faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Contando um (re)encontro neste amor que se conta - 15

Ela,
em intervalo de Roterdão
e comboios de ida-e-volta


Ela, já no dia seguinte, feita a viagem de comboio, em Roterdão, embrenhou-se no trabalho, que não lhe deu folgas para pensar no seu programa, ou para se colocar dúvidas, ou, até, para sentir a necessidade de lhe telefonar, o que resolvera não fazer para evitar passos ou palavras em falso.

No comboio de regresso dormitou e começou por folhear umas revistas. Tudo corria como planeara. Mais uma vez.

Nem valia a pena tentar telefonar, quando chegasse a Bruxelas, ou do aeroporto, abrindo uma brecha nas decisões, porque, pensou ela, lá “na terra”, na velha casa da aldeia onde ele devia estar a chegar, não tinham ainda telefone.

E tomou consciência de que estava já a baralhar tudo, porque o que ela queria era chegar a Lisboa, e a casa, antes dele partir para “a terra”. Devia ser da sonolência que dá o comboio, (e aqueles comprimidozitos…) e a confusão que resulta da excitação.


Ele,
galgando quilómetros,
para chegar depressa a Bruxelas


A viagem dele, mãos grudadas ao volante e olhos presos na estrada, decorreu nesse estado de espírito – e de corpo… – como se não houvesse cansaço, como se tudo pudesse ser adiado, esperar. Num tunel intemporal.

Ia ocupando o espírito – e o corpo… – com cálculos e mais cálculos. Sobre quilómetros percorridos, quilómetros que faltavam, tempo gasto, tempo que ainda seria necessário, médias à hora, de consumos de combustível, médias cem quilómetros que se iam somando. Sobre gastos em escudos, pesetas, francos franceses e francos belgas. Câmbios. Contas de cabeça…

E música, muita música. Nalguns casos, conversando com quem cantava ou dirigia as orquestras. Boa gente e melhor companhia...

Atravessou Paris a má hora. Engarrafamentos nos periféricos. Mas haveria boas horas para atravessar Paris? Perdeu algum tempo. Ao sair daquela prova de perícia, refez cálculos, e confirmou que tinha previsto tudo com margens confortáveis.
.
21 horas de condução normal, mais de uma horita a periferar Paris, 2 horas e meia/3 horas para paragens para estender as pernas, abastecimentos de combustível para o carro e para ele, e satisfação de outras necessidades imperiosas, 1 hora de diferença horária. No total, 26 horas depois de sair de Lisboa.

Por isso, entrou em Bruxelas, e no apartamento, já na madrugada de sexta-feira, com o sol muito muito longe de se levantar. Envergonhado, como quase sempre para aquelas bandas.

Com muito tempo para tomar um bom duche, descontrair, deitar-se e dormir umas boas horas antes de acordar para a espera da chegada de "ela".

8 comentários:

Maria disse...

E outro desencontro está quase quase a acontecer.....
Mas vou ler outra vez a estória, porque tou baralhada entre quinta e sexta, e espero por mais logo...

Até já...

Maria disse...

Se ela decidir não jantar em Roterdão, chega ao apartamento de Bruxelas antes dele.
Se ela tiver que jantar em Roterdão, bem, aí já não sei....
... mas não sou ei que tenho de saber. É o autor....

Anónimo disse...

Vamos lá a ver:
4ª - ele em Lisboa, ela em Bruxelas... e jantarinho às urtigas;
5ª - ele em trânsito, de carro, para Bruxelas, ela em Roterdão, a trabalhar, a jantar, a dormir;
6ª - ele a chegar (de madrugada) a Bruxelas, ela a regressar de Roterdão, de comboio, e a chegar a Bruxelas, à Gare Central (para ir para o aeroporto), durante a manhã.
Está certo o cronograma?
Que feliz autor que pode ir conversando com os leitores!
Não quero outra vida...

Tanita disse...

Por acaso também já andava perdida nos dias...

Também já previa outro desencontro e já estava a ficar enervada com vontade de agarrar num telefone e ligar aos dois a avisar! Se tal fossepossível, claro!

Já me acalmei, o que é óptimo no meu estado actual!

Hahaha!

Anónimo disse...

Tanita, tanita,
estás a merecer um exemplar impresso desta estória!

Esta fórmula é gira (está a dar-me gozo...) mas não possibilita voltar a página atrás, não é?
Por outro lado, se calhar o autor ajudou à baralhação cronológica.
Teria sido com intenção ou por azelhice?
Ele não responde... sem a presença de um editor.

Maria disse...

.... E da Gare Central (que saudades...) ela vai até ao apartamento buscar a mala e depois até Zaventem... (pensa ela).
... Só que chegando a casa está/estará já o amado.
Aí, é um fim de semana algures, nem impota onde....
Mas eu tenho que saber se ele chegou e a que horas...

Até logo

Anónimo disse...

Maria, vou já dizer-te, até porque hoje é 2ª e tenho reunião do Juventude-hóquei e não sei a que horas volto.
A época começou bem com um empate 3-3 em jogo treino com o PortoSantense.
Quando regressar a casa, inda aqui venho espreitar...
Até logo.

Anónimo disse...

Ó Maria! Saber se ele chegou e a que horas?
Ó ingrato papel de quem tem que narrar!
Neste episódio está dito que ele demorou (+ ou -) 26 horas de Lisboa a Bruxelas (já com a diferença horárias).
Como partiu antes da meia noite, ainda na quarta, conduziu as 24 horas da quinta e chegou às 2 da manhã de sexta ao apartamento de Bruxelas. E tomou o duche e foi dormir.
Nessa manhã de sexta, ela fazia a viagem de comboio de Roterdão para Bruxelas - Gare Central-> Zaventem.
Se não houver contratempos...
Confere?
'Tá giro isto!