faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

sábado, 22 de setembro de 2007

A falta que me fazem aqueles 50 paus... - 1

O Eduardo era um dos mais assíduos participantes da tertúlia.

Todos os sábados de manhã, aquele grupo de amigos se juntava no Café Central da pequena cidade de província, e Eduardo era dos que raro faltavam.

Contavam-se já por décadas os anos em que, lá pelo fim da manhã, sem horário rígido, e sem que tal sentissem como obrigação, no mínimo cinco ou seis homens iam chegando ao café e ocupavam aquelas duas mesas perto da janela de onde se observava o largo, e que o senhor Joaquim, proprietário do café, lhes reservava.

Em dias de maior frequência, quando em vez de cinco ou seis, subiam o número para sete ou oito, tinha de se juntar mais uma mesa, e até já começava a acontecer, mas só recentemente, que um ou outro dos homens vinha acompanhado pela mulher ou por um filho já espigadote.

Não que essa "intromissão" naquele grupo de homens, sobretudo de mulheres, fosse bem aceite por todos, mas as coisas são como são, a vida é como é, e esses mais resistentes, para não dizer mais reaccionários, iam fazendo a sua educação, também ali, e aceitando - tendo de aceitar…- o caminho das coisas da vida. Caminho lento e difícil, é verdade, mas inexorável, como outros lhes lembravam, também eles próprios fazendo a sua educação.

E até acontecia que os “machistas da porra”, como a brincar lhes chamavam, às tantas, por efeito do exemplo, e de alguma pressão nos “assuntos internos”, começavam, quando tal se proporcionava, a vir acompanhados pelas respectivas (e excelentíssimas) esposas.

Mas não é a história da tertúlia do Café Central aos sábados de manhã que nos traz ao contar.

Embora não fosse desinteressante fazê-lo, é uma outra história que na tertúlia encontra pretexto e raízes e que não queremos que se perca lá por não estar (ainda!) guardada em letra de forma.

3 comentários:

Maria disse...

Estou curiosíssima com esta estória.
Eu sei que há coincidências, mas.....

Aé amanhã

Anónimo disse...

Ainda bem, ainda bem...
Será que vai haver as tais coincidências?

GR disse...

Na minha terriola e ainda hoje (cada vez menos), se fazem grandes tertúlias na mesa de um qualquer café!
Duas particularidades; uma é ser à noite, três e tal da manhã! a outra é, ser partidária, ou seja; todos participam na política activa, mas naquele bocado (gostoso) de tempo há discussões acesas e inflamadas, ideias novas ou debates antigo. Não há insultos, nem zangas! insultos, nem zangas!
Antigamente nesta mesma terriola, as tertúlias eram alimentadas por Camilo e Miguel de Unamuno Laranjeira e Eça. Uma tertúlia de café é para mim, uma outra forma de expressão cultural.

Benvindo das férias.

GR