faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Histórias ante(s)passadas - 37

As estórias ante(s)passadas são... saudades. E delas sinto saudades. É o chamado jogo de espelhos ou "matrioskas". E há que tempos que não trazia aqui nenhuma dessas recordações e saudades que em mim vivem. E que acordam de vez em quando.
Foi o caso de, nas "grandes operações" de limpeza de papéis - há sempre operações com tal propósito, mas acontece que é cada vez mais frequente a necessidade de... "grandes operações" - em que andamos, do meio de papéis avulsos me saltou esta fotografia:
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Fiquei a olhar para ela, embevecido, trabalho parado, eu como pasmado. A minha tia Ermelinda e o meu tio Cardoso do lado direito da minha avó Damásia e, do lado esquerdo, os meus pais.
Até que a voz da consciência (também lhe chamo assim...) veio de lá do fundo (de onde?...) com um imperativo então?! paraste?
Retomei a faina - que remédio!-, mas separei a fotografia para com ela me encontrar aqui no sossego da secretária. E aqui estou, depois de a ter scaneado e preparado para o "post".
Talvez mais interessante, para mim, claro, e que poderá assemelhar-se a estória, de faccionada, é o verso da foto: Caneças, 5 de Abril 1931 Domingo de Páscoa. A lápis e com a letra da minha avó de que tão bem me lembro.
Ainda não eram casados aqueles dois casais que o viriam a ser no dia 10 de Junho de 1933, e foi decerto um passeio aos "saloios", em que evidentemente não era consentido que fossem sozinhos os namorados, engravatados eles (e de chapéu e lencinho no bolso) e bem enfarpeladas elas. No domingo de Páscoa, 3 dias depois da Judite, a mais novinha, a minha mãezinha ter feito 21 aninhos!
Como eu me lembro deste passeio... em que estava a começar a ser projecto de vida (vejam como "ele" se chega para "ela", e o olharzinho d'"ela"...)!

6 comentários:

cristal disse...

Com estas histórias fazes-nos conhecer-te ainda melhor e continuar a apreciar cada vez mais o grande SER HUMANO que saíu daquele "projecto"! Abençoados J&J. Abraço

Justine disse...

Que elegantes, que distinção! Que equilíbrio na foto, uma ao meio, dois para cada lado!
Já pensaste como teria sido hoje???
Tempos harmoniosos, é doce recordá-los.

Sérgio Ribeiro disse...

Ó Cristal... não me faças corar! Do 1,73 não passarei por mais que me estique, embora por vezes tenha de ter os tais 3 metros de altura a que todos os seres humanos têm direito... e lhes deve ser exigido.
E contigo, Justne, também relevo o equilíbrio e a pose que, curiosamente, não anula alguma naturalidade. Hoje, seria um bocado... à balda. Ou ao molhe e fé em deus, c'a espontaneidade, o "instantâneo" é qu'é.

Sal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sal disse...

O amor é lindo em todos os tempos. A prova está nestes parzinhos, que em 1931 já se esticavam todos uns para os outros. Em santo dia de Páscoa.
beijinho

nota-o comentário eliminado era meu, tinha um erro, fruto de escrever rápido, que só depois vi. Para a próxima escrevo mais devagar... beijinho outra vez

Maria disse...

Estas fotografias provocam-me sempre um sorriso, pelas vestimentas usadas, pelo porte altivo dos fotografados, pela convicção da mãe (ou pai) quase sempre ao meio, a "impor o respeito"....
... pois...