faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

sexta-feira, 10 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 13

Um dos emblemas de Nova Iorque são os yellow cabs. Utilizámo-los algumas vezes, até porque são acessíveis (apanham-se facilmente e não são nada caros). Quanto aos condutores, há de tudo e melhorámos substancialmente a impressão que nos deixou o primeiro, o que nos trouxe do aeroporto a casa da nossa amiga.
E pensávamos despedir-nos de NY a bordo de um desses objectos, mas a nossa amiga - que nos "estragou com mimos"... -, como mais um "mimo" requisitou um outro táxi, a uma companhia de que habitualmente se serve... e foi um sarilho.
O carro era bom, diria mesmo excelente, mas o motorista era um... cromo. Atípico como todos os "americanos" típicos. Para além de falar uma língua que não chegámos bem a perceber qual era, não parou um segundo de fazer outras coisas enquanto conduzia e, por último, para culminar a sua actuação, depois de nos ter perguntado em que companhia viajávamos, e de lhes termos dito ser a KLM, aproveitou para uma longa dissertação sobre aviões e companhias respectivas, em grande parte ininteligível, e deixou-nos na porta da Air France... porque, decretou ele, a KLM já não existia. Resultado: tivémos de percorrer uma parte do aeroporto Kennedy, de aerotrain e a pé (com as malas!), para chegar ao terminal 4 de onde partem os aviões da KLM, que tem uma ligação com a Air France e com a Delta... essas coisas dos negócios e negociatas.
Olha se não temos ido com tempo de folga!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 12

- Vamos lá parar um bocadinho e descansar os pés...

- Boa ideia... já não posso mais. Depois de tanto museu...

- ... aqui... neste banco do Central Park.

- Uff... um banco para (as)sentar, como tu já escreveste.

- A propósito... não disseste nada sobre o meu "post" a teu respeito...

- Foi pior a emenda que o soneto...

- O quê... não te fiz justiça?

- Mas eu não queria que me fizesses justiça... queria é que não me tivesses tratado como uma dondoca... sopas depois do almoço...

- ... sabes que não é isso que penso de ti...

- ... às vezes parece... e achas que é equilibro os museus mais a dondoquice?!... olha que no MAD estavam lá umas dondocas novaiorquinas...

- É verdade. Até fazia impressão. Mas tu não é isso. Não é esse equilíbrio... tu é também a literatura, o cinema, as fotos, a arquitectura...

- Pára com isso. Gosto do que é bonito, e nisso incluo roupa e essas coisas.

- Também eu gosto do que é bonito... é por isso que...


E a conversa (de ficção!) continuou.

terça-feira, 7 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 11

O "cronista" penitencia-se. Expontaneamente. Antes de reclamações e indemnizações devidas. Ela não são são só montras e compras. De modo nenhum. De museus, gentes e bichos também faz as suas (e nossas) viagens. Que organiza com equilíbrio... e com aquela "queda" para as montras e compras.

O que ela desfrutou do centenário do Bacon - um dos seus preferidos - no Met! E aí vamos nós, hoje, a caminho de outros museus que ela meteu no programa. Se houver umas lojistas no caminho, ou nos próprios museus, não perdoará. Mas tem toda compreensão deste que se vai cronicando, às vezes injustamente, e que se assina .

segunda-feira, 6 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 10

Depois do encontro casual com uma equipa de agitação e propaganda, numa esquina ali mesmo ao pé do Teatro Apollo, no âmago de Harlem, fiquei com vontade de passar pela Revolution Books. Confirmei a morada na "net".
Como a rua era compatível com intenções e projectos de ela, foi muito fácil tudo conciliar na manhã de hoje. E aí fomos nós.
Não foi difícil encontrar, não foi como com a Tifanny's...
Mas, depois de um fim de semana prolongado em que muitas lojas estiveram fechadas, esta "revolution books" terá prolongado o encerramento. E não descobri nenhum aviso de quando é que a "revolution" iria abrir!... Paciência.
Mas não foi por isso que não entrei em lojas. Depois de Chelsea, em Greenwich Village, sobretudo na Beecker St., e no Soho, foi um fartote, com um almoço pelo meio.
Ela não perdoa! Lambuza as montras, entra aqui e ali, e ali e acolá. Às vezes, o que mais me cansa, depois de longas camnhadas, é o entrar numa loja, de coisas giras ("lindas de morrer", dit-elle), mas que vejo e revejo num quarto de hora, e ficar por lá enquanto para ela um dia não chegaria... porque nunca apreciou tudo como desejaria e, se pudesse, voltaria no dia seguinte. Sem eu estar a pressioná-la... como me acusa.
Mas, hoje, descobrimos uma solução de compromisso. Há os bancos de (as)saltar, que são muitos, mas há, também, os bancos de (as)sentar em jardins perto de lojas. Que também são muitos, nesta cidade. Está-se bem, a observar gentes e a escrever notas para "estas coisas".

novaiorquinas (do cordel) - 9


E há gente, gente, gente. De todas as cores, idades e tamanhos.

Nativos, poucos. Mesmo que se alargue estes aos que o passaram a ser considerados como naturais, ao longo de gerações. Sim, porque os nativos nativos eram de pele vermelha e foram quase todos exterminados, ou estão em reservas. E houve outros vermelhos que ou se pintaram de outra cor, ou exterminados foram, ou continuam, como se reserva fossem, a resistir. Para o futuro. Também aqui

Gente, gente, gente. De todas as origens, cores e tamanhos. Com abuso do tamanho grande. Muito por culpa da comida. Comem muito e mal. Desde pequeninos, quando a gordura é formousura. Por isso ficam grandes, gordos e feios (nem todos, nem todas!....). Alguns e algumas com pneus em socalcos ou conglomerado-se num só pneu tipo TIR. E barrigas rotundas, gordas maiores e diferentes das das grávidas. E há grávidas! O que é, sempre e em todo o lado, muito bonito!

E nós, contentes. No meio de gente.

domingo, 5 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 8

As cidades são feitas de contrastes. Quanto maiores as cidades, maiores os contrastes são. E se a cidade se chama Nova Iorque, que dizer?

Encontrar pequenos quintais na Venda Nova, entre Amadora e Lisboa, é quase natural.

Aperceber-se o viajante, em Nova Iorque, que em cada recanto se colocou um pequeno jardim, que há parques a rodear arranha-céus (ou vice versa?, como é o caso do Central Park) vai sendo natural, após ter começado por surpreender um pouco. Agora encontrar, ao virar de uma esquina - se bem que em Harlem... -, um quintal "à nossa maneira", com tomates, feijões e outras verduras, e uma casinha de madeira muito bem arranjada lá no fundo... ah! isso, depois de um certo encantamento, merece foto. E ser contado.

sábado, 4 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 7

Neste dia da independência, o dia será dedicado a mais visitas. A museus ainda não visitados. Certos de que será no meio de gente, de muita gente. Nestes lugares e espaços habitados de gente. Por isso vivos. E, a propósito de gente, uma estória de ontem, ao jantar.
Entrámos no restaurante italiano, depois de bem analisada a informação sobre os preços e terem parecido acessíveis (mais as inevitáveis taxas e tips formais e informais mas obrigatórias...).
Uma jovem, muito jovem, atende-nos, com profissionalismo e simpatia. Enquanto fazíamos a escolha, pergunta-nos de onde somos. "... de Portugal?, de onde?". Para não entrar em pormenores, a Zé respondeu que éramos de Lisboa, antecipando-se à que poderia ser a minha resposta que, claro, meteria Ourém e mais proximidades...
Espanto nosso! A jovem começou a falar, com entusiasmo, de Lisboa. Que visitara com um grupo de outras jovens. Do que gostara e muito, e parece que tudo foi. Sobretudo das pessoas.
Lá fizemos o nosso melhor para não desmerecer a imagem que ela trouxera da nossa terra.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 6

Afinal... estava lá!

É certo que havia informações confusas no "guia" que nos aconselha, na "net" que nos guia, mas... "quantas vezes já aqui passámos!?", "é verdade, duas ou três...".

Quem não estava era a Audrey e o seu pequeno almoço! Mas ela, além do gozo da miragem gulosa da montra (e de um salto ao interior da loja), teve uma satisfação extra: foi mesmo ali, à porta da Tiffany & Co., que um dos pedintes que por aqui há, com animais que lhes servem de apoio para a mendicância, passou. Com uns "gatinhos amorosos", irresistíveis (veja-se o miúdo!):


E a troco destas festinhas debaixo do queixo do gatinho (na verdade, "amoroso"), lá foram uns trocos para o dono-patrão.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 5

De repente (mentira... foi a pouco e pouco), a sandália "deu o berro". Em pleno Central Park, farta de andarilhices, escancarou a bocarra! Ainda tentei andar descalço (ninguém notaria, aqui anda-se de toda a maneira), mas os meus mimosos pés não aguentaram mais que uns metros. Única solução à vista: alugar um "transporte público", uma "byke". Das que se nos andavam, insistentemente, a oferecer-se para nos transportarem, puxando por nós à custa de pedalada.
Lá se fez o contrato com um jovem alto e de bom aspecto (apesar do cheiro a suor). Lá nos instalámos e lá fomos.
Confesso que não me sentia muito bem, e tive ganas de, nas subidas (felizmente poucas e pouco íngremes), saltar do banco e ir dar uma ajuda, empurrando.
O "puto" era simpático no seu estranho linguajar para-pedagógico, de guia meio improvisado. Era o seu trabalho de verão, disse-nos. Mas feito com profissionalismo, pois escolhia bem os ângulos panorâmicos e contava coisas aprendidas, embora privilegiando informações, digamos, de revistas de sala de espera de dentista: o John Lennon, a Madona, o Michael, a Jacqeline Kennedy Onassis, o Woody Allen, o Elton, a Cosa Nostra, os seus apartamentos, os custos, os pormenores de vidas íntimas e (pouco) privadas, sempre com filmes e concertos a servirem de referência.
E fez questão em levar-nos até ao museu onde queríamos ir, pelo meio do trânsito novaiorquino.
À despedida, depois das contas feitas, ao trocarmos nomes como se fossem cartões, a grande surpresa-coincidência: chama-se Serguei, é de origem russa! Acabámos a tratar-nos por Serioja e, cheios de pena, a despedir-nos com obrigados e spassibas.
Ele há coisas!
.
(as próximas, aqui, também trarão ilustração... que é que são menos que as lá do anónimo?)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

novaiorquinas (do cordel) - 4

Ao fim do terceiro dia, o ritmo abrandou um pouco com a chuva e com a ida de metro e comboio a Newark. Talvez tenha sido o que me valeu...
É que, de manhã, cheguei a assustar-me. Ela parecia querer esgotar Nova Iorque ao terceiro dia. Saiu para fotografar um fogo, e o aparato bombeiral. Depois, voltou e aí fomos nós à procura do pequeno almoço na montra de Tiffany's. Não a encontrámos. Nem à montra, nem à Audrey Hepburn que, desconfio, já se "apagou"... tinha um ar tão frágil... (se calhar - diz ela - só um "certo ar" era frágil).
Mas ela não desistiu desse cinematográfico pequeno-almoço. Além de que NI é inesgotável, eu é que não sei se o serei. Com tanto andar, por este andar...
Ainda de manhã, de repente vimo-nos numa outra flor(est)a, no meio e parte de uma outra fauna. Em Times Square. Foi giro!
E a tarde também o foi, com a ida a Newark. Um mergulho num meio de emigrantes portugueses. Ouvindo e falando em português, vendo o noticiário da RTP. Uma experiência.
A chuva é que começou a cair e estragou um bocado os encontros.
Amanhã, há mais Nova Iorque!