Os anos somaram-se em décadas. É sempre assim na voragem dos anos vividos.
O Eduardo deixou de estar na “casa” dos vinte e o avô ultrapassou, em muito, a dos oitenta. Mantendo-se sempre presente, cada vez mais marcante na tertúlia. Até lhe acontecer o que, se não acontece antes, acontece aos oitenta e, se não acontecer aos oitenta, dos noventa não passa, ou então aparecem os jornais, as rádios e as televisões para fazerem reportagem de caso merecedor de ser conhecido por centenário ser.
Quando o avô, que deixara de ser só do Eduardo para ser um pouco de todos os que com ele conviviam, morreu, foi como se um vazio se tivesse aberto na tertúlia.
No sábado seguinte àquele dia frio, àquele dia de Dezembro ainda nos rescaldos do dia de natal, àquele dia em que o acompanharam ao cemitério, sem que nada tivessem conversado entre si, os tertuliantes deixararam vazia a cadeira em que “o avô” habitualmente se sentava quando estava entre eles. E assim passou a ficar.
O Eduardo sentiu o gesto de todos e, sem uma palavra, teve o sorriso triste, agradecido, comovido, bom, que só os corpulentos como ele parecem capazes de ter.
Mas a vida continua. E as tertúlias também, porque vida são.
Foi assim no último sábado daquele ano, já passado o natal mas ainda nas vésperas do ano novo, e nos sábados do Janeiro que se seguiram não houve qualquer interrupção no convívio.
O Eduardo, se já se contava entre os mais assíduos, não faltou a nenhum, e foi dos que mais contribuíram para que a boa disposição voltasse, para que a cadeira vazia não fosse um motivo de constrangimento mas até para uma por outra vez se dizer, com toda a naturalidade “é pá!, se o avô tivesse vindo, levavas nas orelhas por causa dessa graçola…” ou parecidos comentários oportunos.
O Eduardo deixou de estar na “casa” dos vinte e o avô ultrapassou, em muito, a dos oitenta. Mantendo-se sempre presente, cada vez mais marcante na tertúlia. Até lhe acontecer o que, se não acontece antes, acontece aos oitenta e, se não acontecer aos oitenta, dos noventa não passa, ou então aparecem os jornais, as rádios e as televisões para fazerem reportagem de caso merecedor de ser conhecido por centenário ser.
Quando o avô, que deixara de ser só do Eduardo para ser um pouco de todos os que com ele conviviam, morreu, foi como se um vazio se tivesse aberto na tertúlia.
No sábado seguinte àquele dia frio, àquele dia de Dezembro ainda nos rescaldos do dia de natal, àquele dia em que o acompanharam ao cemitério, sem que nada tivessem conversado entre si, os tertuliantes deixararam vazia a cadeira em que “o avô” habitualmente se sentava quando estava entre eles. E assim passou a ficar.
O Eduardo sentiu o gesto de todos e, sem uma palavra, teve o sorriso triste, agradecido, comovido, bom, que só os corpulentos como ele parecem capazes de ter.
Mas a vida continua. E as tertúlias também, porque vida são.
Foi assim no último sábado daquele ano, já passado o natal mas ainda nas vésperas do ano novo, e nos sábados do Janeiro que se seguiram não houve qualquer interrupção no convívio.
O Eduardo, se já se contava entre os mais assíduos, não faltou a nenhum, e foi dos que mais contribuíram para que a boa disposição voltasse, para que a cadeira vazia não fosse um motivo de constrangimento mas até para uma por outra vez se dizer, com toda a naturalidade “é pá!, se o avô tivesse vindo, levavas nas orelhas por causa dessa graçola…” ou parecidos comentários oportunos.
4 comentários:
Esta história continua a fazer reviver os (meus) bons tempos.
É terrível quando uma cadeira fica vazia. Neste convívio entre cadeiras de café e palavras soltas, gerando tantas vezes profundos pensamentos, não há idade nem sexo.
Há amizade! A falta de um lugar é o vazio triste entre todos, só superado com o passar do tempo.
GR
Obrigada, Sérgio.
Continua a poder ser a tertúlia do café com o mesmo nome. E o neto bem podia dizer o que disse o Eduardo.
Mas estou a pensar no posicionamento político do avô e do neto, e pelo meio do dos dois filhos do avô baixote.
Não sei não. Vou aguardar.
De qualquer modo, essas tertúlias (e na minha terra havia um ponto de encontro que se chamava mesmo Tertúlia) já estarão esbatidas, já são poucas as que existem, talvez porque a vida toma outros rumos e "outras acelerações"...
Um abraço
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