faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Hoje, agora...

Chove,
os pingos, grossos, tamborilam nas claraboias.
À volta,
tudo está cinzento, triste, magoado.

É o som e é a cor do dia,
mas, mais que o som e a cor do dia em volta,
é como oiço e vejo, bem cá de dentro, o som e a cor do dia,
oiço a chuva e vejo(-me) cinzento, triste, magoado.

19 de Dezembro,
hoje de 2007,
19 de Dezembro que também é,
- e que, pelo que foi, sempre será -
19 de Dezembro de 1961!

Mas, hoje, o dia 19 de Dezembro é de 2007!
E hoje, agora, há que lembrar
mas, e depressa, há que reagir,
há que continuar a vida e a luta que é a vida.

Começo a ouvir os pingos grossos de chuva como música,
ensaio tons para pintar de outra cor o cinzento do dia,
não deixo o pastor que chora pintar doutra cor as papoilas dos trigais,
estou, aos poucos, a trazer o vermelho vivo cá para dentro
... é o seu lugar!

5 comentários:

Maria disse...

Hoje é, e todos os dias são, dias de luta.
Hoje é um dia Vermelho, como as papoilas dos trigais....
Muito bonito o teu poema... e guarda bem o vermelho vivo, aí dentro...

Justine disse...

Tu tens a força para transformar os pingos de chuva cinzenta e fria em notas musicais de esperança. Por isso estou sempre perto, por isso te acompanho

Mazdak disse...

O vermelho VIVO é, e será sempre a minha cor de eleição, quanto a ti camarada, luta sempre...

saudações fraternas.

GR disse...

Tantas lutas, lágrimas, sorrisos e até Revoluções separam estes 46 anos.
A tua memória é nítida, triste e magoada.
Por cada Resistente assassinado, mil vozes se levantaram!
Não foi em vão a vida ceifada do jovem camarada PINTOR.
Ele, tu e tantos outros pintaram um quadro de papoilas vermelhas, um céu azul, ao longe o verde das árvores que estavam a crescer.

São belíssimos os teus poemas!

GR

Maria disse...

Outro beijo especial, Vermelho, hoje!