faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Via jando

À ida (que não a do Verdi) tive de arriscar.
Lembrei-me da final da Taça e, manhã quase ainda madrugada, quis saber se havia problemas com os transportes públicos vindos do Norte, de Paços de Ferreira e do Porto. Lembrei-me disso ao ouvir os ecos do discurso digno de um populo-fascista, à boa maneira Pinto da Costa, chamando à invasão do “estádio do concelho de Oeiras”.
(Entrementes, lembrei-me – ah!, esta memória cada vez mais resistente ao invés do resto do corpo… - da inauguração do Estádio Nacional, a que assisti e cuja lembrança me emociona apesar da mensagem de Salazar que sobrevoou essa inauguração “o que povo quer é futebol”).
Pois, apesar da afirmativa, pela negativa, da net de que não havia bilhetes, arrisquei a ida de carro até Caxarias… comprei, nas calmas, o bilhete para Grândola, instalei-me e aí fui eu até à Gare do Oriente, onde comi uma bucha e me transferi para o outro Inter-Cidades a caminho de Faro que na vila morena (e tanto mais) me deixaria!
Viagens de leitura e trabalho, e também algum repouso para os olhos e a cabeça.
Em Grândola, cumpri a tarefa. E gostei. Três horas a conversar sobre a crise que não é de agora com para aí uns 40 camaradas e amigos numa iniciativa das cooperativas.
Terei ensinado alguma coisa, isto é, dado a conhecer das minhas experiências, mas não menos aprendi, isto é, colhido conhecimentos de experiências outras, como a da dimensão do cooperativismo. E a da actualização de informações sobre a sua força de resistência a este capitalismo-eucalipto, que tudo pretende destruir, tudo o que capitalista não seja. Antropofagias…
Com a tranquila satisfação de ter… cooperado, de ter dado e recebido, de ter convivido, voltei aos carris, aos comboios. Num me meti, que de Faro vinha à demanda de Lisboa, para ser afluente do que, depois, mais ao Norte rumaria, em romaria com os cachecóis azuis-e-brancos da alegria de mais uma vitória. No entanto, alegria calma, sem a provocadora euforia dos vitoriosos que desprezam os vencidos. Talvez porque estes eram vizinhos, e não cá mais do Sul…
Mas vim pensando nesta amálgama de massas, quarenta ali, centenas (ou milhares) aqui, como mundos diferentes mas com os mesmos problemas, com a mesma necessidade de se encontrarem os caminhos que do futuro de todos é. Pensando na necessidade de haver vanguardas. Na luta. Sempre. Sem tréguas.
Com tanto para fazer. Tantas vezes errando. Sempre imprescindível a luta.

3 comentários:

Justine disse...

Mais uma viagem, mais uma volta, mais uma tarefa cumprida. Mais um passo na luta!

Maria disse...

Também fugi ontem ao cheiro do coirato e da bifana. Que disso tenho que chegue, todos os anos. Aqui, mesmo ao lado. E fui até Colares, um convívio com a Juventude. E voltei rejuvenescida...

GR disse...

Adoro ler os teus contos.
Orgulho-me do teu trabalho, sempre com a mesma alegria e vontade para a luta.
Como gostaria que o Estádio Nacional fosse o local onde irias falar e aquela amálgama de gente do futebol estivesse lá, só para te ouvir e aprender!
O futebol estupidifica, apesar de “termos vencido” mais uma taça!

Bjs,

GR