faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

La solitude

4 a uma mesa.
3 a falarem (ou a enviar mensagens) ao telemóvel
(e eu a escrever isto)

Na mesa ao lado, um casal,
2 mais evidentemente sós:
ele, a ler o Correio da Manhã
(de uma ponta à outra),
ela... calada e muda,
ausente e humilhada.

E o Leo Ferré a "conversar"
cá dentro de mim:
sou doutro país, doutro bairro,
doutra latitude...
Pois... La solitude

domingo, 3 de novembro de 2013

Perante a... reforma do Estado

Sair de dentro de mim,
saltar para fora do ego!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sintimentes

Vivo vizinho da casa (ou lugar) onde a santa foi (a)par(ec)ida. 
Como ela, não faço milagres!
&-----&-----&
Trabalha, enquanto é tempo!
&-----&-----&
Não esqueço nada, mas a tudo me vou habit(u)ando. Fazendo de monge com aquilo de que este é feit(i)o... de hábito.
&-----&-----&
Não te iludas, iludir(-se) é viver as desilusões antecipadamente.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Actualizando (de 24 de Julho... e pela avenida de Ceuta)

Passos a passos, portas a portas, (es)cavaco a (es)cavaco...
até quando, Catilina?

De dívida em dívida,
de dúvida em dúvida,
de desgoverno em desgoverno,
de juro em juro,
de troika em troika
(troikando e rindo),
de avaliação em avaliação,
de passos em falso em passos em falso,
de portas abertas em portas abertas,
de cavaco em cavaco
(relvas já foi,
gaspar já foi,
álvaro já foi,
outros já foram,
outros irão ou não),
de salvação em salvação,
(de d.sebastião em d.sebastião)
de Luís XIV em Luís XIV,
de privatização em privatização,
de destruição em destruição,
de especulação em especulação,
de mentira em mentira...
até à dívida impagável,
até ao desastre final (?)

OU

de chumbo constitucional em chumbo constitucional
de protesto em protesto,
de manifestação em manifestação,
de luta em luta
até à revolução fatal
(para eles!...)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

no retorno

Já me falta o tempo!
... para aproveitar 
(e dar a aproveitar)
tudo o que me deu o tempo,
que tão largo foi que já tão pouco me resta

sábado, 3 de agosto de 2013

Olhem que não fui eu...

Nas minhas vizinhanças de criança e enquanto andei pelas escolas como estudante, o meu nome próprio era raro, para não dizer que Sérgio havia só um, eu e mais nenhum (no liceu até me arranjaram a alcunha de Sargeta, não com intenções malévolas - acho eu... -  mas por causa da raridade do nome.). 
Depois, foi-se vulgarizando o nome, e para tal contribui pois fui padrinho de alguns Sérgios, em certos casos ficando-me a dúvida se a escolha privilegiava o nome ou o padrinho. E, para compensar alguma eventual incerteza quando à bondade de quem me chamava Sargeta, tenho a alegria da amizade de quem me trata por Serioja.
Vem isto a propósito de ver o meu nome - e completo: Sérgio Ribeiro - pelas  ruas da amargura. O acaso de folhear um jornal desportivo, trazido por um amigo e vizinho, deu-me a conhecer que um tal Sérgio Ribeiro foi alvo sanções drásticas, na sua profissão, decerto por drásticos crimes cometidos. Destarte (por essas malas artes), Sérgio Ribeiro tem de dizer adeus ao ciclismo profissional, modalidade em que, ao ganhar etapas, já suscitara alguns mails de parabéns a mim dirigidos por amigos que, sabendo que isso de andar de bicicleta foi chão que já deu uvas há muitas décadas, gostam de brincar comigo.
Tenho pena... 
Tenho pena de não ter ganho etapas nessas voltas que se dão por aí, pelas estradas da vida, e do Sérgio Ribeiro que o conseguiu o ter feito de maneira que mancha o nome que é comum de dois (e mais do que de dois). 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Hom'Eça!

As vezes apetecem-me "habilidades" destas... ou d'Eças.

O Expresso está a fazer uma campanha Eça é que é Eça, mais sobre Os Maias!

Achei graça a esse título genérico de Eça agora:


para Maias, assinalando os Maias ou menos 125 anos da 1ª edição d'Eça livro.

E, desafiado, resolvi dizer Hora Eça, venham Maias d'Eças p'Eças!.

Feita a gracjnha, depr'Eça me despeço.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Passo a passo, porta a porta, cavaco a cavaco... até quando, Catilina?

De dívida em dívida,
de dúvida em dúvida,
de desgoverno em desgoverno,
de juro em juro,
de troika em troika
(troikando alegremente),
de avaliação em avaliação,
de passos em falso em passos em falso,
de portas abertas em portas abertas,
de cavaco em cavaco
(relvas já foi,
gaspar já foi,
álvaro já foi.
outros irão ou não),
de salvação em salvação,
de destruição em destruição

até à dívida impagável
até ao desastre final
até à revolução fatal
(para eles...)

Estórias para contar - 1 - ONDE o telefone toca

ONDE O TELEFONE TOCA!

Em tempos que já lá vão – de que alguns leitores ou ouvintes se recordarão – havia um programa de rádio chamado “quando o telefone toca”.
Se bem me lembro, o telefone tocava e um rádio-ouvinte pedia uma música – “posso pedir um disco?...” e tinha de dizer uma frase publicitária patrocinadora do programa –, e o disco, de vinil, claro!..., era posto no prato e servido ao “estimádóvinte”.
Passaram muitos anos e, agora, a estória é outra. Mas que tem ainda uma outra pelo meio. Que é a de “onde estão os meus óculos?”. Estória esta que até deu para título de um livro que me ofereceram quando fiz aí os meus 50 anos, isto é, pela primavera… quando só usava óculos para ler, os de “ver ao perto…”, como se dizia, e acontecia, às vezes, mas só às vezes…, não saber onde os deixava.
“Mas onde raio pus eu os meus óculos?”
Isso passou. Agora os óculos são acessórios permanentes, e até lhes chamam progressivos quando o que acontece é que a visão é regressiva, Tanto assim que há netos que julgam que os avós são aqueles seres que nasceram com óculos, e que servem para eles fazerem aquilo que os pais não os deixam fazer.
… Não nos desviemos do tema e título…
Já não se procuram os óculos, desde que passámos à fase – muito curiosa e engraçada… para os outros… – de termos andado à procura deles com eles postos pendurados no nariz.
Agora a nossa preocupação mais frequente (por mim falo…) é onde teríamos deixado o telemóvel.
Invenção mais recente para o quotidiano do ser humano, o telemóvel tornou-se numa espécie de prótese do ouvido, ou um prolongamento dos dedos e, pela sua dimensão e mobilidade, é frequente não se saber onde ele está.
Qu’é do meu telemóvel, raispartaisto…”

E procura-se, desesperadamente – como se fosse Susana… –, em todos os lugares em que o telemóvel, evidentemente, não está. Nos bolsos do roupão, do pijama (há os que os têm), na casa de banho (ao lado da sanita ou na prateleira da banheira), nas algibeiras das calças que se vestiam ontem, no meio dos comandos da televisão, entre o rato e o computador… sei lá, nas cómodas e incómodas, nos sofás e cadeiras de jardim “... ah! espera aí… terá ficado no carro ontem à noite?”
E passamos em revista todas as últimas horas da nossa vida (incluindo as do sono), revistas sem objecto à vista.
Até que surge o uso ao último recurso.
O telefone toca… e onde toca o telefone será onde o telefone está. Eureka!
Começa, então, uma nova saga. Se o salteador ou o procurador do telefone perdido está acompanhado, pede o auxílio de quem o acompanha; se não está, mas tem a companhia de um telefone fixo, serve-se deste.
Melhor é a primeira hipótese por mais telefonicamente móvel.
“Empresta-me aí o teu telemóvel”.
Vencidas as eventuais resistências (“há coisas que não se emprestam..., não tens um?”, “tenho mas não sei onde está… e é para o o encontrar”, “és sempre a mesma coisa… nunca sabes onde pões as coisas”, e etc. e tal).
Assim preparados para a busca, por mão própria ou marcação alheia, lá vamos marcando o nosso número, de ouvido à escuta, escrutinando a casa toda à procura do som que há-de vir não se sabe de onde, chamado pelo toque de um outro colega de telecomunicações.
A ver onde o telefone toca. Ou melhor: a querer ouvir onde o telefone há-de tocar.
E, às vezes, corre-se a casa toda, e o pequeno jardim e vai-se a outro móvel, ao automóvel.
E ele, o telemóvel desaparecido ou escondido, acaba por aparecer. Com um som sumido, quase se diria tímido e arrependido.
Nos sítios mais inimagináveis. No meio da roupa da cama, debaixo do banco do automóvel, no fundo da algibeira de uns calções que – julgávamos nós – não vestíamos há meses e experimentáramos ontem, já meio-a-dormir, no vaso de flores a fazer companhia a um ramo ontem apanhado para enfeitar a casa, no saco com que se foi às compras, num outro daqueles sacos para meterem os jornais que queremos ler e onde metem tudo o que ler não queremos, ao pé da comida do gato, entalado nas dobras das almofadas do sofá, no meio de um livro… sei lá, nos sítios mais incríveis.
Quantos cantos e santos da casa já descobrimos por toque e graça de um telemóvel perdido episodicamente, e afanosamente procurado por chamamento sonoro?
São as maravilhosas aventuras do tempo presente. Outras virão!

Sérgio Ribeiro

domingo, 7 de julho de 2013

Este tempo (e escrita) só pode ser de ficção... e de cordel!

Estória de uma gralha

«O senhor ministro, lider de partido, ex-jornalista-director de jornais para intrigar, comprador de submarinos por forma que - lá fora... - leva outros a tribunal, com passagem por universidades novas e novas universidades, malabarista costumeiro e contumaz, puxou os punhos da camisa, ajeitou o nó da gravata e a banda do casaco, pigarreou e ditou, com o seu ar imperativo, para a secretária ou secretário  favorito:

"... sendo assim, tomei a decisão clara e revogável de..." 

A secretária (ou o secretário?), embevecida/o com a pose e a pompa da circunstância e a postura imperiosa ou imperial, teve um momento de desconcentração, de que logo recuperou, e escreveu:

"... sendo assim, tomei a decisão, claro irrevogável, de..."

Tudo se explica, e comprova como um pequeno pormenor pode mudar os rumos da História... e reforçar a desacreditação de quem já não tinha credibilidade nenhuma.»


A propósito, ou a despropósito,
lembrei-me de como começa
a História do Cerco de Lisboa do Saramago.