19.
O Senhor Administrador preparava o seu fim de dia.
Fora uma tarde calma. Acertando uns pormenores, assinando expediente e cartas. Nada de excitante.
Satisfeito consigo, esperava-o um jantar “de negócios”, talvez uma ida a lugar reservado de diversão nocturna, com encontros de vário tipo se o jantar lhe desse disposição para mais umas horas antes de recolher a casa.
Comunicara à Esposa o programa, em que ela não entrava e que ajustara à informação adequada, ouvira de novo os anseios e as preocupações sobre “a casa para a nossa Menina”.
Já preparara com a Secretária a agenda para o dia seguinte, e autorizara-a a, após o encerramento do expediente e envio de mensagens, terminar o dia de trabalho.
Descontraidamente, sentou-se no confortável sofá, e começou um zapping inconsequente.
Numa passagem, ouviu falar de O Caso do Homem do Guincho. Deteve-se, por desfastio.
Até que se começou a interessar, e mais que interessado ficou quando, após depoimentos inócuos, viu a imagem do homem, isolado numa rocha no meio do mar que o ia rodeando e breve submergiria. Reconheceu o Homem que ali estivera naquela manhã.
Depois, no testemunho de um GNR, do Guarda-republicano, algumas informações mais precisas, sobre o seu conhecimento daquele homem desde manhã, a pasta deixada na Boca do Inferno, a referência ao problemas financeiros e a uma reunião num banco…
Saltou do sofá. Correu a tempo de apanhar a Secretária, já vestida para sair. “Veja se ainda aí está, nos Recursos Humanos ou noutro sítio qualquer, o senhor Director da Agência de… ele que venha falar comigo. Imediatamente. Vá, despache-se!”
E voltou para a televisão. Ouviu mais uns pormenores sem interesse sobre o salvamento do homem, e o anúncio de que, no jornal da noite, haveria actualização da reportagem se não se viesse a justificar interrupção para um novo directo.
A Secretária introduziu o Director da Agência no grande gabinete. Encontrou o Senhor Administrador nervoso, excitado.
“Não viu a televisão?!...”
“Não, Senhor Administrador… tenho estado nos Recursos Humanos… um problemazito…”
“Deixe isso… quero lá saber… aquele fulano, o seu amigo que me mandou cá hoje de manhã está a dar bronca… e da grossa…”
Contou o pouco que sabia pelo que ouvira na televisão.
“Tem de se fazer alguma coisa. O nome do banco está envolvido… E eu lixado, claro. Ajude-me a organizar uma grande operação de salvamento. Temos de ser nós! Fale aí com a Secretária, mobilizem a segurança, tratem de tudo. Já!”
Assim que o Director da Agência saiu, foi ligar para o Comendador. Não queria que este soubesse do que quer que fosse antes dele o informar… e que estava tudo controlado. Por ele.
Fora uma tarde calma. Acertando uns pormenores, assinando expediente e cartas. Nada de excitante.
Satisfeito consigo, esperava-o um jantar “de negócios”, talvez uma ida a lugar reservado de diversão nocturna, com encontros de vário tipo se o jantar lhe desse disposição para mais umas horas antes de recolher a casa.
Comunicara à Esposa o programa, em que ela não entrava e que ajustara à informação adequada, ouvira de novo os anseios e as preocupações sobre “a casa para a nossa Menina”.
Já preparara com a Secretária a agenda para o dia seguinte, e autorizara-a a, após o encerramento do expediente e envio de mensagens, terminar o dia de trabalho.
Descontraidamente, sentou-se no confortável sofá, e começou um zapping inconsequente.
Numa passagem, ouviu falar de O Caso do Homem do Guincho. Deteve-se, por desfastio.
Até que se começou a interessar, e mais que interessado ficou quando, após depoimentos inócuos, viu a imagem do homem, isolado numa rocha no meio do mar que o ia rodeando e breve submergiria. Reconheceu o Homem que ali estivera naquela manhã.
Depois, no testemunho de um GNR, do Guarda-republicano, algumas informações mais precisas, sobre o seu conhecimento daquele homem desde manhã, a pasta deixada na Boca do Inferno, a referência ao problemas financeiros e a uma reunião num banco…
Saltou do sofá. Correu a tempo de apanhar a Secretária, já vestida para sair. “Veja se ainda aí está, nos Recursos Humanos ou noutro sítio qualquer, o senhor Director da Agência de… ele que venha falar comigo. Imediatamente. Vá, despache-se!”
E voltou para a televisão. Ouviu mais uns pormenores sem interesse sobre o salvamento do homem, e o anúncio de que, no jornal da noite, haveria actualização da reportagem se não se viesse a justificar interrupção para um novo directo.
A Secretária introduziu o Director da Agência no grande gabinete. Encontrou o Senhor Administrador nervoso, excitado.
“Não viu a televisão?!...”
“Não, Senhor Administrador… tenho estado nos Recursos Humanos… um problemazito…”
“Deixe isso… quero lá saber… aquele fulano, o seu amigo que me mandou cá hoje de manhã está a dar bronca… e da grossa…”
Contou o pouco que sabia pelo que ouvira na televisão.
“Tem de se fazer alguma coisa. O nome do banco está envolvido… E eu lixado, claro. Ajude-me a organizar uma grande operação de salvamento. Temos de ser nós! Fale aí com a Secretária, mobilizem a segurança, tratem de tudo. Já!”
Assim que o Director da Agência saiu, foi ligar para o Comendador. Não queria que este soubesse do que quer que fosse antes dele o informar… e que estava tudo controlado. Por ele.
2 comentários:
Este director é um modelo de virtudes. Já me está a fazer saltar a tampa. Estou-lhe cá com un verdete!
Campaniça
A Campaniça madrugou!!!
O Senhor Administrador é uma bela peça. Faz-me lembrar o inventor do magalhofa...
Não sei o que vai acontecer, mas de certeza que o Homem, com tanto socorro, vai ser salvo...
Bom dia!
Até sábado, aqui.
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