Vou reanimá-lo (reanimar-me!?) pois parece-me lugar onde... o lugar onde colocar, numa primeira arrumação, estes "bonecos", guerrilheiros urbanos, do João, perdão, do Morales, um certo artista de que gosto muito... desde tenra idade (dele e minha...). É uma série de 12, a que darei o título genérico do tele(móveis)filia, pandemia de hoje.
faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.
...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.
José Gomes Ferreira
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.
José Gomes Ferreira
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
tele(móveis)filia, pandemia de hoje - 1 e 2
Desde Agosto que aqui não (a)posto nada. E gostava tanto deste espaço...
sábado, 10 de agosto de 2019
Do ouro (e outras matérias) ao nada
dos "reis" aos "escudos"
dos "tostões" aos centavos"
dos "malreis" aos "contos"
dos "écus" aos "euros"
dos "escudos" aos "euros"
dos milhões aos zeros
Coisas...
Ser velho
é queixar-se da solidão
e o que mais deseja
é estar só
no aconchego do seu canto
no sossego das suas memórias
no contar das suas histórias
SOU UM VELHO
terça-feira, 30 de julho de 2019
O táxi e o GPS, em Lisboa
Ela e ele deixaram o carro estacionado perto do apartamento na Venda Nova e, cansados da viagem e um pouco atrasados, pouparam-se da caminhada até o metro e procuraram um táxi que passasse. Só o encontraram, parado e livre, na praça que de táxis é, já depois das Portas de Benfica.
Ele, cavalheiro que se preza nestas coisas de entradas e saídas, abriu a porta para Ela se acomodar e, quando conseguiu meter lá dentro o corpo todo (o que já foi mais fácil em tempos idos) e deu as urbanas salvações ao taxista (não correspondidas, aliás), já estavam os dois comunicando entre si sobre o destino da chamada corrida.
"Bento da Rocha... quê?, Cabral?...", "... isso...", "... ora deixe cá ver...", quando se meteu na história um 4º personagem chamado GPS ... 4º personagem?, não!, porque os protagonistas ficaram reduzidos a 3 uma vez que Ele desistiu de tentar dizer que conhecia bem a tal rua, que é calçada à ilharga da sede do PS, no Rato, redondezas que conhece bem pois morou na Rua do Sol (também do ou ao) Rato, de 1939 (!) até... não interessa quando... uma vida; deixou os três entenderem-se, esclarecerem as dúvidas (que eram muitas), os itinerários para que cada um de dois dava palpites enquanto o introduzido 4º (promovido o 3º) se ia adaptando e apontava setas, sem aparentar melindre por não lhe seguirem as indicações anteriores.
Ele aninhou-se no cantinho direito do banco de trás do carro, e fez-se espectador distanciado.
Quando desciam a Rua D. João V, antes de entrarem no Largo do Rato, saiu do seu anónimo e silencioso recolhimento e disse, peremptório, firme mas sem acrimónia: "Pare aí, por favor!", pagou e saíram os dois iniciais deste contar, viraram à esquerda (a pé e de mão-dada), caminharam serenos passando em frente da tal sede do dito Partido Socialista (que não o é), contornaram-no na primeira calçada à esquerda. E estavam na Calçada Bento da Rocha Cabral.
Fim de história (o taxista deve ter ficado a trocar impressões com o GPS sobre o trânsito de Lisboa e o melhor percurso das Portas de Benfica ao Largo do Rato)
sexta-feira, 19 de julho de 2019
A cura do que é incurável
O paciente falou, falou, contou, contou...
E continuava a contar...
O médico ouvia... pacientemente...
Resolveu intervir.
"Desculpe lá, tenho de o interromper... já tenho dados suficientes para lhe fazer o diagnóstico..."
"'Tá bem, s'tor. Mas ainda não acabei de contar. Há pontas soltas que tenho de ligar..."
E recomeçou a contar.
Contou, e recontou, e alinhavou pontas...
O médico... pacientemente... ouviu, ouviu...
Ouvia, há horas, o paciente e resolveu intervir, de novo e em desespero e destemp(er)o.
"Está bem, está bem! O meu diagnóstico está mais que confirmado:
O QUE O SENHOR TEM É EXCESSO DE MEMÓRIA! Doença que, sendo de inevitável cura (com o tempo), é incurável para já.
Não sei que lhe receitar...
Olhe: trate-se... E FAÇA POR ESQUECER!"
E continuava a contar...
O médico ouvia... pacientemente...
Resolveu intervir.
"Desculpe lá, tenho de o interromper... já tenho dados suficientes para lhe fazer o diagnóstico..."
"'Tá bem, s'tor. Mas ainda não acabei de contar. Há pontas soltas que tenho de ligar..."
E recomeçou a contar.
Contou, e recontou, e alinhavou pontas...
O médico... pacientemente... ouviu, ouviu...
Ouvia, há horas, o paciente e resolveu intervir, de novo e em desespero e destemp(er)o.
"Está bem, está bem! O meu diagnóstico está mais que confirmado:
O QUE O SENHOR TEM É EXCESSO DE MEMÓRIA! Doença que, sendo de inevitável cura (com o tempo), é incurável para já.
Não sei que lhe receitar...
Olhe: trate-se... E FAÇA POR ESQUECER!"
sábado, 13 de julho de 2019
Um dia assim
25.06.2019
Separam-me anos-luz de gente com que convivo dia-a-dia!
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Gente que é minha contemporânea, conterrânea, co-espacial, do mesmo
tempo e lugar…
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vizinha mas em infindas léguas à
distância do que eu sei, e eu nas lonjuras do que essa gente sabe,
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… e também do que são as vidas, ou dos viveres dessa gente.
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Do que são as nossas vidas tão próximas, tão comuns… e nós tão estrangeiros uns e
outros, essa gente e eu.
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E tão nós, e tão sós!...,
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tão do mesmo espaço e tempo, lado-a-lado, ombro-com-ombro, por vezes juntos
nossos corpos, tão corpo-a-corpo e tão separados nós…
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Todos tão iguais na concepção, no nascer, no morrer.
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Nos risos, nas lágrimas, no que nos faz chorar e rir.
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Sempre eu-sou-os-outros, o-outro-e-eu-somos… nós.
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Que faço eu?,
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escrevo – faço, edito, distribuo – livros para os outros lerem, livros
que os outros não lêem ou que nem sabem que foram escritos.
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Que digo nos livros?
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Digo o que julgo ser, conto como penso ter chegado ao que sou,
atrevo-me a projectar que iremos ser, com o que quero que seja o meu
contributo.
&-----&-----&
Foi o dia em que fui buscar as histórias ante(s)passadas à
tipografia, algumas das histórias antes passadas em família e com amigos.
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Tem, sempre, um pingo de emoção,
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mesmo que não seja a enxurrada que já foi e pode voltar a ser…
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Já o dei à co-autora (quase… por tão grande a ajuda),
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à Rosa, ao Zézito (do "Galinha"), ao Carlos/Susana, já me faltam poucos para esgotar a
edição.
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E… adiante…
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Tive uma manhã de eficácia após uma noite… esquisita e curta – apaguei a
luz às 2 levantei-me não eram 8! –
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… há qualquer coisa que não está a funcionar mas o certo certo é que
devo dar-me por muito satisfeito por ainda haver algumas coisas que funcionam.
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Foi curiosa a reacção do Zé “Galinha”… a aliciar-me para colaborar num
estudo sobre o Zambujal, ao que parece em gestação no seio da catequese.
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É uma ideia interessante para o Centro de Documentação, em colaboração
(como?) com a tal da catequese.
&-----&-----&
Andei à procura de coisas… para recomeçar a entrevista e outras cousas.
&-----&-----&
Está bem encaminhado!
segunda-feira, 20 de maio de 2019
Lembranças...
De um papel ao acaso
O homem em velho sido ficou só.
De súbito,
ela fora a correr acorrer a um chamado.
a um miado, a um a pêlo.
O homem ia dizer qualquer coisa,
sobre que discorria lentamente,
sobre um filme, sobre a dolce vita,
a propósito dos ilúcidos envelhecimentos.
Embuxou,
e bebeu um trago já,
já tardio...
Pôs-se, sozinho, a conge minar...
e engatilhou uma frase:
fui posto abaixo de gato,
que desacgato,
que desgoasto!
que saudades do Mounti!
quarta-feira, 8 de maio de 2019
AQUI, HOJE
Cada luta é parte de uma
outra-a-mesma luta.
A minha luta é a tua luta
ainda (pois!, ainda...) que tu o não
saibas
mesmo que lutes contra a que é a nossa luta.
aqui,
por querer fugir ao gongórico
(ao rebuscado, ao pretensioso)
hoje,
porque a actualidade m'o pede
porque não sou capaz de calar!
sexta-feira, 3 de maio de 2019
passo-a-passo
Passo-a-passo
A cada passo me encontro,
a cada passo me desencontro
Passo adiante…
Passo nesta jogada?
NÃO!, nunca!
Dou o próximo passo!
De encontro?, de desencontro?
de caminho a fazer!
domingo, 28 de abril de 2019
Mesas ao lado...
Ele há cada cretino...
este, ali de perfil,
convencido e cheio de si,
isto é, VAZIO
a falar de Salazar e da 2ª guerra,
de Goa, e de Dadrá e Nagar-Aveli
Fala, fala, fala
e bate com a mão na coxa...
Pode (será possível?) estar a dizer coisas certas...
.... é um cretino, um velho tonto!
este, ali de perfil,
convencido e cheio de si,
isto é, VAZIO
a falar de Salazar e da 2ª guerra,
de Goa, e de Dadrá e Nagar-Aveli
Fala, fala, fala
e bate com a mão na coxa...
Pode (será possível?) estar a dizer coisas certas...
.... é um cretino, um velho tonto!
Um casal jovem
face a face
que não se olham nos olhos
que não se vêem
que dedilham
(cada um de seu lado da mesa)
o seu telemóvel...
Porquê?, porque razão?... perguntas tu....
... mas para tudo são precisas razões?
Neste tempo sem razão,
neste tempo em que o tempo foge
e a razão esmorece...
Neste tempo sem razão,
neste tempo em que o tempo foge
e a razão esmorece...
quinta-feira, 25 de abril de 2019
Por aqui passando...
Por onde tenho andado?
Que tenho feito?
que aqui nada tenho deixado...
Por outras ficções,
puxando outros cordéis,
vivendo outras/a mesma vida.
(que outra não há!)
Que tenho feito?
que aqui nada tenho deixado...
Por outras ficções,
puxando outros cordéis,
vivendo outras/a mesma vida.
(que outra não há!)
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
"2019 - 1º dia
o que eu teria escrito na toalha de papel...
se não tivesse almoçado (opiparamente...) em casa:
ESTE É UM TEMPO TÃO TÃO DESEQUILIBRADO
QUE SÓ OS DESEQUILIBRADOS (OU EQUILIBRISTAS?...)
PARECEM EQUILIBRAR-SE!
se não tivesse almoçado (opiparamente...) em casa:
ESTE É UM TEMPO TÃO TÃO DESEQUILIBRADO
QUE SÓ OS DESEQUILIBRADOS (OU EQUILIBRISTAS?...)
PARECEM EQUILIBRAR-SE!
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