faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

domingo, 26 de agosto de 2007

"em memória"

Nestes dias, em que tanto li sobre alguém que morreu (e que respeito, agora que morreu, como em vida respeitei, porque quero, pelos vivos e pelos mortos, ter o respeito que o humano, qualquer humano, merece), impôs-se-me este papel amarelado que aqui reproduzo:

"em memória"

a todos os mortos anónimos

A todos os que morreram
..........sem que alguém o soubesse
salvo a polícia que os matou
salvo "a política" que os condenara

A todos os portugueses mortos
..........por Portugal/Povo
..........sem que os portugueses soubessem
....................do nome
....................do homem
....................da luta
....................do crime

Hoje,
com estes mortos promovidos a mortos nossos,
com a amargura de um desastre que lhes tirou a vida,
com o peso da injustiça da sua importância relativa

05.12.1980
(num dia em que houve um acidente, que me não recordo qual foi
... mas de que me ficou a memória dos seus mortos)
_______________________________________
Acrescento ainda a tempo (?!):
Curioso, fui investigar. E estou a dizer, sem me conter, "é espantoso!, é espantoso!"
É que esses mortos, promovidos a "mortos nossos", com o peso da injustiça da sua importância relativa (que o podia ser por negativa, por terem vivido e morrido anónimos, ou que o podia ser por empolada por terem vivido e morrido em excessiva notoriedade), foram... Sá Carneiro, Amaro da Costa e quem os acompanhava no dia 4 de Dezembro de 1980.
Ele há coisas...
Por isso, isto tudo vai para o anónimo. Não tem nada de ficção!

3 comentários:

Maria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria disse...

Sempre injusta, a morte, a fazer parte da nossa vida.....
... quantas vezes antes de tempo.....

(o "apagado" é tb meu, mas tinha um erro. Detesto erros...)

GR disse...

Quase sempre injustamente antes do tempo, essa partida é a que mais dói.
Quando gostamos de alguém, nunca é tempo para morrer.
É sempre muito cedo!

GR