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Éramos para aí uma dúzia na chamada enfermaria geral do Aljube. Havia alguma flutuação. Entradas, saídas, idas para interrogatório com regresso incerto.
A mais recente novidade fora a vinda de dois médicos de grande prestígio: Orlando Carvalho e Seabra Diniz. Um, neurologista com grande saída na “alta sociedade”, outro, psiquiatra de muito renome.
Na sua integração no grupo, o Seabra Diniz começou a tentar incutir-nos o hábito de fazermos uns exercícios de descontracção e auto-controlo que ele praticava que ele praticava em todas as circunstâncias (até nos interrogatórios). Consistiam numa série de frases que nos dizíamos a nós mesmos, se possível deitados e em posição de total abandono.
Não sei se me lembro de todas as frases, mas ainda agora repito algumas… e com resultados positivos. “Sinto o braço direito mais quente”, “sinto o braço direito mais pesado”, “a respiração é profunda e prolongada”, “o coração bate calmo e regular”, sinto a testa fria”, “a zona do plexo solar está fresco”...
Convenceu-nos facilmente e, quando possível, deitávamo-nos nas camas alinhadas contra a parede e, sob o seu manso comando íamos dizendo as frases. E sentíamos o braço mais quente e mais pesado (para os canhotos seria o esquerdo), depois o resto do corpo, a cabeça fria, respirámos calma e repousadamente, o coração batia compassadamente. Tudo!
Até que um novo “habitante” veio perturbar um pouco o que estava ser uma quase rotina. Era um estivador, não percebeu aquilo dos plexos solares, riu-se daquelas coisas, resistiu um bocado a entrar no grupo, até que se decidiu. E, depois de alguns dias – poucos – de observação, também se deitou na sua cama e começou a dizer as frases. Baixo e para dentro de si.
Eis senão quando, com todos concentradíssimos nos exercícios, ouve-se a sua voz, cava e rouca, dizer alto e bom som: “sinto os colhões muito pesados”.
Foi gargalhada geral, claro.
A mais recente novidade fora a vinda de dois médicos de grande prestígio: Orlando Carvalho e Seabra Diniz. Um, neurologista com grande saída na “alta sociedade”, outro, psiquiatra de muito renome.
Na sua integração no grupo, o Seabra Diniz começou a tentar incutir-nos o hábito de fazermos uns exercícios de descontracção e auto-controlo que ele praticava que ele praticava em todas as circunstâncias (até nos interrogatórios). Consistiam numa série de frases que nos dizíamos a nós mesmos, se possível deitados e em posição de total abandono.
Não sei se me lembro de todas as frases, mas ainda agora repito algumas… e com resultados positivos. “Sinto o braço direito mais quente”, “sinto o braço direito mais pesado”, “a respiração é profunda e prolongada”, “o coração bate calmo e regular”, sinto a testa fria”, “a zona do plexo solar está fresco”...
Convenceu-nos facilmente e, quando possível, deitávamo-nos nas camas alinhadas contra a parede e, sob o seu manso comando íamos dizendo as frases. E sentíamos o braço mais quente e mais pesado (para os canhotos seria o esquerdo), depois o resto do corpo, a cabeça fria, respirámos calma e repousadamente, o coração batia compassadamente. Tudo!
Até que um novo “habitante” veio perturbar um pouco o que estava ser uma quase rotina. Era um estivador, não percebeu aquilo dos plexos solares, riu-se daquelas coisas, resistiu um bocado a entrar no grupo, até que se decidiu. E, depois de alguns dias – poucos – de observação, também se deitou na sua cama e começou a dizer as frases. Baixo e para dentro de si.
Eis senão quando, com todos concentradíssimos nos exercícios, ouve-se a sua voz, cava e rouca, dizer alto e bom som: “sinto os colhões muito pesados”.
Foi gargalhada geral, claro.
3 comentários:
Ó Sérgio, não imaginas quanto eu e uma amiga nos rimos no final do teu post...
Tivemos que interromper para conseguirmos ler a última frase...
:)))))
Valeu a boa disposição para fim de semana
Beijos
Estas técnicas de relaxamento é no que dão...:))
E a história está tão "cinematográfica" que dá para "ver" o ambiente!
Morri a rir!
Destabilizou totalmente o relaxamento.
GR
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