Enquanto todo o cerimonial
na Sé Colegiada,
indiferentes ao ritual,
às orações e aos sermões,
aos ajoelhares e aos levantares,
às mãos postas e aos beijinhos nos vizinhos,
uma jovem e um jovem dedilhavam,
obcecadamente,
jogos dos respectivos telemóveis.
Obcecadamente,
opiamente,
... dispensando o ópio da religião.
Depois, durante a refeição matrimonial,
entre os pratos que vinham e iam,
os garfos e facas a baterem na loiça
para os noivos se beijarem,
no meio do bulício e da animação,
vimo-los de novo,
aos dois jovens da Sé Colegiada,
continuavam a dar aos dedos,
desesperadamente,
nos seus infernais teclados.
Desesperadamente,
avidamente,
... alheios a tudo,
às comidas e às bebidas,
ao barulho e às gentes,
à VIDA!
que pena me fizeram...
2 comentários:
eu tenho pena é dos telemóveis: coitados!
Um abraço entre teclas
e as realidades paralelas que coabitam e transformam o ser que se é com o que se faz parecer... a mesma tecnologia que nos defende e corrói....
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