- É o professor doutor XL?
- Sou... quem fala?
- Boa tarde, professor. Daqui fala Rosa Cheirosa, da RDP-RTP, e vinha fazer-lhe uma pergunta, se me permitisse...
- Com certeza, Rosa... pergunte, pergunte.
- Não é bem uma pergunta... queria que o professor comentasse os últimos dados do BP que referem que o endividamento doméstico está a 130% do rendimento liquido das famílias.
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- Acho uma excelente questão, e liga-se um problema central da economia portuguesa. Vivemos acima das possibilidades, as pessoas querem ter tudo, ir a todo o lado, e endividam-se. Há que pôr um travão. Melhor: deveria ter sido posto um travão a este consumismo desbragado.
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- Mas, professor... as pessoas querem ter aquilo que lhes oferece a televisão, a publicidade, e os bancos aparecem a facultar crédito...
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- Ora aí está... e as pessoas não têm cabecinha? Há que saber até onde se pode ir... Quem não tem dinheiro não tem vícios...
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- No entanto, há quem defenda que se os salários fossem mais altos, as pessoas não tinham de se endividar... pelo menos tanto...
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- Outra questão da maior relevância. Não temos competitividade porque a nossa produtividade é baixa... as pessoas não podem ter salários mais altos. Aliás, acho um disparate essa coisa do salário mínimo, e estes aumentos de 2,9% numa altura de crise são completamente despropositados. Muito acima da inflação prevista. Há que conter os níveis salariais... até para evitar que se tenha de atacar o subsídio de Natal e o subsídio de férias. Em tempo de crise, não há viagens ao estrangeiro, luas de mel nas Caraíbas e esses luxos a que as pessoas se habituaram. Parece que ainda não se aperceberam que estamos a viver uma crise. E grande.
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- Obrigada, professor.
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- De nada, Rosa... sempre ao dispor.
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- Já agora, professor... como esperamos dentro de dias as previsões do Eurostat sobre o último trimestre, e vamos fazer um debate na televisão, estaria disponível para participar nele?
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- Claro que sim. Estou sempre disponível. Mas só se for antes de quarta feira da próxima semana porque nesse dia parto para umas curtas férias nas Comores (conhece?), e só voltarei no fim do mês. Sabe? Estou estoirado. Isto da crise...
2 comentários:
Mais uma prova de que a crise não é para todos...
:)))
(pois!)
Vê lá se mandas calar este professor empinado e repões a verdade - depressinha:))
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