Esta é a estória de uma frustração. Ou de um violinista perdido. Ou de um violino que não saiu da caixa… nem da loja. Ou de como se ganhou alguma aversão à música.
Então, foi assim:
Na Rua do Sol ao Rato, no número 85, moravam três donas-de-casa, como naquele tempo havia. Moravam lá mais, mas estas três davam-se entre si, ainda que não fossem primas embora duas irmãs fossem. A minha mãe, a D. Judite, a minha tia Ermelinda e a D. Laura do 2º esquerdo.
Todas três tinham um filho. Filhos únicos os três. O Armando, mais conhecido por Armandinho porque o pai Armando se chamava, o Zé Luís, que por aqui tem andado, e este que daqui não sai. Os três com pequenas diferenças de idade, apesar de, naquelas infâncias, um ano e meio ser muito ano.
Por iniciativa da D. Laura, se me não engano, as três donas foram com os respectivos rebentos a uma escola de música, ou a um professor de música, que havia ali ao elevador de Santa Justa, cá em baixo.
Os meninos fizeram provas para avaliação de jeito e vocação, e o dito professor, com pouco sentido pedagógico, veio dar o veredicto na presença dos avaliados. O mais pequeno, que era eu, tinha jeito, mesmo muito jeito, o maior, o Armandinho, tinha jeitinho, o do meio nem por isso. Embora recomendasse continuidade para todos.
Regressados os 6 a penates, reuniram os plenários das três famílias, o do 2º direito reduzido por razões conhecidas à tia Ermelinda e ao Zé Luís, com frequentes deslocações ao número 77, onde moravam os nossos – do Zé Luís e meus – avós (acho que neste caso não, porque havia outras prioridades para pedidos de ajuda).
No rés-do-chão direito, a reunião começou com a informação sobre as potencialidades violinisticas do menino presente, com audição satisfeita mas muito cautelosa do dono-da-casa. “E então?”, perguntou este. A dona-da-casa reiterou o que já dissera (para dar força…) e completou “O professor diz que o Sérgio tem muito jeito… agora era preciso comprar um violino”. Resposta seca, e (penso eu!) nada satisfeita: “Ah! tem?... nós é que não temos dinheiro para violinos!”.
Assim se acabou uma não iniciada carreira de músico, e talvez tenha nascido alguma alergiazita a essas coisas. Que depois passou, apesar de ter ficado o trauma.
Ah!, o sr. Armando comprou um violino para o Armandinho e ele foi por ali fora a violinar até fazer todo o Conservatório. De vez em quando, dava-nos "recitais", mas mais de viola, em que era contumaz. Tanto que os outros estudos se quedaram muito cedo. Com grande desgosto da D. Laura. Tudo tem os seus custos.
Então, foi assim:
Na Rua do Sol ao Rato, no número 85, moravam três donas-de-casa, como naquele tempo havia. Moravam lá mais, mas estas três davam-se entre si, ainda que não fossem primas embora duas irmãs fossem. A minha mãe, a D. Judite, a minha tia Ermelinda e a D. Laura do 2º esquerdo.
Todas três tinham um filho. Filhos únicos os três. O Armando, mais conhecido por Armandinho porque o pai Armando se chamava, o Zé Luís, que por aqui tem andado, e este que daqui não sai. Os três com pequenas diferenças de idade, apesar de, naquelas infâncias, um ano e meio ser muito ano.
Por iniciativa da D. Laura, se me não engano, as três donas foram com os respectivos rebentos a uma escola de música, ou a um professor de música, que havia ali ao elevador de Santa Justa, cá em baixo.
Os meninos fizeram provas para avaliação de jeito e vocação, e o dito professor, com pouco sentido pedagógico, veio dar o veredicto na presença dos avaliados. O mais pequeno, que era eu, tinha jeito, mesmo muito jeito, o maior, o Armandinho, tinha jeitinho, o do meio nem por isso. Embora recomendasse continuidade para todos.
Regressados os 6 a penates, reuniram os plenários das três famílias, o do 2º direito reduzido por razões conhecidas à tia Ermelinda e ao Zé Luís, com frequentes deslocações ao número 77, onde moravam os nossos – do Zé Luís e meus – avós (acho que neste caso não, porque havia outras prioridades para pedidos de ajuda).
No rés-do-chão direito, a reunião começou com a informação sobre as potencialidades violinisticas do menino presente, com audição satisfeita mas muito cautelosa do dono-da-casa. “E então?”, perguntou este. A dona-da-casa reiterou o que já dissera (para dar força…) e completou “O professor diz que o Sérgio tem muito jeito… agora era preciso comprar um violino”. Resposta seca, e (penso eu!) nada satisfeita: “Ah! tem?... nós é que não temos dinheiro para violinos!”.
Assim se acabou uma não iniciada carreira de músico, e talvez tenha nascido alguma alergiazita a essas coisas. Que depois passou, apesar de ter ficado o trauma.
Ah!, o sr. Armando comprou um violino para o Armandinho e ele foi por ali fora a violinar até fazer todo o Conservatório. De vez em quando, dava-nos "recitais", mas mais de viola, em que era contumaz. Tanto que os outros estudos se quedaram muito cedo. Com grande desgosto da D. Laura. Tudo tem os seus custos.
3 comentários:
Ter-se-á perdido um bom (com jeito) violinista, mas ganhámos todos um excelente Economista!
Para as meninas era mais piano....
:)))
Abraço
Oh Maria, então o homem não podia acumular? E nós tínhamos concertos de borla, para além das aulas de MH?? Já viste o que perdemos?
E para o (des)concerto ser completo tínhamos o quarteto de Alexandria acompanhado ao piano pela Justine e não pelo Chopin.
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