Já não é só uma questão de equilíbrio.
Parece que a corrente saltou da roda dentada e continua-se a pedalar desalmadamente.
E nós? Não vemos que é isso? Que a questão do tempo presente nos remete para a imagem velocipédica? O que temos é de fazer saltar quem está agarrado ao guiador, a fazer-nos pedalar no vazio, como se estivesse num ginásio privado num 5º andar das Avenidas Novas (que já estão velhas!), a viver dos rendimentos, que são juros e rendas e não mais-valias.
Apeá-los, primeiro, mas apearmo-nos, também!
Depois, com jeitinho, mas sem medo de sujar as mãos, de óleo, de terra, de lama, ferindo-nos calhaus e nas ferramentas, fazendo algum sangue, colocar a corrente na roda dentada, pôr em pneus em boa pressão (talvez, se preciso..., tapar uns furos nas rodas), saltar para o selim... e continuar a corrida. Que é sempre em frente, apesar de muitas curvas e de pedaços de caminho em que parece que o raio da bicicleta tem marcha-atrás.
Pedalar, é preciso!
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