faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

sábado, 2 de maio de 2009

ou... "Uma História com um Final (aparentemente) Feliz" - 26

26.

Os dois homens, o Senhor Administrador e o Director da Agência, ficaram sem saber que dizer. Ali, à porta do elevador que se fechara para eles.
“Bom..., disse o superior hierárquico, querendo agarrar rédeas que lhe fugiam, … não esperava por esta… vamos lá reagir! “
“Realmente…”, disse o outro, e nada mais disse com receio de dizer coisas que não devesse dizer.
Mas o Senhor Administrador não era homem para longos silêncios e elucubrações.
“Vamos lá a ver… o jantar fica sem efeito (chamou a Secretária, deu-lhe as ordens derivadas da decisão e, magnânimo, ainda lhe deu permissão para ela terminar o seu longo dia de trabalho) … mas ainda podemos aqui fazer uma rápida reunião de trabalho antes de você partir lá para a terra…”.
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Sentaram-se e ele continuou: “Temos de fazer as contas de quanto isto tudo nos custou e rentabilizar o custo desta operação que é bem superior à reforma da livrança … para já, vamos fazer a reforma ao homem e vamos avançar com mais quaisquer apoios à livraria, que passará a ter o nosso patrocínio…Vou engendrar um plano de publicidade a partir da publicidade de borla que a televisão nos fez do salvamento do homem… há que a rentabilizar… ainda não sei bem como… veja lá se tem ideias…”.
Enquanto falava, ia pensando nas adaptações ao esboço inicial e, sobretudo, preparava a conversa com o Comendador, que sabia não ir ser fácil mas a que tinha de “dar a volta”. O custo da operação de salvamento era, com certeza, muito mais elevado do que o eventual prejuízo de uma operação de pouco risco como a daquela livrança que o Comendador não esqueceria que estava na origem do caso. A proposta de rentabilização publicitária tinha de ser muito convincente e introduzir qualquer conversa em que se avaliasse o caso na perspectiva de previsíveis – e seguros – benefícios.
O Senhor Administrador nem ouvia os esforços do Director da Agência para contribuir para o que procurava adivinhar serem os desígnios do Senhor Administrador. Por isso, a curta reunião foi mesmo curta. Até porque o Senhor Administrador, de repente, se lembrou de um outro problema, e bem delicado, que se aproximava. O regresso a casa e a conversa com a Esposa sobre a compra para a Menina… Outra solução teria de encontrar, e tinha algumas “em carteira”. Não tão boas como aquela que se frustrava, mas convenceria a chorosa Esposa que melhores seriam.
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Assim sendo, despachou rapidamente o Director da Agência, que, despachado, deu graças por regressar a boas horas ao lar, ainda a uns bons quilómetros.
Regresso a lar, seu e de sua Esposa, a que o Senhor Administrador resolveu adiar umas horas à conta de jantar num restaurante daqueles em que se come bem e acaba com whisky, e sortida ao "clube de cavalheiros" que frequentava. Ia ser uma chatice se ainda estivesse acordada...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ai! Esta gentinha.
Ainda bem que não são meus vizinhos, com a falta de paciência que eu tenho.

Campaniça