faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Contando um (re)encontro neste amor que se conta - 6

Em Lisboa, ele,
da angústia ao enleio da teia


Em Lisboa, ele não sabia que fazer.

Começou a medir o apartamento a grandes passadas.

O ponteiro subira tudo o que podia subia. Oito horas e nada. Era demais!

Numa das voltas, entrou no quarto onde ainda não fora desde que chegara. E sentiu algo de estranho.

Havia uma certa desarrumação. Pequena, mas havia. Ou melhor, as coisas não estavam arrumadas como reconhecia instintivamente...

Inspeccionou.

Era isso!

O saco de viagem não estava no sítio habitual, ela abrira gavetas de onde tirara roupa.

Não percebeu... Assustou-se.

Em precipitação, voltou à casa de banho e confirmou o que lá o levara, a correr.

O chamado “nécèssaire” não estava no lugar, como dos seus lugares tinham saído alguns dos frascos e frasquinhos, bisnagas e bisnaguinhas, boiões e boiõezinhos que os acompanhavam nas viagens.

Quase a entrar em pânico, travou a galopada das suspeitas, ele que nunca conseguira deixar de sentir uma coisa que talvez fosse ciúme e que, se calhar, ela alimentava com a sua “zona secreta”, impenetrável.

Tentou raciocinar.

Sentou-se na sala.

Acalmou-se.

Pareceu-lhe começar a fazer-se luz. Lentamente. Ao lembrar-se de palavras e gestos, ao ligar pontas da meada. Ou da teia.

Olhou o relógio.

Eram já 8 horas, 9 em Bruxelas.

Era isso!

Só podia ser isso…

Correu para o telefone.

4 comentários:

GR disse...

Finalmente, “ele” percebeu que o desejo de estarem juntos não era só dele!
Neste caso o desejo, o amor, juntamente com o factor surpresa, tornou este (des)encontro muito complicado!
Agora “ele” vai sentir um sentimento de culpa (!) por não ter dito o que ambicionava fazer (surpresa).

GR

Anónimo disse...

Bem visto!
Lá terei que narrar o sentimento de culpa dele. É justo, porque se ele não tivesse querido fazer uma surpresa, ela não o teria querido surpreender. Ora aí está.
Mas o des(re)encontro vai ser muito mais complicado!

Maria disse...

Claro, ele correu para o telefone, ligou para Bruxelas, e lá estava ela.... atendeu o telefone...

Numa hora de espera (eram 8 cá, 9 lá) ela já tinha comido todos os salgadinhos e passas, e bebido um aperitivo....

O jantar a dois não se concretizou, mas a PT (TLP, acho, à época) agradeceu e bem... o tempo de desculpas mútuas.....

Até amanhã...

Anónimo disse...

Pois, a chamada foi longa (e no tempo em que os telemóveis não falavam...).
Mas não pensem que a vou contar toda. E, mais que as desculpas, foram as promessas (como sempre, para não cumprir!... não são só os "políticos" eh!eh!).
Mas não avanço mais.
Até amanhã e depois de amanhã... ate sexta da próxima semana.