faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Pinça mentes

Miguel Ângelo bateu com o martelo no joelho da estátua de Moisés e ordenou-lhe “fala!”. A estátua, ainda que de Miguel Ângelo, não falou. Não tinha vida, por perfeita que fosse a pedra trabalhada.
O escritor queria que as palavras por si escritas tivessem vida, e pediu-lhes que fizessem balanço do que ele com elas escrevera. Mas as palavras, porque só às suas palavras pediu, não lhe puderam responder.
E se ele tentasse, sei lá… de vez em quando..., ouvir ou ler as palavras dos outros? Sei lá… por exemplo..., se aceitasse comentários nos seus blogs?, ainda que, relativamente a intrusos, usasse os cintos e os suspensórios de todas as cautelas e seguranças para todos os efeitos. Sei lá… é que os outros não são nem de pedra nem só existem nas suas palavras e pelas palavras suas. Dele.
Há mais palavras, por geniais que as suas, quando se juntam, consigam, por vezes…, ser. De qualquer modo, as palavras entre si, para si e para ele-escritor, não falarão nem farão balanço. Como nada disseram ou dirão se não se cruzarem com outras palavras. De outros. Só assim tiveram, e terão, vida.

4 comentários:

Maria disse...

Para que serve um livro se não for lido?

Sérgio Ribeiro disse...

Mas basta ser lido? Não será preciso que o(s) leitor(es) dêm vida às palavras com a leitura... e com as suas próprias palavras, nem que sejam apenas pensadas ou surrurradas.
Este "pinça mente" é uma reacçao epidérmica a uma coisa que li... e me irritou. Há coisas e gentes que me irritam. Às vezes. Porque me não são indiferentes. Já passou...

GR disse...

Pois tens toda a razão!
O tempo urge. Corro para um lado, Vietname! rapidamente para outro, Vietname!
Tantas fotos para ver, palavras para ler. Depois, tento saber mais e lá vou eu pesquisar.
O tempo passa rápido.
LINDO, este post.
Zangado ficas cheio de poesia, as palavras bailam e clamam. As palavras têm vida.

Claro que os livros, as palavras têm que ser comentados.

Um grande bj,

GR

samuel disse...

Eu também não gosto que o blog do Saramago não tenha um espaço para se dizer nem que seja, li, gostei!
Por isso quase não passo por lá...
Os meus joelhos já me doem demais para me permitir andar a trepar pedestais.

Abraço