faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Declaração de amor

Há muitos anos (ih! tantos… tantas décadas) apaixonei-me por uma colega do liceu. Teria sido a primeira paixão “a sério”, das que nunca esquecerão. Como é que ela se chamava? Bem… não interessa. Tímido como era (e como continuo…) vivi um drama. Como dizer-lhe? Sim, como declarar-lhe todo o meu amor? Juvenil, primeiro, mas para sempre.
Até que - ah!, disto lembrei-me agora mesmo… - descobri a fórmula, o “eureka”. Foi em Os Lusiadas, de Luiz de Camões, nestes, edição de 1916 da Parceria António Maria Pereira.E lá fui eu, todo corajoso, explicar à jovem bela, linda como a mais linda das flores do mais lindo jardim, um estranho fenómeno que – dizia eu – era decerto amor. Único, igual a nenhum outro (cretcheu, como viria a saber muito mais tarde que se diz em crioulo).
Expliquei-lhe eu que cada vez que abria o livro, em que famigeradamente tínhamos de dividir orações - mas antes isso que desconhecê-lo... -, e defrontava na capa o pobre do zarolho com uma coroa de louros na cabeça, se dava um estranho fenómeno. Aquela gravura mudava, transfigurava-se, e era a cara dela, daquela bela que era ela (mas como é que a miúda se chamava?...) que eu via, ficando ali, pasmado (como acontece com os computadores, agora), a olhá-la, embevecido.
E, já meio atrapalhado, metendo os pés pelas mãos, e o Luís (com z) pelos Lusíadas (sem acento no i), concluía que aquele fenómeno só podia ser o resultado de um grande, de um enorme, de um eterno amor.
Confesso que não me lembro da resposta… e, rai’s parta esta memória!, como é que a miúda se chamava?
Acontece que, outro dia, em Nova Iorque, em Times Square, fiz figura semelhante.
Andei tempos que tempos foram em posições e preparativos para tirar uma fotografia em que um W se transformasse em Zé. Consegui! Estou mesmo apaixonado.
Mas agora é a sério. Para sempre e etc.

5 comentários:

Justine disse...

...e até te lembras do nome dela:))

Sérgio Ribeiro disse...

Lá lembrar, lembro.
O problema é que ela, esta, tem a mania de usar um heterónimo! Pelo que, qualquer dia ainda lhe tenho de faze uma declaração de amor em apelativo ao heterónimo... e assinado mounty (com y).

GR disse...

Linda declaração de amor.
Lindo casal, diria mesmo, O CASAL PERFEITO! tão perfeito como o colorido, Amor Perfeito.
Não é que o amor faz maravilhas? transformaste o “W” em “Zé”!

Um bj para ti Sérgio e para a tua amada.

GR

betinha disse...

É como costumo dizer, o amor é lindo. E é mesmo, até fiquei arrepiada!

Maria disse...

Que linda declaração de amor!!!
Mas devo dizer que o primeiro amor fica sempre, independentemente de nos lembrarmos (ou não) do nome...
:)))

Beijo