25.
“Mas não quer, ao menos…, uma boleia? Nem quer que os levemos a casa?”, ainda ouviu, distraído, o Homem.
“Não, não… muito obrigado. Até amanhã.
Depois, amanhã, passo pela Agência e, de lá, telefonarei ao Senhor Administrador, se me puder atender, claro…”
“Com certeza, com certeza…”, disseram os dois, enquanto a porta do elevador se fechava para eles, com o Homem dentro e a caminho do encontro com a Mulher.
O encontro não se conta. O que já foi dito (pelo Narrador) e assim se cumpre.
Na rua, de mãos dadas como se ainda abraçados, com os olhos húmidos, os dois, a Mulher e o Homem, caminhavam pela cidade como se toda a cidade deles fosse. E era.
Se o Homem não quisera que a Mulher subisse àquele gabinete e se, em duas palavras, lhe dissera porquê e tudo o resto, tudo o resto estava por dizer.
Mas tinham tempo. Todo o tempo do mundo. Refaziam um caminho. O caminho que fora o do Homem quando, naquele já tão longínquo fim de manhã, saíra do gabinete do Senhor Administrador e do banco.
Mas, agora, fazia esse caminho com mãos dadas nas suas.
Até ao Cais do Sodré, atravessado o largo e a avenida como que passando, os dois, por meio das pessoas e dos carros que abriam caminhos. Aquele caminho.
Tomaram um comboio. O primeiro que iria partir para Cascais. Sentaram-se. Era ali, frente a frente, olhos nos olhos, sempre com as mãos dadas, que iriam contar-se tudo o que acontecera, o vivido e adivinhado.
Foi uma viagem bonita. Com uma história para ser contada. De que todos sabemos o enredo, mas contada por ele para ela. Ouvida por ela, por ela chorada e comentada.
Assim chegaram a Cascais. E quando chegaram fizeram o que entre os dois tinham decidido: ir ao posto da GNR procurar o Guarda Republicano.
Na brevíssima troca de palavras quando descera do helicóptero, o Homem ainda dissera ao Guarda Republicano, emocionados os dois, “ainda hoje o procuro…”. O outro sorrira. Apenas sorrira.
Depois, no minuto seguinte, que chegou após um intervalo de horas de entendimento, o Guarda Republicano acrescentara “não tenha pressa… mas não se esqueça que tem lá a pasta no posto…”.
O Homem repetia, ao começo da noite, o caminho que fizera, há muitas horas, acompanhado, sentindo e retendo a funda impressão de que não estava sozinho. Que outros homens, seres humanos, havia.
Assim o sentira, como quem toma consciência, quando, sentado na rocha, rodeado pelo mar que subia, rugia e o ameaçava, se apercebera que o vulto ao longe que com ele se esforçava por comunicar e dar força era o do Guarda Republicano.
Agora, fazia o mesmo caminho com a Mulher, com a companheira. De mãos dadas.
“Não, não… muito obrigado. Até amanhã.
Depois, amanhã, passo pela Agência e, de lá, telefonarei ao Senhor Administrador, se me puder atender, claro…”
“Com certeza, com certeza…”, disseram os dois, enquanto a porta do elevador se fechava para eles, com o Homem dentro e a caminho do encontro com a Mulher.
O encontro não se conta. O que já foi dito (pelo Narrador) e assim se cumpre.
Na rua, de mãos dadas como se ainda abraçados, com os olhos húmidos, os dois, a Mulher e o Homem, caminhavam pela cidade como se toda a cidade deles fosse. E era.
Se o Homem não quisera que a Mulher subisse àquele gabinete e se, em duas palavras, lhe dissera porquê e tudo o resto, tudo o resto estava por dizer.
Mas tinham tempo. Todo o tempo do mundo. Refaziam um caminho. O caminho que fora o do Homem quando, naquele já tão longínquo fim de manhã, saíra do gabinete do Senhor Administrador e do banco.
Mas, agora, fazia esse caminho com mãos dadas nas suas.
Até ao Cais do Sodré, atravessado o largo e a avenida como que passando, os dois, por meio das pessoas e dos carros que abriam caminhos. Aquele caminho.
Tomaram um comboio. O primeiro que iria partir para Cascais. Sentaram-se. Era ali, frente a frente, olhos nos olhos, sempre com as mãos dadas, que iriam contar-se tudo o que acontecera, o vivido e adivinhado.
Foi uma viagem bonita. Com uma história para ser contada. De que todos sabemos o enredo, mas contada por ele para ela. Ouvida por ela, por ela chorada e comentada.
Assim chegaram a Cascais. E quando chegaram fizeram o que entre os dois tinham decidido: ir ao posto da GNR procurar o Guarda Republicano.
Na brevíssima troca de palavras quando descera do helicóptero, o Homem ainda dissera ao Guarda Republicano, emocionados os dois, “ainda hoje o procuro…”. O outro sorrira. Apenas sorrira.
Depois, no minuto seguinte, que chegou após um intervalo de horas de entendimento, o Guarda Republicano acrescentara “não tenha pressa… mas não se esqueça que tem lá a pasta no posto…”.
O Homem repetia, ao começo da noite, o caminho que fizera, há muitas horas, acompanhado, sentindo e retendo a funda impressão de que não estava sozinho. Que outros homens, seres humanos, havia.
Assim o sentira, como quem toma consciência, quando, sentado na rocha, rodeado pelo mar que subia, rugia e o ameaçava, se apercebera que o vulto ao longe que com ele se esforçava por comunicar e dar força era o do Guarda Republicano.
Agora, fazia o mesmo caminho com a Mulher, com a companheira. De mãos dadas.
2 comentários:
Estou a ficar triste porque percebo que este conto se aproxima do fim. Mas, estou desertinha por ler, "ouvir", a conversa do Homem com o anjo da guarda republicana.
Campaniça
Caem-me lágrimas de ternuras pela ternura das tuas palavras.
Não era suposto...
Até sábado, aqui
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