Em Lisboa, ele,
em espera ansiosa…
em espera ansiosa…
Em Lisboa, ele chegou cedo a casa. Ainda nem eram 20 horas. Não tinha sido capaz de ocupar mais o tempo que faltava para a hora S. De surpresa.
Com uma flor na mão a atrapalhar, abriu a porta do apartamento de Lisboa, e sentiu uma estranha mistura de gozo e de inquietação ao entrar na sala.
Pareceu-lhe demasiado vazia. Tudo impecavelmente arrumado, como era costume. Foi à casa de banho, passou pela salinha-escritório, ligou o computador, fez uma paciência, desligou o computador. Estava sem paciência, isto é, impaciente...
Agarrou num livro, foi para a sala, acendeu a televisão, foi à cozinha deitar um pouco de água numa jarra, meteu lá a flor, sentou-se num sofá que não o mostrasse logo a quem, vindo(a!) do elevador, pudesse abrir a porta .
Colocou a jarra estrategicamente para que ela, antes de tudo, visse a flor e só depois, já meio surpreendida, o visse a ele, com o ar de gozo que já tinha na cara.
Olhou para o relógio. Uma... duas... três vezes. A confirmar e a reconfirmar as horas.
Ela iria sair do escritório depois das 19, após ter feito algumas tentativas para o apanhar (pelo telefone!) no apartamento em Bruxelas, e viria, furiosa, para casa, mudar de roupa, tentar ainda combinar um jantar com amigos, ou um encontro para conversa de desabafo. E tropeçaria nele!...
Ou então, mais furiosa ainda, adiaria a “vingança” e viria com a intenção de se pôr a ver um vídeo. E tropeçaria nele!...
Ou viria, mais que furiosa, como uma seta, direita à cama. E tropeçaria nele!...
Isto era o que ia congeminando. Enquanto fazia horas, enquanto esperava.
3 comentários:
Ele "sentiu uma estranha mistura de gozo e de inquietação".... como eu percebo a inquietação...
Não, ela não fica furiosa, nem se vai "vingar".
Vão os dois lamentar a situação, com a promessa de nunca mais se fazerem surpresas deste tipo, a 2.000 km de distância, sem que haja alternativa imediata para o encontro....
Até logo
Promessas...
O que “ele” vai sentir é, uma grande frustração e incompreensão, por ver as horas a passarem e só a solidão tropeça, frente ao vazio que “ele sente!
GR
Enviar um comentário