faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

domingo, 13 de janeiro de 2008

Noite e nevoeiro

Sempre, sempre na memória, por vezes gritando tão alto que cala todas as outras vozes:
(Nuit et brouillard,
de Jean Ferrat
... On me dit à present que ces mots n'ont plus de cours
Qu'il vaut mièux ne chanter que des chansons d'amour...)
.
Isso nos dizem,
.
que depois de moderados os excessos revolucionários e das cartas ao FMI. que depois da Europa connosco e da entrada para a então CEE, que depois da moeda única e do controlo da inflação, que depois do défice controlado e fim do despesismo, que depois de se deixar de fumar e de se controlar o terrorismo, que depois das Afganislónias que já foram e continuam, dos Irãosiraques que estão a ser e continuarão, que depois de se porem na ordem os Fideis e os Chávez (e o PCP, claro), que depois de fazer da China e de tudo o resto um mercado mundial, que depois do tratado e de subir as taxas de juro porque a inflação é que não, que depois das reformas (indispensáveis, indispensáveis) na saúde e na educação e nas funções públicas, que depois de ficar tudo (mas tudo!) porreiro, pá!(*).
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que depois destes sacrifícios (e daqueles e daqueloutros), que depois destas necessárias restrições aos direitos de trabalhadores e às liberdades de (quase) todos, que depois (ah! depois...), depois é que será! Aguentem que vão ver...
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_____________________________________________.
(*) Como disseram, anteontem, Kissinger ao Pinochet e Reagan ao Gorbatchov e, hoje, Sarkosy a Blair, traduzindo, nas respectivas línguas, o que disse, há dias, Sócrates a Barroso (ou foi o Barroso ao Sócrates?), e anteontem e ontem terão dito o Soares ao Sá Carneiro, o Cavaco ao Guterres, o Paulo Portas ao Santana Lopes.

2 comentários:

Justine disse...

Ora aí está um texto sintético, mas bem claro (apesar do nevoeiro com que nos querem cegar) e lúcido, e esclarecedor!
E assustador!

GR disse...

O nevoeiro é denso, cega quase o país.
Só alguns conseguem ver, para lá desta nuvem da obscuridade.
Só há treva e a tristeza, para além teste denso nevoeiro.

GR