Pus um boné, sentei-me ao sol que subira já pela copa das árvores do fundo do quintal. Esplendoroso.
Ela fazia uns exercícios de ginástica, moldando o corpo querido, experimentando até onde o podia tornar mais flexível e seguro. Era também sol.
Era também sol o gato, recuperando-o depois de tanto o ter esperado, e espreitado e aproveitado nas nesgas em que o inventara.
Em planos sucessivos, os verdes. Iluminados.
Dei uns passos, sob o arco de glicínias, cuja primeira floração se está a transformar em tapete macio, mas ainda dossel.
E os pássaros! Os pássaros em concerto. Surpreendente. Como sempre. Como se tivessem ensaiado para ser sempre igual e sempre novo. Sempre com surpresa nos acordes.
Ao longe, uns foguetes. Pelo meio do cantar dos pássaros. Lembrando 1812 e Tchaikovski, como se fossem canhões e a Marselhesa a meterem-se pela música, sendo música.
Não sei quem estaria deitando os foguetes aos céus lavados de azul. Nem porquê os estariam deitando. Sei - ah, isso sei! - que, nesta manhã luminosa, me eram oferecidos, e estralejavam porque esta é, sempre, a manhã dos dias nascidos.
3 comentários:
Partilho tudo contigo: a manhã renascida, a festa, o sol, a vida!
Tão bonito...
Abraço.
Tudo o que vem de Vocês é lindo.Os textos, os desabafos, as fotos, as homenagens, o gato, o quintal, os livros, enfim, a dona e o faz de dono. Um grande beijo da Joana d'Évora.
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