faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Pose(s) e posse(s)

Não gosto da pose

Desagrada-me o espectáculo da pose

Repudio o exibicionismo espectacular da pose

Combato a prepotência aliada à exibição do espectáculo da pose

Enojam-me estes gajos:

Servem quem tem posses!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Olho... e sou poeta! (provisoriamente...)

Quando me dá o viso da poesia, começo (quase) sempre pelo… olhar:

olho os verdes…
olho em meu redor
olho as caras
olho os sorrisos
olho o quintal
olho o rio
olho as serras
olho o mar
olho - ao km. 110 da A1 – os castelos
olho as andorinhas
olho o gato
.

olho os olhos da amada…
… e sou poeta!
.


Olho os botões em flor. Olho, de novo, tudo a nascer. Porque é, mais uma vez, Abril.
.

























Mais uma vez, de novo Abril…
E lamento não ter uma máquina fotográfica que fixe
estas pequenas e desapercebidas maravilhas como elas merecem.
Porque não o serão sempre.
Foram, nos anos passados e vividos. São neste. Serão, talvez…, no próximo.
E depois?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Dagoberto Markl

Soube agora, aqui no sapo, que morreu Dagoberto Markl.
Fiquei, estranhamente, triste. Poucas vezes me cruzei com ele, não mais trocámos que meia dúzia de frases, mas era homem de quem gostava. Diferente. Pelo menos, assim me parecia. Afável, quase caloroso, discreto, ou com um contido entusiasmo... por aquilo que, via-se, dava vida à sua vida.
Há anos que não o encontrava. Gostava dele, pelo que dele conhecia, pelo que ele consentira que eu dele conhecesse, nas poucas vezes que com ele me cruzei, pela meia dúzia de frases que trocámos.
Soube, agora, da sua morte. Aqui, no sapo. Pergunto-me se o teria sabido se o Dagoberto não fosse o pai do Nuno Markl. E fui ler o comovido texto do Nuno. Um texto parecido com o pai, a quem o escreve como se só para que ele, o pai que morreu, o lesse.
Ficam as palavras que aí estão. Diria... de homenagem.
.
E uma pequena estória de lembrança me assaltou. Sei lá se a despropósito.
Um dia, o meu pai entrou em casa, aqui no Zambujal, meio zangado, meio risonho:
"Pronto... era o que me faltava! Já deixei de ser o Joaquim Ribeiro e tu o filho do Joaquim Ribeiro, agora passo aqui na terra e já nem sou o ti'Jaquim, sou o pai do Sérgio... era só o que me faltava!"

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ou é da minha cabeça ou é da qualidade do carapuceiro

No final de uma realização cá pelo burgo, em que participei e de que publiquei umas tantas notas de reflexão por minha conta e risco, acabo de ler um outro balanço, que se diz não o ser, e em que estão observações pertinentes, particularmente sobre a necessidade de melhorar as formas de organização para que futuras e semelhantes iniciativas sejam mais e melhores participadas, mobilizem quem habitualmente não o é e tem tanto para dar.
No entanto, esse mesmo escrito está mesclado por profusas considerações sobre os "outros", os que teriam participado a mais, ou demais, ou mal, ou... sei lá o quê.
Aqui e ali, nessa prolixidade de situações que, a serem justas e consequentes, reduziriam um "bom congresso" a um encontro dos seus correligionários com as "massas" para as trazer ao seio, descobri intenções de endereço. E, com a minha constante preocupação auto-crítica, procurei ver se alguma das carapuças me servia. Talvez, quem sabe... Mas nenhuma me serviu. Poderá ser da minha cabeça, tão deformada ela está. Ou, então, será da má qualidade do "carapuceiro" que, querendo "servir-me", viu baldados os denodados esforços por não encontrar a medida certa!
Por outro lado, como não lhe quero dar importância - para além da que têm, ou poderiam ter, as pertinentes observações que se perdem no emaranhado das intenções agressivas do foro psico/psiquiátrico -, aqui coloco este mero exercício estilístico. De literatura, ou polémica, do cordel.
Não vale mais. E é muito!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

2 de Abril de 2010

Faria 100 anos.
O neto mais novo, o Gonçalo, lembrou-o, comovido!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ora aqui está uma poupa propriamente dita...

... e sem capachinho
.

Asseptizado

Assepticamente, calçam de luvas as mãos que nos vão manusear partes internas, interiores.
Depois, enluvadas, as mãos mexem em tudo o que está à mão, no próprio corpo e nas proximidades, tossem, espirram, assoam-se, protegendo-se com as mãos e delas se servindo para o que preciso for.
Isto antes de introduzir as mãos - de luvinhas calçadas - nos nossos íntimos.
Valham-nos os anti-corpos naturais!
.
[E lembro-me, saudoso, da dra. Cesina Bermudez que, entre duas espreitadelas para dentro da mãe dos meus filhos, remexia o refogado no fogareiro de petróleo e ajeitava a desajeitada trança (ou era carrapito?). Que mulher inesquecível!]

Calar-me? Não!

O que tenho a dizer, digo.
O que tenho a escrever, escrevo.
... e vou pagando as contas
(às vezes bem pesadas...).
Não contem é com acomodação.
Reconheço os erros, os excessos, as inoportunidades
(também a importuna idade...)
e estou sempre pronto à auto-crítica e à correcção.
A CALAR-ME, NÃO!

Coisas que acontecem...

A Lécia olhou para mim quando passava por ela, apressado a caminho do carro e a despedir-me na passagem.
- Sinhor, sinhor... a camisa!
Olhei-me. Tinha o pull-over (nome giro...) levantado acima da cintura de quando metera o telemóvel na bolsa do cinto. Agradeci e corri. Pareceu-me que não era só, que ela queria dizer mais qualquer coisa, no seu portucranianês, mas eu não tinha tempo para ser intérprete...
Só quando me sentei no carro, percebi. Tinha a braguilha desapertada, isto é, deszipada! Lá apertei o cinto e puxei o fecho antes de arrancar...

ODE À PRÓTESE

Os dentes postiços são uma prótese,
os óculos próteses são.
A velhice sobrevive com/às próteses
porque não pode (ou não sabe) viver sem próteses

O SER HUMANO INVENTOU AS PRÓTESES
E AS PRÓTESES REINVENTARAM O HUMANO SER

Já viram algum lince de óculos?
Já souberam de algum crocodilo com dentadura postiça?
Já tropeçaram numa centopeia com pernas de pau?
Já toparam (ao longe) uma elefente de muletas?
Já ouviram falar de gatos com "sonotone"?
Já vos contaram de pássaros com microfone?
Alguém vos contou de poupas de capachinho?
Alguém conheceu formigas em cadeiras de rodas?