faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Contando um (re)encontro neste amor que se conta - 9

Em Lisboa,
ele,
o conspirador conspirado (e transpirado…)

Ele sorriu.

A situação começava a estar dominada. Antecipara-se.

Achou que era prudente esclarecer logo tudo, até por sentia o aguilhão da culpa de ter sido ele a iniciar toda aquela embrulhada... ao querer fazer uma surpresa,

Dizer, logo logo, o que fizera, e procurar saber, o mais rapidamente possível, o que ela fizera.

Nestas situações, embora nenhuma parecida tivesse vivido, podem até nascer equívocos e palavras que não têm retorno.

“Ó amor! Estou em Lisboa, em nossa casa, onde é que havia de estar? Quis fazer-te uma surpresa! Um jantarinho a dois no “nosso” restaurante…”


Em Bruxelas,
ela,
a tecedeira enleada na sua teia

Surpresa. Mas não a esperada.

Espanto.

“Espera ai, espera aí… estás em Lisboa?, em nossa casa? E querias fazer-me uma surpresa… o qu’é isso?, eu é que vinha jantar contigo a Bruxelas…”


Em Lisboa,
ele,
procurando os pontos para os is

Calmo.

Dominado, porque começando a dominar os acontecimentos, ele ripostou, quase autoritário:

“Espera aí, digo eu…

Que estás tu para aí a dizer? Eu, que arranjei tudo, que fiz mil malabarismos para jantarmos os dois, hoje, aqui em Lisboa… Para te fazer uma surpresa! Que grande confusão… não percebo nada… vamos a ver se nos entendemos...”

E começaram a entender(-se).

2 comentários:

Maria disse...

Não tenho dúvidas... Vão lamentar apenas a distância, porque jantar a dois também pode ser em pensamento...
Só o beijo de boa noite não tem o mesmo sabor...

Até logo...

GR disse...

As palavras foram travadas, não pelo bom senso (apesar de inflamado, civilizados que são, nunca o perdem), mas pelo amor que existe!

GR