faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Contando um (re)encontro neste amor que se conta - 10

Em Lisboa, ele,
em Bruxelas, ela,
os pontos sobre os is,
ou seja: epílogo… ou quase!

E iniciaram uma longa conversa, desmontando, peça a peça, tudo o que, cada um pelo seu lado, tinha congeminado e posto em execução.

De vez em quando, tinham de parar para soltar um riso ou uma gargalhada, não raro de mistura com uma lagrimita.

Como é que tinha sido possível?

E os passos em falso que o/a outro/a não detectara?, as “bocas” que a/o outra/o não decifrara, preocupados em que as suas “escorregadelas” não fossem descobertas?

O tempo foi passando, esquecidos de que o tempo passa e que, naquele caso, custa muito caro.

Mas o difícil era desligarem, naquele dia, o telefone que os unia tão longe estando um do outro, e substituía, de forma insólita, a comemoração em “jantar a dois”, como nos 20 anos anteriores, ano a ano, naquele mesmo dia.

Cresceu, em ambos, algum enternecimento a tomar o lugar da irritação, da perturbação, da confusão. O que o outro fizera fora mesmo prova de amor.

Apesar da tão grande distância, da desilusão, quase se sentiam felizes. Contentes, embora tristes… Comovidos. Ele a dizer-lhe que ia ouvir o Brel – la chanson des vieux amants –, ela a responder que lhe tinha comprado a Barbara com o je ne sais pas dire je t’aime.

E os dois, que não eram dados a juras, juraram que não iam repetir graças daqueles.

Pelo menos enquanto se lembrassem…

Isto foi o que se disseram!

4 comentários:

Maria disse...

Até aqui o que eu esperava...
Cada um a desculpar-se e prometendo não repetir a "gracinha".
Volto a dizer que se pode jantar a dois, de olhos fechados, se quisermos.....
Brel já me fazia sentido (porque adoro Brel), agora percebo Barbara....

Só o beijo de boa noite não vai ter o mesmo sabor....

Abreijos aos dois

Anónimo disse...

Pois é, Maria.
Mais ou menos...
Repara que isto vai a meio.
Até 4ª feira são 10-episódios-10.
Vai haver problemas...
A começar por não irem ter essa capacidade de, tranquilamente, depois da excitação toda, fechar os olhos e "jantarem a dois" com mais de 2000 kms de permeio. Noutras circunstâncias talvez, Agora naquela excitação...
Amanhã, vai haver "coisas"!
A "Justine" voltou de Lisboa e...
abreijos para ti.

GR, estou a sentir a tua falta! Vês como me habituaste mal?

GR disse...

Estou aqui, estou aqui!

Muito bonita esta história.
Um casal que se conhece e convive há vinte anos. Economicamente independentes.
A euforia dos encontros, o querem estar só a todo o momento, já há muito que passou. Os anos amadureceram os alicerces desta união, respeito, carinho e compreensão.
Contudo, verifico que este desencontro, mais não foi que um reencontro! Talvez não se tivessem apercebido ou há muito não o demonstravam (cabalmente) o quanto se queriam, o quanto se amavam!
Foi uma prova de amor confusa e muito complicada! Um novo ponto de partida, para mais vinte anos de um amor consolidado.
A confirmação que amor não tem idade!

GR

Anónimo disse...

Estava mesmo a sentir a tua falta, GR.
E estou quase quase a dizer-vos que já passaram mais 10 anos. Só não o digo porque estes personagens são de ficção. Não têm nada a ver com gente que eu - autor-narrador - conheça (eheheh)!
Como se isto fosse possível...
Os autores-narradores são mesmo (têm de ser) uns mentirosos.
Pronto, está bem, digo... passaram mais dez anos. E os dois estão reformados e vivem num lugar chamado... já chega! Não vale confessar tudo, senão o "senhor prior" não lhes dava (aos dois e ao autor-narrador) absolvição. Amen.
Vou transcrever o 11º episódio (sempre com as alterações com que vocês as duas me vão ajudando).
Até já.