o convívio e a luta.
E… artistas convidados. Dos que também resistentes de sempre são e que naquele dia e para aquele lugar estavam disponíveis. Nalguns casos, com sacrifício que as amizades fazem ignorar. Uns para cantar, outros para dizerem coisas, alguns só para estarem e mostrarem que estavam, ali e com aqueles porque deles/nossos são.
Era o ano de 1997. Tudo como tantas vezes foi e será. Mas um dos vindos de fora, e de longe, porque o acaso o permitira, era diferente. Ou melhor: havia quem sabia e quem sentia que aquela presença era diferente, embora igual a todas as outras, sendo, todas elas, diferentes.
Comiam-se as sardinhas no pão, bebia-se o vinho tirado do piparote, conversava-se e esperava-se o que se sabia que iria ser dito, o que se sabia que iria ser cantado só com a viola a ajudar.
E o homem vindo de longe, com nome e renome nos jornais, ali estava. Interpelado por um ou outro que lhe queria dizer da admiração pela obra, comentando o mais recente livro, pedindo um autógrafo, talvez só trocando as palavras que se trocam enquanto se convive e se está bem.
Também estava alguma comunicação social convidada. Jovens em tirocínio pela imprensa regional, com ou sem um desses cursos que pulularam, com horizontes de carreira profissional aliciante e difícil, exigente. O mais-atento-a tudo-o-que-se-ia-passando-à-volta, sentiu um vazio, um “espaço morto”, um soluço, um hiato.
Aproximou-se de uma das jovens jornalistas que estava perto e disse-lhe: “Conhece o fulano? Apesar daquele ar, ele é acessível e simpático… então para uma jovem como você!... Este ano não calhou, mas olhe que esteve perto, e tenho cá um dedo que adivinha que para o ano é que vai ser. Você, por antecipação, podia fazer um trabalho giro aproveitando ele estar aqui… quer que o apresente?... embora não seja necessário…”.
A jovem sorriu, simpática mas com o ar de quem está a pensar “… estes comunistas!…”. Antes que o pensamento fosse mais longe, aquele comunista atalhou: “… claro que não estou a querer ensinar o sermão ao cura, você é que é a profissional, mas pareceu-me que lhe podia interessar este palpite que tenho e que não é só meu… para o ano é que vai ser!…”.
Ela, a jovem jornalista, manteve o sorriso simpático, acompanhado pelo formal “obrigado…”, passou a outro tema de conversa sobre o local e as perspectivas, o que se considerava como um bom resultado eleitoral, essas coisas…
E o que viria a ser o Prémio Nobel de 1998 não foi abordado pela jovem jornalista impermeável aos palpites, aquele e outros, do comunista-da-casa.
Terá perdido uma oportunidade... lembrar-se-á disso?

domingo, 20 de junho de 2010

Balanço - n

Olhar para trás,
e rever o muito já vivido,
e rever o tudo de que todos fizeram história.
Olhar para a frente,
e saber do pouco resto para ser vivido,
e saber o tudo que será no todo da história.
Tanto caminho andado,
(... também os minúsculos - mas insubstituíveis - passos que são os meus)
e tanto caminho para andar,
para continuar o caminho percorrido em séculos e milénios!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Num mundo... "da corda"!

Neste tempo de informação, com todos os meios que faz com que dela se use e abuse, a saída dos mentirosos é... mentirem mais e, se desmascarados, mentirem mais ainda com falsas verdades ou verdades falsas.
Não, não estou a falar (ou a desabafar) "inspirado" no nosso (salvo seja...) primeiro-ministro. Não, esse não é chamado a estes desabafos neste blog de ficções do cordel.
Mas... não é, mesmo que sim, mesmo que seja. Estou a referir-me ao ambiente em que vivemos. Logo, também e sobretudo, me estou a referir aos que, nesta democracia tão caricatura em que vivemos, são - ou deveriam ser - mais responsáveis, isto é, ao dito primeiro-ministro, seus patrões e seus acompanhantes.
Mas... não! Estou a referir-me à... selecção nacional de futebol (que, como quase todas, é multinacional).

Que seriedade, que honestidade, que verdade resiste à convocatória de um Pepe no estado que o foi, ao despedimento expedito de um Nani nas condições em que o foi, ao valha-nos a Virgem, Nossa Senhora de Fátima do sr. Madail?

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Isto tudo não é do cordel... isto é "da corda"!

domingo, 6 de junho de 2010

Os que fazem-de-donos põem e o gato dispõe...

O caso conta-se em poucas palavras.
A cadeira da sesta-dela estava velha. De anos e de uso. Desconfortável.
Resolveu-se substituir o material, antes do começo da... "época estival". Que aí está.
Lá veio uma cadeira nova. Para as sestas. Dela. "Quer-se dezer".... como se verá.
SExa. gostou da novidade. E antecipou-se.
Enquanto almoçávamos, veio visitar-nos, petiscou... e foi, sorrateiramente, dormir a sesta.
Ora aí está:
E pensam que ela pensou sequer em o incomodar?! Qual-o-quê...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Quem cria o quê e quem faz (de) quem...

Se os homens criam os deuses à sua imagem
(dizem os poetas... lúcidos)
os gatos fazem os que fazem-de-donos
à sua-deles imagem!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dit-elle

«É bom este tempo de anoitecer tarde!...»
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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nocturno

Não. Não se trata de estado de espírito. Não se preocupem...
É, apenas, uma foto em que tropecei duas ou três vezes quando procurava uma outra e que parecia desafiar-me a que a colocasse. Aqui está.
Um nocturno captado no quintal numa noite de luar, reflectido na piscina ainda coberta:


sábado, 15 de maio de 2010

Deste canto da sala

Deste canto da sala, onde vou lendo e trabalhando,
para estar com ela,
enquanto recupera de maselas...

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... com o sol
ainda a entrar e a reconfortar-nos com esta luz única porque só aqui, a esta hora e só para nós.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Où que me portent mes voyages la Grèce me blesse

Quantas vezes ouvi esta tão bela Melina Mercouri, e, quantas vezes..., sussurrando, troquei a Grécia por Portugal?

Será um fado?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

estórias... - 42-Só nos saem duques...

Ontem, foi o Benfica, com toda a histeria dos festejos da vitória (que continuaram por hoje), e a violenta contra-manifestação no Porto, e mais a violenta contra-contra manifestação policial, que me levaram à escrita de uma estória de desporto.
Hoje, entre a visita de ex-ministros das finanças a um dos seus e a visita de Bento XVI à nossa terra e o anúncio (ou só aviso-ameaça?) do aumento do IVA e os 24 que vão à África do Sul dobrar o Cabo da Boa Esperança, ainda sobrou tempo de informação mediática para nos darem pormenores sobre o estado de saúde de um senhor Juan Carlos, ao que dizem rei de Espanha, e foi esta parte do noticiário que me lembrou um outra estória. Fidalga.
Aí vai ela (não terá sido exactamente assim., mas trata-se de ficção... do cordel):
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O meu pai tinha um viciozito, sim, não chegava a ser vício. Era o viciozito da jogatina. Nada de muito grave, mas suficientemente grave para perturbar o ambiente familiar. Porque as sessões de jogo muitas vezes se prolongavam pela noite e madrugada dentro a entrar na manhã, o que não era nada agradável para a minha mãe (nem para mim, à medida que me ia apercebendo), mas também descobria nela alguma resignação (diria, sob protesto...) feminina. Se calhar, isto é um suponhamos..., a minha mãe preferia que ele "perdesse a noite", sabendo ela onde ele a tinha perdido, do que ele viesse para casa a horas mais apropriadas sem ela saber de onde ele vinha, ou não querendo saber, ou procurando saber através de algum vestígio na roupa ou no odor. No do meu pai, era só tabaco, porque nesse tempo se fumava... mas só os homenes, e então à mesa com pano verde era grande o consumo.
Bom, eram assim aqueles tempos...
Pois um dia, já comigo adolescente, nuns momentos de descontração, que não eram muito frequentes como parece quase nunca serem entre pais e filhos, ele contou-me uma estória me me veio agora à memória.
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- Queres que eu te conte uma coisa que me aconteceu, aqui há tempos, há uns bons anitos, no Ateneu Comercial de Lisboa?
- Sou todo ouvidos...
- ... estávamos a formar uma mesa de jogo com os parceiros habituais...
- Mas não é na Casa do Alentejo que tu vais jogar?
- Agora é... mas nesse tempo era no Ateneu e, como te tenho dito, sempre joguei e continuo a jogar comedidamente, nunca arrisco mais do que posso...
- Pois... mas...
- Já temos falado sobre isso... mas agora queria conta-te a história...
- Conta, conta...
- Estávamos a ver se formávamos uma mesa, e faltava dos nossos parceiros habituais. Então um dos nossos amigos, um fulano muito "da alta", lembrou-se de ter visto a jantar sózinho num restaurante da Rua Jardim do Regedor um seu conhecido com quem costumava fazer umas sessões de jogo, parece que em Cascais... era alguém dos meios do então rei de Espanha, por ali exilado, e perguntou-nos se veriamos inconveniente em o ir convidar... se ainda estivesse no restaurante, Claro que ninguém se opôs, apesar das regras apenas permitirem formar mesas com sócios... mas dada a necessidade e as credenciais...
- E então, ainda apanharam o gajo?
- Gajo?... essa vossa linguagem... Ainda por cima esse a quem tu chamas gajo estava no restaurante, aceitou o convite, era simpatiquíssimo e foi um excelente parceiro. Mas o engraçado da história não está aí.
- Sim, até agora não teve lá muita graça...
- Pois não. A graça está em que, quando o fulano chegou, todo pinoca, cheio de "nove horas", o nosso parceiro o apresentou como... duque de não sei quê, e sabes qual foi a minha reacção?
- Sei lá...
- Muito prazer, é a primeira vez que aperto a mão a um duque fora do baralho.
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Ri-me mesmo a sério, e ainda hoje rio.

Uma estória... - 41-...de desporto

Hoje, apetece-me contar uma estória "desportiva". Porque será?
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Em Maio de há quatro anos, já noite dentro, voltávamos lá do norte, de uma deslocação com a equipa de hóquei do Juventude Ouriense e parámos, como era habitual, numa estação de serviço.
Vinha tudo bem disposto, todos passaram pelos sanitários (é uma coisa que quando faz um português, fazem logo dois ou três), uns dirigiram-se ao balcão dos bebes-e-comes, outros fizeram a sua vistoria, também habitual, das revistas em exposição com corpos apetitosos em exposição. Uns mais calmos, outros mais excitados.
Sob o olhar vigilante dos empregados da estação de serviço, tudo estava a correr muito bem, ao contrário do que às vezes acontece por aquelas paragens, com claques, no regresso de jogos de futebol. Muito animados, barulhentos, mas nada demasido, nem a animação, nem o barulho.
Um casal que entrou na loja e bar da estação de serviço começou por mostrar alguma desconfiança por ver tanto fato de treino e alguma agitação, mas logo perdeu os eventuais receios porque, na verdade, o grupo estava mesmo animado, ria e brincava mas não havia sinais de excessos ou de que eles pudessem vir a aparecer.
Talvez estimulados pelo ambiente, e porque eu estava um pouco afastado dos mais exuberantes, dirigiram-se-me, a "meter conversa", decerto tranquilizados pelas minhas barbas brancas (já o estavam há quatro anos...).
- Então... parabéns...
- Obrigado.
- Pelos fatos de treino, já vimos que são de Ourém... bonita terra... o que é que jogam?
- Jogamos hóquei...
- Sim, senhor... e o amigo é treinador, ou massagista, ou dirigente?... jogador não é...
- Pois não, pois não... bem gostava ainda... sou o presidente da direcção...
- Ah! muito bem, muito bem... jogaram onde?
- Em Valongo, ou melhor, em Balongo...

(riram-se)

- Sim, senhor... e ganharam por quantos?
- Não ganhámos... perdemos por 6-1.
- O quê?!... E estão assim a festejar... parecem tão contentes... e perderam?!... e por 6-1!?
- Pois é! Nós somos assim. É assim que encaramos o desporto!
Despedimo-nos. com simpatia mútua e desejos de felicidades.
... Só não lhes disse, para não diminuir o efeito... pedagógico, que apesar de termos perdido (e por 6-1) subiramos à 1ª divisão nacional, e que era, por várias razões (não só desportivas), o dia mais feliz da minha longa carreira desportiva.


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Dias depois, ainda festejando,
a cantar Grândola
com o meu amigo Jorge Godinho

sábado, 8 de maio de 2010

Crise

E não vem ninguém comprar (e beber comigo...) a porra de uma bebida!
Está cá uma crise...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Dizeres e fazeres - 2

Antes de mim (ou... vá lá... antes de nós) era o caos!
Agora, comigo... é o caos!... mas a culpa é do caos antes de mim e que eu vim resolver!
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Mas, antes de ti..., o caos não era tão grande quanto tu o dizias
e, agora..., o caos parece bem maior do que tu o dizes!

Dizeres e fazeres - 1

- «Eu sou frontal no que digo!», diz ele.
E, depois, aos (e como de) costumes, disse... nada.
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Eu, por mim, não digo que sou frontal... sou frontal no que digo. E no que faço.
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- « Mas tu és... comunista!»
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Ah! pois sou.
Sou comunista. Frontalmente! E sei porquê.
E tu... és o quê?


terça-feira, 4 de maio de 2010

De que mundo sou?

Vivo aqui. Os meus vizinhos são aqueles com quem vivo paredes meias, mesmo que as paredes não sejam a meias porque campos as separam. Mas é a gente com quem me cruzo todos os dias, ou quase todos, nestes caminhos que são os da vida.
É com quem quotidianamente convivo… Damo-nos as salvações, ouço-lhe as vozes ou os carros quando passam na estrada, às vezes (e não poucas!) provam amizade ao trazer-me premissas, ovos, uma galinha, azeite, um garrafão do vinho novo. Não para “pagar favores”, que o único favor que lhes faço é ser seu vizinho, com eles conviver e, por isso, ser solidário quando há razões para mostrar solidariedade.
Alguns são velhos amigos. Do tempo de cachopada, de adolescência, de dias inteiros passados atrás de uma bola, ou à porta do Xico ou no Campo de S. Sebastião, de adultos nos descobrirmos. E de sempre nos reconhecermos.
Mas, por vezes, sinto que há mundos a separarem-nos. Não as paredes meias, nem os campos e campos, mas vivências que nos aproximaram esporadicamente e nos afastaram insanavelmente. Nunca fui o senhor economista, ou o senhor deputado, ou o senhor doutor, mas sou o doutor (e o comunista!), tenho mais livros e jornais em casa que toda a aldeia junta, sei de coisas e falo de coisas que não são as coisas que eles sabem e de que eles falam.
Queria tanto estabelecer pontes! Procuro-as, mas pouco encontro para além de uns copos e das recordações comuns. Falar o quê?, de quê?, falar do PEC?, argumentar pelo sim à IVG (e em que condições), e ouvir de resposta «valha-me Deus, que pecado!, tirar a vida a inocentinhos…» pela boca de quem fez sabe lá quantos "desmanchos", com a graça de deus porque sobreviveu aos enormes riscos?, conversar com professores que por aqui procuram a tranquilidade e nada dessas «coisas da política»?
Mas em que mundo vivo? Não é neste e com esta gente, de que sou e de que gosto de ser?

A Dora, com a minha mãe e as irmãs Luisa e Maria "Santo Amaro",

numa foto de há mais de meio século


Tudo isto viaja dentro de mim, mas um dia destes bateu-me violentamente à porta (por esse lado de dentro). Morreu a Dora! A Maria da Adoração Costa, uma vizinha que foi bem mais que vizinha, e de cuja morte apenas soube umas horas depois do enterro. E tinha estado aqueles dias em casa, com o carro visível, se calhar entrando e saindo para pequenos percursos nele montado ou a pé. Ninguém me disse nada!
A Dora era uma muito jovem mãe solteira que vivia com a mãe no Vale da Perra e que, numas férias, veio trabalhar cá para casa, para “criada”, como então se dizia. Veio à experiência, agradou à minha mãe, foi para Lisboa connosco.
Há 60 anos! E ficou anos em nossa casa. Não sei quantos. Quantos quis, até mudar de querer, de vida, de estado. Casou com o Zé da Barroca, velho amigo de futeboladas e festas de aldeia, de quem teve mais dois filhos, e que cedo «foi para adubo», como ele dizia.
Depois, quando a minha mãe precisou de quem a tomasse a seu cuidado, e antes da solução inevitável da ida para um lar, o de Vilar dos Prazeres, onde eu a visitava quase todos os dias até à sua morte, aos 96 anos, ainda foi da Dora que me lembrei e com ela se tentou a continuação da vida na casa da Rua do Sol, e foi como se duas amigas se reencontrassem.
E muitas vezes nos encontrávamos, até porque ela tinha, com outras senhoras vizinhas, o hábito de dar passeios para «fazer bem à saúde», e connosco se cruzava.
E, agora, morreu a Dora e eu apenas soube umas horas depois do enterro. Queria ter-me despedido dela, dar um abraço aos filhos, filha e netas.
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De que mundo sou?, com quem convivo?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Desato-me. E dato-me.

Acabei de almoçar. O resto do excelente bacalhau de ontem, aquecido no micro-ondas.
A Zé foi às suas artes-e-andanças das heranças, lá para os entroncamentos, e almocei sozinho. Estava óptimo o ex-bacalhau no forno (recuperado em ondas-micro) com as batatas a murro, mas ainda melhor me souberam os dois copos do excelente tinto da lavra do meu amigo de infância Manel Sardinha, que aqui me deixou como oferta (naquela embalagem de plástico, ó Manel?, então os garrafões do nosso tempo?), que cada vez melhor me sabe (do verbo saber…).
Por isso, me desato, datado que estou. Me desatei a pensar e, agora, me desato a escrever.
Ainda hesitei entre a sesta e o pôr-me aqui a pôr em papel, faz-de-conta…, o que me veio vindo à cabeça enquanto almoçava. Mas, como se pode (v)ler, decidi-me por aqui vir. Desatar-me.
(Depois de lavada a louça, claro!)
Então… é assim:
Se eu não fosse eu, admirava-me! Não que ache que sou um exemplo, e muito menos sou um ídolo de mim. Talvez pelo contrário. Mas… se eu não fosse eu, admirava-me.
Se eu não fosse eu, criticava-me duramente (o que, noutras circunstâncias, poderia considerar auto-critica). Mas há pouco não me deu para isso. Há pouco, enquanto almoçava, admirava-me. Admirava-me por ter sido sempre surdo aos cantos das sereias (e alguns cantos de algumas sereias foram), por – já que estou em imagens zoológicas – me ter mantido, e manter!, teimoso como um burro no que sei que é coerência, respeito por/cumprimento de valores e princípios. Sem transigências. Cujas são, sempre, o começo do fim da coerência… diria o teimoso como um burro. que não zurra mas diz, e escreve, e assina.
Estas são daquelas coisas que eu escreveria, datadas e desatando-me, se ainda escrevesse a minha espécie de diário, de que tenho uns milhares de páginas. Estou sempre a pensar em retomar essa abandonada maneira de comunicar comigo, de que o gosto de (ou o apelo a) comunicar com os outros me desviou para estas veredas bloguistas.
Dato-me, desato-me e adapto-me.