faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

terça-feira, 31 de março de 2009

ou... "Uma História Com Final (aparentemente) Feliz" - 12

12.

“Eh pá! palavra que não estou nada descansado com este gajo… não queria tê-lo deixado ali. Sozinho…”
“… estás mesmo a ser o anjo da guarda do homem…”.
”… pois… já pensei nisso… anjo da guarda republicana…”. E riram os dois.
“Tem calma, pá… o homem ficou bem. Parece muito tranquilo.”.
“Tranquilo?! Aquilo lá por dentro deve estar em polvorosa… teria sido a mulher que o "enfeitou", ou que o deixou, ou uma coisa assim...? A chatice é que quem está como ele às vezes faz disparates.”
Continuaram conversando, com os temas a variar e a bola a prevalecer (aquele penalti contra o Sporting!...), quando, uma boa meia hora passada, o intercomunicador da viatura deu sinal. Era do posto.
Era para lhes ser comunicado que o dono do cafezito da Boca do Inferno telefonara. Para informar que o homem que tinha estado com eles saíra dali quase logo a seguir aos “senhores guardas” mas que deixara ficar a pasta esquecida ao lado da cadeira onde estivera sentado.
O Guarda-republicano nem esperou instruções. Deu a meia-volta com o jeep, e encaminhou-se de imediato para a Boca do Inferno. O outro guarda-republicano nem perguntou nada. Era evidente que o camarada tinha mesmo o problema do Homem nas preocupações.
Rapidamente chegaram ao bar da Boca do Inferno e tomaram posse da pasta. Esta estava aberta, e o Guarda-republicano tirou dela dois ou três papéis soltos e um dos vários dossiers que a enchiam.
Assim identificou o Homem. Nome, números do BI e do NIF e outros dados. E depressa se apercebeu de que havia o problema de uma livrança no banco e a respectiva reforma engulhada. E também da entrevista com o Senhor Administrador daquela manhã.
Disse para o outro GNR “Afinal não deve ser nada com a mulher. O homem está é com problemas financeiros graves”.
O outro permitiu-se gracejar “Ah! ainda bem… se é que é melhor ter a cabeça pesada por causa de uma reforma do que por causa da mulher…”.
Voltaram-se para o dono do bar “Viu para onde ele foi? Notou alguma coisa de especial?”.
“Saiu daqui com aquele ar assaparantado (já o tinha observado antes dos senhores guardas chegarem, ali sentado na pedra… já vi muita coisa por aqui…) e lá foi para os lados do Guincho. Nada de espacial, embora inseguro, de passo incerto… já vi muita coisa por aqui pela Boca do Inferno…”.
Os guardas-republicanos agradeceram, despediram-se e saltaram para o jeep.
“E agora?”.
“Bem… agora, vamos à procura dele…”.
“Para lhe levar a pasta?...”.
“’Tás a gozar comigo, é?... para impedir que o homem faça qualquer disparate!”.
“Estás a pensar em quê? Que o gajo se suicide?!”.
“Claro que estou a pensar há horas no que tu também estás agora a pensar… e vou avisar o Comandante.”
Depois da comunicação às chefias, partiram com o jeep a ver se encontravam o Homem.

2 comentários:

Maria disse...

O Homem devia estar mesmo em polvorosa... esquecer-se da pasta? E foi para onde? É que não me parece que lhe apetecesse mergulhar naquelas águas frias...

Então até quinta-feira.

Anónimo disse...

Ainda falta um dia para chegar a quinta!
Que diabo terá acontecido ao homem? Para onde terá ele ido?

Campaniça