Uma conta com graça
... e com troco em minutos
O jantar(inho) correra bem, Calmo, em tête-à.tête como se diz em francês… mas não naquele que falavam os burgessos da mesa ao lado e que pareciam estar ali para comprovar que nunca tudo pode ser perfeito.
Aliás, entráramos no restaurante – A Tropicana, entre a Foz do Arelho e Caldas da Rainha – cheios de dúvidas. Meio restaurante meio tasca, o cheiro a óleo frito que se olfatava na rua não augurava nada de bom. Mas os receios eram infundados. Lá dentro, meio restaurante meio tasca, não havia cheiros, tudo estava apropriado à condição.
Mandámos vir duas sopitas (de espinafres, preciso eu), que se comeram sem quaisquer protestos por farinha, sal e semelhantes coisas a mais ou a menos, e só tivemos que esperar pelas lulas grelhadas um bocadinho além do desejado, talvez porque o coitado do senhor que servia à mesa era coxo.
Este, o senhor que era coxo – e ainda deve continuar a ser porque aquilo não tinha ar de ter sido queda ou pancada… –, não era de simpatias mas era simpático. Respondeu a tudo o que lhe perguntámos, sem mesuras nem desmesuras, informando quem informado queria ser – sobre onde havia um multibanco, os quilómetros para as Caldas, e mais que fosse.
As lulas estavam mesmo ao ponto da grelhação, se eram congeladas não pareciam, e souberam mesmo bem, com elogios - cá entre nós - para a cozinheira.
Íamos conversando sobre as lulas e mais que vinha ao garfo ou à baila, calmamente, naquela bem-aventurança que às vezes nos toma… apesar dos belgas, ou lá o que eram, e do barulho que faziam.
Perguntei eu pela sobremesa, disse ela que não queria sobremesa nenhuma, mas quando o senhor – o tal que puxava por uma perna mais do que pela outra – falou em uvas, quis logo, e vieram duas doses, tendo ido uma para dentro porque explicámos ao senhor que nós somos assim, de meias doses ou de doses a meias…
Tudo conforme, sem café, nem nescafé, nem chá, que este ficava para o regresso ao quarto do Inatel. Venha a conta foi o que foi dito. E veio.
Aliás, entráramos no restaurante – A Tropicana, entre a Foz do Arelho e Caldas da Rainha – cheios de dúvidas. Meio restaurante meio tasca, o cheiro a óleo frito que se olfatava na rua não augurava nada de bom. Mas os receios eram infundados. Lá dentro, meio restaurante meio tasca, não havia cheiros, tudo estava apropriado à condição.
Mandámos vir duas sopitas (de espinafres, preciso eu), que se comeram sem quaisquer protestos por farinha, sal e semelhantes coisas a mais ou a menos, e só tivemos que esperar pelas lulas grelhadas um bocadinho além do desejado, talvez porque o coitado do senhor que servia à mesa era coxo.
Este, o senhor que era coxo – e ainda deve continuar a ser porque aquilo não tinha ar de ter sido queda ou pancada… –, não era de simpatias mas era simpático. Respondeu a tudo o que lhe perguntámos, sem mesuras nem desmesuras, informando quem informado queria ser – sobre onde havia um multibanco, os quilómetros para as Caldas, e mais que fosse.
As lulas estavam mesmo ao ponto da grelhação, se eram congeladas não pareciam, e souberam mesmo bem, com elogios - cá entre nós - para a cozinheira.
Íamos conversando sobre as lulas e mais que vinha ao garfo ou à baila, calmamente, naquela bem-aventurança que às vezes nos toma… apesar dos belgas, ou lá o que eram, e do barulho que faziam.
Perguntei eu pela sobremesa, disse ela que não queria sobremesa nenhuma, mas quando o senhor – o tal que puxava por uma perna mais do que pela outra – falou em uvas, quis logo, e vieram duas doses, tendo ido uma para dentro porque explicámos ao senhor que nós somos assim, de meias doses ou de doses a meias…
Tudo conforme, sem café, nem nescafé, nem chá, que este ficava para o regresso ao quarto do Inatel. Venha a conta foi o que foi dito. E veio.
Eu olhei para o papel, saído da máquina registadora, vi o número mais visível – 22.39 – deixei 24 euros, e disse para ela “foi metade do almoço e ficámos melhor jantados que almoçados”. E saímos, deixando ciciadas umas boas noites que se perderam, decerto, na algaraviada franco-belgo-portuga.
Ao passarmos a porta da rua, ela – que ouve melhor que eu – disse-me “parece que te estão a chamar… esqueceste-te de alguma coisa… do telemóvel ou isso… é o costume”.
Ao passarmos a porta da rua, ela – que ouve melhor que eu – disse-me “parece que te estão a chamar… esqueceste-te de alguma coisa… do telemóvel ou isso… é o costume”.
Contrariado e contrafeito, voltei à mesa, olhei à volta, olhei por cima, olhei por baixo, e vinha a preparar-me para responder ao injusto remoque, quando, ao chegar à porta, somos interpelados pelo senhor que, coxamente, vinha lá do balcão meio a rir e nos disse “ó homem, você deu-me dinheiro a mais… pagou-me a hora e não a conta do jantar!”.
Pois tinha sido. 22.39 era a hora que a máquina registadora registara ao fazer-nos a conta cuja não passava de 15 euros.
Pois tinha sido. 22.39 era a hora que a máquina registadora registara ao fazer-nos a conta cuja não passava de 15 euros.
Acompanhei o senhor ao balcão onde me deu o troco, em moedas e não em minutos, e saímos de vez do restaurante. A rir. Cheios de confiança na espécie humana. Mesmo se, ou sobretudo se coxa. Que é como ela anda.
6 comentários:
É boa a gente da minha terra!!!!!
Também eu me ri com o teu troco (não em minutos).
Sendo que, como tão bem tratado foste, irás voltar lá, um dia destes.... espero...
Dois abraços
Claro que sim. Mesmo que não tivesse grande vontade - mas tenho! - parece-me haver por aí uma conspiração de nostágicas em que estarei enredado.
Viste as fotos em "o quarteto de alexandria" da D. Justine? De umas boas dezenas tiraram-se umas "amostras".
Cá recebidos os dois abraços, guardei um que retribuo, caloroso, endossei o outro, e estão as contas certas. Em minutos e em cêntimos...
Quando forem não se esqueçam de me convidar. Conheço pouco aqueles lados mas vocês dão-me vontade de conhecer. Mais que vontade, necessidade. Abraços a todos.
sr
Procurei no google o quarteto de alexandria - justine e o que encontrei não se "encaixou" ...
Ignorância e burrice minhas...
Desculpa, sou mesmo burra.....
Voltei ao anónimo, cliquei no justine a azul e apareceu.... hehehehehehe
Tenho leitura para o resto da noite, espero.
Beijos
O empregado foi honesto, porém muito de nós rotulamos, de tanso.
Então o empregado era coxo?!!!
Lembrei-me! quando andava a estudar, um jovem colega era coxo.
Então a prof. de francês (que era muito severa e cínica) dizia: “Venha ao quadro!”
Lá ia o rapaz. Irritado, pois sabia que a prof. iria dizer:
“Lá vai o coxo!
um coxo também se ama,
só a gracinha que tem
de ir aos saltinhos para a cama!”
Sempre que ouço falar de coxos faz-me lembrar aqueles tão longínquos tempos.
Muito disparatado!
GR
Maria,
Finalmente as férias terminaram. Espero que tenham sido óptimas.
Tanta falta fizeste!
Se me permites. Não vale a pena procurares mais!
“Quarteto de Alexandria”, no blog “anónimos.xxi”do lado direito aparece
Recomendado; é o decimo blog RECOMENDADO
Imperdível!
GR
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