Fomos transferidos, o Herberto e eu, na mesma “viagem” da carrinha “em navette” Aljube-Caxias
Já não era a “navette” Aljube-António Maria Cardoso da “más memórias”. Fizera-a recentemente para o chefe de brigada da PIDE, o Abílio Pires, representar a “cena” de mais uma intimidação e de ameaças, berrando-me coisas que eu escondera e que viera a saber posteriormente, lamentando-se (!) por não ter mais tempo para tirar algumas dessas coisas mais “a limpo” uma vez que estava nos 6 meses de detenção e tinha que ultimar o processo. Muito legalista… Em “compensação”, e a modos de represália, informou-me que se decidira enviar-me a tribunal, nos “economistas do sector intelectual”. Eu iria ver como “elas o vão morder”!
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Já não era a “navette” Aljube-António Maria Cardoso da “más memórias”. Fizera-a recentemente para o chefe de brigada da PIDE, o Abílio Pires, representar a “cena” de mais uma intimidação e de ameaças, berrando-me coisas que eu escondera e que viera a saber posteriormente, lamentando-se (!) por não ter mais tempo para tirar algumas dessas coisas mais “a limpo” uma vez que estava nos 6 meses de detenção e tinha que ultimar o processo. Muito legalista… Em “compensação”, e a modos de represália, informou-me que se decidira enviar-me a tribunal, nos “economistas do sector intelectual”. Eu iria ver como “elas o vão morder”!
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O meu encontro com o Herberto foi… emocionante. Aproveitei uma distracção dos guardas e pides que nos acompanhavam para lhe dar a mão e a apertar. Fortemente, fraternamente.
Fizemos, emocionados, o trajecto para Caxias.
Era uma nova etapa.
Em Caxias, fomos levados para o reduto norte, para as “casamatas”, que estavam num nível térreo, ou abaixo do chão, e ficámos os dois e a nossa “bagagem” à porta de um espaço onde estavam outros detidos, que víamos e a quem falámos através das grades, e que não conhecíamos, ou conhecíamos vagamente ou de nome. Foram as primeiras “apresentações”.
Depois de entrarmos, e das apresentações formais, foi a certeza de que o nosso “estatuto” mudara. Agora, era ainda mais “a sério”. Passáramos de “detidos” a réus antecipadamente condenados.
Houve episódios que não vêm para estas estórias. Para estas estórias vem a recepção calorosa, camarada, e o termos, nessa primeira noite de Caxias, ouvido cantar (o Gaspar Teixeira) - e cantado todos nós - “Noites de Moscovo”.
Ainda hoje ouço esse cantar no primeiro serão em Caxias e sinto um arrepio.
Fizemos, emocionados, o trajecto para Caxias.
Era uma nova etapa.
Em Caxias, fomos levados para o reduto norte, para as “casamatas”, que estavam num nível térreo, ou abaixo do chão, e ficámos os dois e a nossa “bagagem” à porta de um espaço onde estavam outros detidos, que víamos e a quem falámos através das grades, e que não conhecíamos, ou conhecíamos vagamente ou de nome. Foram as primeiras “apresentações”.
Depois de entrarmos, e das apresentações formais, foi a certeza de que o nosso “estatuto” mudara. Agora, era ainda mais “a sério”. Passáramos de “detidos” a réus antecipadamente condenados.
Houve episódios que não vêm para estas estórias. Para estas estórias vem a recepção calorosa, camarada, e o termos, nessa primeira noite de Caxias, ouvido cantar (o Gaspar Teixeira) - e cantado todos nós - “Noites de Moscovo”.
Ainda hoje ouço esse cantar no primeiro serão em Caxias e sinto um arrepio.
1 comentário:
Há sensações / sentimentos que nos acompanharão toda a vida...
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