faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Contando um (re)encontro neste amor que se conta - 3

Em Lisboa, ele,
em espera ansiosa…

Em Lisboa, ele chegou cedo a casa. Ainda nem eram 20 horas. Não tinha sido capaz de ocupar mais o tempo que faltava para a hora S. De surpresa.

Com uma flor na mão a atrapalhar, abriu a porta do apartamento de Lisboa, e sentiu uma estranha mistura de gozo e de inquietação ao entrar na sala.

Pareceu-lhe demasiado vazia. Tudo impecavelmente arrumado, como era costume. Foi à casa de banho, passou pela salinha-escritório, ligou o computador, fez uma paciência, desligou o computador. Estava sem paciência, isto é, impaciente...

Agarrou num livro, foi para a sala, acendeu a televisão, foi à cozinha deitar um pouco de água numa jarra, meteu lá a flor, sentou-se num sofá que não o mostrasse logo a quem, vindo(a!) do elevador, pudesse abrir a porta .

Colocou a jarra estrategicamente para que ela, antes de tudo, visse a flor e só depois, já meio surpreendida, o visse a ele, com o ar de gozo que já tinha na cara.

Olhou para o relógio. Uma... duas... três vezes. A confirmar e a reconfirmar as horas.

Ela iria sair do escritório depois das 19, após ter feito algumas tentativas para o apanhar (pelo telefone!) no apartamento em Bruxelas, e viria, furiosa, para casa, mudar de roupa, tentar ainda combinar um jantar com amigos, ou um encontro para conversa de desabafo. E tropeçaria nele!...

Ou então, mais furiosa ainda, adiaria a “vingança” e viria com a intenção de se pôr a ver um vídeo. E tropeçaria nele!...

Ou viria, mais que furiosa, como uma seta, direita à cama. E tropeçaria nele!...

Isto era o que ia congeminando. Enquanto fazia horas, enquanto esperava.

3 comentários:

Maria disse...

Ele "sentiu uma estranha mistura de gozo e de inquietação".... como eu percebo a inquietação...
Não, ela não fica furiosa, nem se vai "vingar".
Vão os dois lamentar a situação, com a promessa de nunca mais se fazerem surpresas deste tipo, a 2.000 km de distância, sem que haja alternativa imediata para o encontro....

Até logo

Anónimo disse...

Promessas...

GR disse...

O que “ele” vai sentir é, uma grande frustração e incompreensão, por ver as horas a passarem e só a solidão tropeça, frente ao vazio que “ele sente!

GR