faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

segunda-feira, 10 de março de 2008

Histórias ante(s)passadas - 6

O Ti Zé "Alfaiate veio alterar a sequência. Não havia sequência mas… dizia eu que… depois, ia voltar à família.
Mas, mesmo que isto seja uma rebaldaria e eu ande aqui para diante e para trás, tem de haver alguma ordem.
Voltemos ao lado materno e às três irmãs. Que não era as do Tchecov.

Pois não eram as de Tchecov, mas o meu avô tinha a mania do teatro.
Nesta foto, verdadeira foto de família, está ele com um ar sério e gosto de ver a minha avó com um ar de senhora, com leve sorriso irónico (ou será sofrido?).
Até custa a crer, mas, pelos meus cálculos e observações, a minha tia Guilhermina, a do lado direito, ainda não teria 18 anos, idade com que se casou com um garboso oficial do exército que entrou neste família (pequeno) burguesa mas depressa saiu porque teria acontecido o que então era raro (pelo menos saber-se…), a minha mãe (Judite, a do meio) não teria 13 anos e estaria ainda a aprender francês e a fazer crochet, e a terceira era a minha tia Ermelinda que, se estas contas estão certas, andaria pelos 15/16 anos.
Mas, voltando ao teatro, as peças que o meu avô escrevia foram representadas, uns bons anos depois desta foto, na Sociedade de Instrução de Campo de Ourique, antes do fascismo Grémio de Instrução Liberal de Campo de Ourique, onde o meu primo Zé Luís e eu andámos na escola, e onde me lembro de ter assistido a essas representações.
Tenho mesmo pena de não conseguir recuperar esse espólio, perdido sabe lá em que andanças e desandanças familiares e guardo a recordação que, nelas, o meu avô dava aos personagens os nomes da família toda. E Guilhermina era sempre o nome da “vedeta” e Sérgio o do "galã", ficando os outros nomes para papéis secundários ou menos importantes.
E lembro-me disto porque o meu pai ficava furioso e fez algumas cenas (não teatrais…) por darem sempre o nome de Judite às criadas, embora a “fúria” fosse moderada por o meu nome compensar o que ele considerava quase ofensivo.

6 comentários:

Sal disse...

Entretanto já me informei e percebi que mandei uma calinada, Sérgio. tens vários livros editados, não é? E eu, ingenuamente, a fazer de conselheira editorial...

Continua a presentear-nos com as estórias da tua família (e afins)...

Beijinhos

Sérgio Ribeiro disse...

Ó Sal, não foi calinada nenhuma.
Tinha a intenção de te responder mandando-te um livrinho meu.
Já publiquei muita coisas (seu lá... 30 títulos?) mas a maioria sobre economia, mercado comum, intervenção política e, de ficção, uma edição de autor com uns contistos e uma novela.
Vamos conversando...

Maria disse...

Olá sobrinho.... :))))))
Pois então quem havia de ser o galã?
Se Sérgio era O neto?

Abreijos

GR disse...

Agora sei o porque do Teatro! está no sangue!

Sérgio,
Os de ensaio não são livros de economia, "Confesso que vivi" este belíssimo livro de leitura obrigatória também não.
Sal,
Tenta procurar nas livrarias. Depois envio-te os títulos, vale mesmo a pena ler.

GR

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Justine disse...

Excelente, as tuas estórias, além de nos proporcionarem uns momentos agradáveis, ainda nos trazem uma tia para casa...:))