faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Isto da crise...

- É o professor doutor XL?

- Sou... quem fala?

- Boa tarde, professor. Daqui fala Rosa Cheirosa, da RDP-RTP, e vinha fazer-lhe uma pergunta, se me permitisse...

- Com certeza, Rosa... pergunte, pergunte.

- Não é bem uma pergunta... queria que o professor comentasse os últimos dados do BP que referem que o endividamento doméstico está a 130% do rendimento liquido das famílias.
.
- Acho uma excelente questão, e liga-se um problema central da economia portuguesa. Vivemos acima das possibilidades, as pessoas querem ter tudo, ir a todo o lado, e endividam-se. Há que pôr um travão. Melhor: deveria ter sido posto um travão a este consumismo desbragado.
.
- Mas, professor... as pessoas querem ter aquilo que lhes oferece a televisão, a publicidade, e os bancos aparecem a facultar crédito...
.
- Ora aí está... e as pessoas não têm cabecinha? Há que saber até onde se pode ir... Quem não tem dinheiro não tem vícios...
.
- No entanto, há quem defenda que se os salários fossem mais altos, as pessoas não tinham de se endividar... pelo menos tanto...
.
- Outra questão da maior relevância. Não temos competitividade porque a nossa produtividade é baixa... as pessoas não podem ter salários mais altos. Aliás, acho um disparate essa coisa do salário mínimo, e estes aumentos de 2,9% numa altura de crise são completamente despropositados. Muito acima da inflação prevista. Há que conter os níveis salariais... até para evitar que se tenha de atacar o subsídio de Natal e o subsídio de férias. Em tempo de crise, não há viagens ao estrangeiro, luas de mel nas Caraíbas e esses luxos a que as pessoas se habituaram. Parece que ainda não se aperceberam que estamos a viver uma crise. E grande.
.
- Obrigada, professor.
.
- De nada, Rosa... sempre ao dispor.
.
- Já agora, professor... como esperamos dentro de dias as previsões do Eurostat sobre o último trimestre, e vamos fazer um debate na televisão, estaria disponível para participar nele?
.
- Claro que sim. Estou sempre disponível. Mas só se for antes de quarta feira da próxima semana porque nesse dia parto para umas curtas férias nas Comores (conhece?), e só voltarei no fim do mês. Sabe? Estou estoirado. Isto da crise...

2 comentários:

Maria disse...

Mais uma prova de que a crise não é para todos...

:)))
(pois!)

Justine disse...

Vê lá se mandas calar este professor empinado e repões a verdade - depressinha:))