Uma última (talvez…) da “enfermaria geral”.
Naquela “leva”, diria mesmo verdadeira hecatombe, a PIDE tinha duas “escolhas”: os que apenas ficavam fichados para eventuais efeitos futuros e os que “iam dentro”; destes, os que “iam dentro” para dentro ficarem e os que “iam dentro” para apanharem um susto e o transmitirem a amigos e conhecidos. Isto digo eu, a esta distância e juntando pontas… e acrescento que a “selecção” não seria rígida e, no decurso da “operação”, a PIDE teria ido buscar alguns que era para não “irem dentro”, teriam ficado dentro uns que era só para apanharem um susto, teriam saído mais depressa que o projectado outros que teriam sido “recuperados” e “merecedores” de tal mudança nas intenções que para eles haveria.
Entre os (talvez) “escolhidos” pela PIDE para um susto de uns diazitos de prisão (de detenção, se faz favor…) estava um jovem técnico das Nações Unidas a trabalhar no estrangeiro que, embora conhecedor do vendaval que por cá andava, resolveu, quase em desafio, "vir à terra”, o que a PIDE terá achado descaramento demasiado, pelo que o “colheu” directamente do aeroporto para a sala da “enfermaria geral”.
Entrado naquele local de trânsito, já noite dentro, ficou eufórico ao ver amigos em quem inteiramente confiava, que tiveram de o chamar à parte para o pôr ao corrente da situação e dar-lhe a conhecer que as coisas não estavam nada fáceis e que havia ali… alguns “casos”, se é que não éramos todos e cada um, incluindo ele, um “caso”. Passou-lhe a euforia…
E teve, chamado à razão, uma reacção à sua maneira. De manhã, para se preparar (dizia ele), começou a fazer, em largas passadas, os cerca de 15 metros do comprimento da sala, e a dizer, baixinho mas suficientemente audível, sobretudo quando passava perto de algumas orelhas, “quem fala na PIDE é cabrão, quem fala na PIDE é cabrão…”.
Tremendo castigo para quem viera dos interrogatórios a justificar o seu comportamento com “está tudo perdido… não vale a pena qualquer resistência ou sacrifício… só há que confirmar tudo o que eles já sabem…” e que, facilmente se descobrira, fora mais fácil presa dos esbirros por estes terem usado o seu recente casamento com uma jovem, muito mais nova que ele, para o ... "recuperar" com a promessa de rápido regresso para junto da jovem e sozinha esposa.
Naquela “leva”, diria mesmo verdadeira hecatombe, a PIDE tinha duas “escolhas”: os que apenas ficavam fichados para eventuais efeitos futuros e os que “iam dentro”; destes, os que “iam dentro” para dentro ficarem e os que “iam dentro” para apanharem um susto e o transmitirem a amigos e conhecidos. Isto digo eu, a esta distância e juntando pontas… e acrescento que a “selecção” não seria rígida e, no decurso da “operação”, a PIDE teria ido buscar alguns que era para não “irem dentro”, teriam ficado dentro uns que era só para apanharem um susto, teriam saído mais depressa que o projectado outros que teriam sido “recuperados” e “merecedores” de tal mudança nas intenções que para eles haveria.
Entre os (talvez) “escolhidos” pela PIDE para um susto de uns diazitos de prisão (de detenção, se faz favor…) estava um jovem técnico das Nações Unidas a trabalhar no estrangeiro que, embora conhecedor do vendaval que por cá andava, resolveu, quase em desafio, "vir à terra”, o que a PIDE terá achado descaramento demasiado, pelo que o “colheu” directamente do aeroporto para a sala da “enfermaria geral”.
Entrado naquele local de trânsito, já noite dentro, ficou eufórico ao ver amigos em quem inteiramente confiava, que tiveram de o chamar à parte para o pôr ao corrente da situação e dar-lhe a conhecer que as coisas não estavam nada fáceis e que havia ali… alguns “casos”, se é que não éramos todos e cada um, incluindo ele, um “caso”. Passou-lhe a euforia…
E teve, chamado à razão, uma reacção à sua maneira. De manhã, para se preparar (dizia ele), começou a fazer, em largas passadas, os cerca de 15 metros do comprimento da sala, e a dizer, baixinho mas suficientemente audível, sobretudo quando passava perto de algumas orelhas, “quem fala na PIDE é cabrão, quem fala na PIDE é cabrão…”.
Tremendo castigo para quem viera dos interrogatórios a justificar o seu comportamento com “está tudo perdido… não vale a pena qualquer resistência ou sacrifício… só há que confirmar tudo o que eles já sabem…” e que, facilmente se descobrira, fora mais fácil presa dos esbirros por estes terem usado o seu recente casamento com uma jovem, muito mais nova que ele, para o ... "recuperar" com a promessa de rápido regresso para junto da jovem e sozinha esposa.
Estas estórias não são só divertidas. São de vida vivida!
4 comentários:
Não sei se são divertidas...são sim dramáticas e incomensuráveis lições de vida
Os pides não olhavam a meios para atingirem os fins... e já sabíamos.
São estórias de vida vivida, como dizes, mas não sei bem se serão divertidas...
Se te divertem a ti, tudo bem. Mais que mereces... Mas acho que deviam ser de leitura obrigatória para muita gente que pensa que isso nunca existiu, ou que foi muito fácil conviver com isso, ou que foi obra de um "clic" sair disso. E isto, para não falar nos que até acham que seria bom voltar a isso... abrenúncio!
Há algum tempo que não vinha aqui. Gosto mesmo do que escreves. A ironia fina misturada com a enorme humanidade. Um prazer ler-te.
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