O meu pai, quando saiu do Zambujal (e de Vila Nova de Ourém), andaria pelos 20 anos, foi para Lisboa, depois de curada uma doença chamada “fraqueza” por ter abusado da juventude, e na procura de outra vida começou pelo comércio em papéis. Não destes “papéis” de que tanto se fala e com cotação na Bolsa, mas papéis para escrever, à mão e à maquina, em todas formas e funções correlativas. Ligadas às escriturações, escolares, de escritórios, cartas comerciais, familiares e de amigos, entre namorados.
E nunca mais deixou o ofício, de loja em armazém de empresas, até se “estabelecer por conta própria", ali à Rua do Sol ao Rato, como “agente comercial”, já eu era nascido e tinha 4 anos.
Por isso, cresci no meio de papéis, de resmas de cartolina, de envelopes, blocos, pastas, fazia visitas frequentes a clientes, a tipografias (ah! o cheiro do chumbo), a encadernadores, e os primeiros trabalhos que fiz foi passar guias de remessa e facturas, e recibos do “agente comercial” Joaquim Ribeiro.
Por isso, a notícia da insolvência da Papelaria Fernandes despertou-me recordações. A Papelaria Fernandes foi uma das empresas em que o meu pai trabalhou. E marcou-o muito. De vez em quando, falava dela. Com boas e más recordações. Como a de um “patrão” que teve na altura, capitão Agostinho Lourenço, que foi director da PVDE – Polícia de Vigilância e Defesa do Estado –, criada em 1933, antepassada da PIDE, para onde transitou como director até 1950.
Também não me é indiferente que a PF seja no Largo do Rato, e muitas vezes entrei naquelas lojas, e sempre as senti como minhas vizinhas, ao lado da Camisa d’Ouro e de outras lojas que desapareceram. E fico com o amargo sentimento de que algo se perco com o desaparecimento da Papelaria Fernandes, mesmo que outra coisa, resultado das “engenharias financeiras”, venha a, aparentemente, continuá-la.
E nunca mais deixou o ofício, de loja em armazém de empresas, até se “estabelecer por conta própria", ali à Rua do Sol ao Rato, como “agente comercial”, já eu era nascido e tinha 4 anos.
Por isso, cresci no meio de papéis, de resmas de cartolina, de envelopes, blocos, pastas, fazia visitas frequentes a clientes, a tipografias (ah! o cheiro do chumbo), a encadernadores, e os primeiros trabalhos que fiz foi passar guias de remessa e facturas, e recibos do “agente comercial” Joaquim Ribeiro.
Por isso, a notícia da insolvência da Papelaria Fernandes despertou-me recordações. A Papelaria Fernandes foi uma das empresas em que o meu pai trabalhou. E marcou-o muito. De vez em quando, falava dela. Com boas e más recordações. Como a de um “patrão” que teve na altura, capitão Agostinho Lourenço, que foi director da PVDE – Polícia de Vigilância e Defesa do Estado –, criada em 1933, antepassada da PIDE, para onde transitou como director até 1950.
Também não me é indiferente que a PF seja no Largo do Rato, e muitas vezes entrei naquelas lojas, e sempre as senti como minhas vizinhas, ao lado da Camisa d’Ouro e de outras lojas que desapareceram. E fico com o amargo sentimento de que algo se perco com o desaparecimento da Papelaria Fernandes, mesmo que outra coisa, resultado das “engenharias financeiras”, venha a, aparentemente, continuá-la.
3 comentários:
Percebo as tuas recordações. A mim deixou-me tristeza. Uma tristeza idêntica à que tenho quando desaparece um cafezinho de bairro, ou uma pequena mercearia, para ver surgir logo a seguir... uma loja de chineses (dantes era bancos)...
É isso mesmo. Com o acrescento das lembranças do meu pai e da passagem do Agostinho Lourenço pela gerência da PF.
Tudo "insolvente"!
Abreijos
Então esse teu gosto pelo papel, as resmas, as letras, a subtileza dos olhos enredados nelas, lidas ou escritas...
***
Um polvo-consórcio-mundial que parece tragar-nos; se do Oriente se do Ocidente, não sei saber!
Abraços
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