faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

terça-feira, 3 de junho de 2008

VIVER!

VIVER!
sobrevivendo...

às doenças infantis
às doenças adolescentes
às doenças adultas
às doenças venéreas e às venerandas doenças
ao ópio do povo e à droga desportiva
à informação deformativa
às traições e desilusões
ao assassinato do camarada que vinha ter comigo*
aos amores e aos desamores
às amizades e às desamizades
aos acidentes de viação
aos eventuais acidentes de aviação
aos incêndios, às cheias, aos mares e glaciares
àquele cancro no cólon e a outros por ele colonizados
aos AVC vindouros potenciais e coisas que tais
ao sacana do alemão e ao primo talvez inglês.

Morrer o mais tarde possível sem ter passado por senil!




* - a ouvir "a morte desceu à rua"
(de foto de António Sérgio Galamba)

6 comentários:

Justine disse...

Há dias assim. Mas viver não é sobreviver, e tu sabe-lo melhor que ninguém!
Aí vai um sorriso

samuel disse...

O mais tarde possível? Tu mandas, companheiro!
Ora deixa cá ver... são agora cerca de vinte para as seis, portanto... e se combinássemos a coisa para morrermos lá para o dealbar do Século XXII? Não é por nada de especial, mas tenho esta curiosidade de saber se os séculos dealbam sempre da mesma maneira e convenhamos que este não foi brilhante.

Abraço

samuel disse...

...e mais, se soubesse que a cantar podia "provocar" fotografias assim, já teria tentado establecer-me no ramo.
Pelo sim pelo não, vou começar a tentar cantar a cores...

Sérgio Ribeiro disse...

Pois bem, Samuel, o teu canto entrou-me por cá adentro. Mas era fácil (desde que bem cantado, como tu o fizeste)... porque este "episódio" está cá dentro!
Agradeço-te e ao António Sérgio que, sabendo das circunstâncias que me fazem, conseguiu "apanhar-me". E eu ando para aqui, não Narciso mas hamletiano, pelas brumas dinamarquesas a perguntar-me coisas sobre a terra, o sonho, o ser, e a "retocar" a foto como quem interroga a caveira.
Mas isto de "omeletes"... não se pode abusar.
Só que há dias assim, dit-elle!, e quanto ao dealbar do séc. xxii começo a recear não chegar lá. A ver vamos...

Maria disse...

Viver, claro.
É o que fazemos todos os dias (alguns distraem-se...)
Lembro-me tão bem desta tua expressão e do que se sentiu por lá quando o Samuel cantou....

Fico à espera que o pedro te desafie mais vezes... gostei do resultado.

bettips disse...

Um cantar de vida cheia,
lindíssimo
em três tons.
Há-haverá dias, qual deles o melhor, para descobrir como viver o fácil momento
esticado na relva ao sol.
Bj