faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

domingo, 27 de janeiro de 2008

Poemas cucos - 1

Poemas cucos[1]
(traduzidos ou adaptados “à maneira”)

À maneira de Brecht

Há homens que um dia passaram por Ourém, são os turistas;
Há outros que viveram em Ourém uns tempos, ou em Ourém viveram a vida toda, como se fosse algures, são os passantes;
Há aqueles que nasceram em Ourém, são os originais;
Há, destes, os que ficaram por Ourém, são os nativos;
Há, ainda destes, os que de Ourém partiram para Franças e Araganças, são os emigrantes;
Há aqueloutros que parece que têm raízes nas terras de Ourém e aqui desejaram ou escolheram viver, são os oureenses;
Há um senhor que não gosta (para não dizer mais!) de Ourém e dos oureenses, é o Presidente da Câmara de Ourém.
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[1] Os cucos são aves conhecidas por chocarem os ovos em ninhos feitos por outros/as; também se aplica o epíteto a algumas “aves” humanas ou a suas "obras" que se aproveitam do trabalho dos outros/as.

4 comentários:

Maria disse...

Ou seja, continuando o pensamento de Brecht, esse, o Presidente, é perfeitamente prescindível.....

Anónimo disse...

Absolutamente!
Mas eleito democraticamente e... com maioria absoluta.
É a luta f.d.p.

Justine disse...

Esse, de que vocês estão a falar, é maios do que prescindível, é prejudicial, é maléfico, é .. (ai, não escrevo, só penso)

O "cuco" está muito bem adaptado!

GR disse...

Há homens prescindíveis, desses não irá falar a História.
Porém,

“Há homens que lutam um dia e são bons; Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida, e estes são imprescindíveis”

Sérgio,
Um grande abraço fraternal porque tu és também um destes homens de quem o Brecht honrou.

GR