faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

domingo, 29 de março de 2009

Quantos de nós...

Interrompo as "viagens", adio os (outros) trabalhos, e venho aqui deixar um apontamento. Mas tão sério, tão vindo cá do fundo que não dá para brincar com as palavras.

Quantos de nós foram assasinados antes de chegar aos 40 anos?
Quantos de nós, imprescindíveis para a luta, foram miseravelmente assassinados?
Aqui ao lado, na criminosamente ensaguentada Espanha,
Miguel Hernandez, Federico Garcia Lorca (deles deixo o nome porque foram estes que aqui me trouxeram, interrompendo a viagem que por eles passava e pelo que cantaram),
ainda em castelhano, mas mais longe no espaço mas mais perto do tempo, Victor Jara
e mais longe, na língua, no espaço, no tempo, os indonésios, os iraquianos,
tantos e tantos de tantos lugares, assasinados antes de chegarem aos 40 anos
por serem comunistas,
ou por lutarem pelo socialismo, viesse ele a ser o que viesse a ser,
e aqui também!
Aqui na nossa terra pisada tantos e tantos anos
por botas fascistas de coroneis, generais e marechais,
da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa,
e de mais grupos que portugueses se diziam e só fascistas eram,
e pelos sapatinhos engraxados da Pide, dos governos de Salazar e de Caetano,
e pela indiferença de tantos (alguns descalços) que Portugal desconheciam.
Aqui, Dias Coelho, e mais tantos..., que ainda 40 anos não tinham.
Assassinados!
E os assassinos impunes.
E de "boa memória" para que nós esqueçamos.


















José Dias Coelho

Mas...

Mas mais que lembrar e ressarcir as vítimas,
mais que castigar os criminosos,
(mas mais, muito mais!)
há que não esquecer os crimes,
há que impedir que se contem mal as histórias,
há que não deixar que se falsifique a história,
há que contar o que fez - e como se faz - História.

Com a luta!

4 comentários:

Maria disse...

Um post sentido, que me causa arrepio. Apesar de já ter falado de todos que aqui mencionas, é bem diferente ler o que escreves...
Tentarei sempre, à minha maneira, que nunca se esqueçam estes crimes, praticados por gente que nunca deveria ter existido - nem eles nem os seus chefes.

Um abraço

do Zambujal disse...

Tu? Tu estás sempre a impedir que se falsifique a história, a dizer como foi feita História, a escrever História. Como cada um de nós, camaradas, tem de fazer.
Abraços

Justine disse...

É isso mesmo!Não deixemos então que a História seja falseada, para que os filhos e netos saibam como foi e aprendam.

Nocturna disse...

Esse é um dos trabalhos que competem à nossa geração.
Não deixar esquecer , nem falsificar a História.
Não devemos esquecer, nem perdoar estes crimes hediondos que sacrificaram tanta gente e que agora têm uns «figurões» por aí a tentar branquear.
Um abraço
Nocturna