A história que vos vou contar anda há muito tempo na minha cabeça. Talvez "a crise" lhe tenha vindo dar o empurrão para a fazer sair cá para fora. Mas, mesmo que saísse, na gaveta ficaria, onde iria encontrar boas companhias..., se não houvesse esta coisa dos blogs. Da concepção à concretização é uma história para aqui. Tem um guião, mais: um índice, e está meia escrita, com alguns "capítulos-posts" em forma (quase) definitiva. Vai começar hoje, e duas vezes por semana aqui trarei a sequência da história. Assim uma espécie de folhetim. Do cordel. Como lhe chamar? Já teve vários títulos mas, para agora, ficam estes dois que estão acima, e pode acontecer que venha a mudar.
1.
O Homem chegou com muito tempo de avanço ao terminal rodoviário da “cidade santuário”. Estava ansioso. Assim se sentia, e assim o sentia quem a ele prestasse atençaõ.
Comprou o bilhete para Lisboa, confirmou o horário e que tinha uma larga meia hora pela frente. Entrou no pequeno e deserto bar no canto daquele espaço onde autocarros entravam e saíam, trazendo estudantes que corriam para as aulas, e recolhendo quem esperava por transporte para poder seguir rumo ao seu destino.
A pasta, bem cheia, pesava-lhe no fundo do braço. Pousou-a na cadeira da mesa ao lado daquela em que se sentou, já com a bica na mão, pedida e paga no comprido balcão de tampo de alumínio, metálico e frio.
Escolhera uma mesa de onde visse o relógio na parede, que confirmara estar certo com o seu, de pulso, e com o do terminal rodoviário. Mais minuto, menos minuto.
Para fazer tempo, ou para que este se desfizesse, tirou o telemóvel e ligou para a Mulher.
“Já cheguei à Rodoviária…”. “Pois… já tinhas tido tempo… e como é que estás?”. “… estou nervoso; mas estou cheio de esperança…”. “Claro… não te tinham marcado a entrevista com o Senhor Administrador se não fosse para rever a decisão…”. “Claro, claro… por isso é que estou cheio de esperança… mas não vale a pena estarmos para aqui a conversar sobre o que já tanto falámos.”. “… se te tranquiliza…”. “Claro que sim, falar contigo ajuda sempre… olha… um grande beijo!”. “Para ti, também… boa viagem! Força e muita calma.”. “Obrigado… até logo…”.
Desligou o telemóvel. Arrumou-o. Meticulosamente.
Olhou para o relógio na parede e confirmou no relógio de pulso. Continuavam a par. E tinham andado muito pouco naquele curto intervalo em que não os olhara.
Pegou na pasta, que lhe pareceu mais leve, saiu para o dia a começar, com o sol a espreitar por entre os prédios altos que cercavam o terminal rodoviário. O relógio “oficial” marcava a mesma hora de há um minuto. Com mais um minuto.
Foi à lojita dos jornais e revistas, viu os títulos ainda frescos. Em todos os jornais desportivos as primeiras páginas glosavam o jogo da véspera. Da sua equipa!... e só agora sabia o resultado porque estivera a arrumar os dossiers que lhe pesavam na pasta. A arrumar?!... A abri-los e a fechá-los, a confirmar que não faltava nada. E a tomar apontamentos, num pequeno caderno, sobre uma última lembrança daquilo que não podia deixar de dizer ao Senhor Administrador.
Nos outros jornais lá estava “a crise”. Também glosada. Com os bancos em grandes títulos e pequenas notícias com muitos números.
Comprou o jornal que tinha o sudoku com que gostava de queimar quilómetros quando ia a Lisboa de “expresso” e por razões que não as da entrevista com o Senhor Administrador, como as idas a editoras, a distribuidoras, a livrarias. Era-lhe indiferente o jornal que comprava, e a escolha era feita por ter ou não aquele passatempo. As notícias eram as mesmas em todos os jornais e as “opiniões” pouco variavam, praticamente todas da mesma origem opinativa, com cambiantes de “estilo”.
Distraído, folheou o jornal, num difícil equilíbrio com a pasta e o sobretudo e as luvas.
O autocarro chegou com um ligeiro atraso. Nada que o tivesse inquietado. Nada que mais o inquietasse. Em menos de duas horas estaria em Lisboa e a ser recebido pelo Senhor Administrador.
Comprou o bilhete para Lisboa, confirmou o horário e que tinha uma larga meia hora pela frente. Entrou no pequeno e deserto bar no canto daquele espaço onde autocarros entravam e saíam, trazendo estudantes que corriam para as aulas, e recolhendo quem esperava por transporte para poder seguir rumo ao seu destino.
A pasta, bem cheia, pesava-lhe no fundo do braço. Pousou-a na cadeira da mesa ao lado daquela em que se sentou, já com a bica na mão, pedida e paga no comprido balcão de tampo de alumínio, metálico e frio.
Escolhera uma mesa de onde visse o relógio na parede, que confirmara estar certo com o seu, de pulso, e com o do terminal rodoviário. Mais minuto, menos minuto.
Para fazer tempo, ou para que este se desfizesse, tirou o telemóvel e ligou para a Mulher.
“Já cheguei à Rodoviária…”. “Pois… já tinhas tido tempo… e como é que estás?”. “… estou nervoso; mas estou cheio de esperança…”. “Claro… não te tinham marcado a entrevista com o Senhor Administrador se não fosse para rever a decisão…”. “Claro, claro… por isso é que estou cheio de esperança… mas não vale a pena estarmos para aqui a conversar sobre o que já tanto falámos.”. “… se te tranquiliza…”. “Claro que sim, falar contigo ajuda sempre… olha… um grande beijo!”. “Para ti, também… boa viagem! Força e muita calma.”. “Obrigado… até logo…”.
Desligou o telemóvel. Arrumou-o. Meticulosamente.
Olhou para o relógio na parede e confirmou no relógio de pulso. Continuavam a par. E tinham andado muito pouco naquele curto intervalo em que não os olhara.
Pegou na pasta, que lhe pareceu mais leve, saiu para o dia a começar, com o sol a espreitar por entre os prédios altos que cercavam o terminal rodoviário. O relógio “oficial” marcava a mesma hora de há um minuto. Com mais um minuto.
Foi à lojita dos jornais e revistas, viu os títulos ainda frescos. Em todos os jornais desportivos as primeiras páginas glosavam o jogo da véspera. Da sua equipa!... e só agora sabia o resultado porque estivera a arrumar os dossiers que lhe pesavam na pasta. A arrumar?!... A abri-los e a fechá-los, a confirmar que não faltava nada. E a tomar apontamentos, num pequeno caderno, sobre uma última lembrança daquilo que não podia deixar de dizer ao Senhor Administrador.
Nos outros jornais lá estava “a crise”. Também glosada. Com os bancos em grandes títulos e pequenas notícias com muitos números.
Comprou o jornal que tinha o sudoku com que gostava de queimar quilómetros quando ia a Lisboa de “expresso” e por razões que não as da entrevista com o Senhor Administrador, como as idas a editoras, a distribuidoras, a livrarias. Era-lhe indiferente o jornal que comprava, e a escolha era feita por ter ou não aquele passatempo. As notícias eram as mesmas em todos os jornais e as “opiniões” pouco variavam, praticamente todas da mesma origem opinativa, com cambiantes de “estilo”.
Distraído, folheou o jornal, num difícil equilíbrio com a pasta e o sobretudo e as luvas.
O autocarro chegou com um ligeiro atraso. Nada que o tivesse inquietado. Nada que mais o inquietasse. Em menos de duas horas estaria em Lisboa e a ser recebido pelo Senhor Administrador.
3 comentários:
Começa bem, esta estória. Com os tópicos necessários.
Como tenho a mania de ver "filmes", este senhor administrador intriga-me... no dia de hoje.
Mas como dizes no preâmbulo que a estória anda há muito tempo na tua cabeça, quem sabe...
Abreijos e até já
Pois, eu também estou muito interessada nas cenas dos próximos capítulos. Até já comecei a imaginar o que se vai passar a seguir. Claro que descaramento não me falta.
Vai ser engraçado ver sair tudo ao contrário.
Campaniça
eu vou começar a acompanhar também esta estória!
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