faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

domingo, 25 de abril de 2021

Quantos dias PAbril? - 25 !!!

 25 +1)    “Somos Livres” – Ermelinda Duarte; a canção estandarte, entoada alegremente em qualquer lado; quem nunca entoou esta “…Uma gaivota Voava, voava…”. Sem dúvida, para a geração de 60/70 a canção ícone de Abril, do nosso 25. Uma canção que vendeu 100.000! discos.

Da atriz Ermelinda Duarte:  a sua carreira tinha começado em finais da década de 60, ao juntar-se ao Teatro Estúdio de Lisboa, onde participa em várias peças com encenação de Luzia Maria Martins. No cinema, ficou conhecida pelo seu papel no filme “Pedro Só” (1972), de Alfredo Tropa, mas entra também em vários telefilmes. Um deles parte precisamente da peça "Lisboa 72/74", que o TEL apresentara em finais de 1974, e onde se inclui esta canção de hoje. Ficou este grande legado. Ah, teve uma mãozinha do José Cid…

 Na área das dobragens de séries infantis, na década de 80,  a voz de Ermelinda Duarte foi sempre presente para muitas gerações de crianças e jovens.

                                    00.20 - 2ª senha - "Grândola Vila Morena"

                                        Somos livres, não voltaremos atrás

                                                                                     

                                                                                                     Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto


Ermelinda Duarte - ao vivo



https://www.youtube.com/watch?v=uktNBQ8AjOY

Tonicha


Quantos dias PAbril?-24bis

 ou ainda 24...

25)     O capitão dos Tanques” – Vitorino; ode ao Capitão Salgueiro Maia, num disco intitulado de infantil, “Abril, Abrilzinho”, de 2006. O carismático herói de Abril, uma info canção para crianças, que muitos adultos deviam ouvir. Interessante ou talvez preocupante,  o facto de existirem poucas canções que se referem de forma direta ao Herói de Abril de 1974… Esta é a história do capitão que definiu o rumo da Revolução dos Cravos, quando, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, coordenou em Lisboa as movimentações das forças militares, o levantamento contra a ditadura que governava Portugal há cerca de 50 anos.

Lançada hoje, pela timeline da operação de libertação (22.55 - primeira senha - "E Depois do Adeus")

 

 

Para trás ficou Santarém

Na noite fresca de Abril

E os homens que o seguiam

Valiam por mais de mil.

 

E foi no Largo do Carmo

Que, valente, ergueu a voz

Para dizer ao Papão:

'Agora mandamos nós'

 

E nunca pediu nada em troca

Dessa linda valentia

Um título ou um posto

Pois lhe bastava a alegria

                

             Maia, és o nosso Herói!

                           Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto


 


https://www.youtube.com/watch?v=_153HVDmAEw

 

sábado, 24 de abril de 2021

Quantos dias PAbril?-24

24)     “Cravo Vermelho ao Peito”- José Barata Moura, É impossível falar em música para crianças em Portugal sem falar no nome de José Barata Moura. No entanto, a sua obra musical divide-se de igual forma entre esta vertente e a canção de protesto e de intervenção. José Barata Moura é doutorado em Filosofia e foi reitor da Universidade de Lisboa entre 1998 e 2006.  Apesar de ter muitos singles e EPs, em formato álbum, seria preciso esperar pelo final do ano de 1973 para ser publicado o primeiro de vários trabalhos do músico. A demora deveu-se também à sistemática recusa por parte da Comissão de Censura em relação às letras propostas. José Barata Moura perguntava “Porquê Cantar” mas “Vamos Brincar à Caridadezinha” ficou para a história como um dos muitos retratos de uma classe social alheada da verdadeira realidade do país.

“Cravo Vermelho ao Peito”, que aparece pouco depois da revolução de Abril, é outra sátira que ainda hoje permanece como um dos momentos-charneira da obra do cantor

 


Não importa quem eles eram

Não importa quem eles são

Nem todo o mal que fizeram

Mas sempre a bem da Nação

E chegado o dia novo

Chegada a bendita hora


Vestiram uma pele de povo

Ficou-lhes o rabo de fora

Cravo Vermelho ao peito

A muitos fica bem

Sobretudo faz jeito

A certos filhos da Mãe

 

                                    Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto

 



 Cravo vermelho ao peito



https://www.youtube.com/watch?v=KaSrvWgLaL8

 Vamos Brincar À Caridadezinha


https://www.youtube.com/watch?v=F8Ekm4fAhWk 

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Crónica... que bem que se está no campo

































































































































































No Ipsilon do 
Público de hoje

Quantos faltam PAbril?-23

 23)     “Já chegou a Liberdade”- Tonicha,  nome artístico de Antónia de Jesus Montes Tonicha Viegas , nascida em Beja, numa canção lançada em 1974.

Apesar de ser conhecida junto do grande público por alguns registos mais ligeiros, entre os quais se encontram o Festival da Canção da RTP, que venceu em 1971, Tonicha gravou várias canções-protesto. «Já chegou a liberdade» era o lado B de um single editado em 1974, cujo lado principal era «Obrigado Soldadinho», também sobre a Revolução de Abril. A letra é de Ary dos Santos / Popular, o arranjo musical de Pedro Osório. Em 1975, é lançado o LP “Canções de Abril”. Já em 1973 lançou a premonitória canção "Com um cravo na boca"…


Já chegou a liberdade

Com um chapéu encarnado

No rosto trazia verdade

E na baioneta já floriu um cravo

 

Depois foi até ao Carmo
Foi até ao cerne da nossa tristeza
E cantou “A Portuguesa”
E eu que também cantei
Só então me dei conta da beleza
Da voz que ficou acesa

 

                                                                         E Viva a Tonicha!

                  Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto

 



"Já chegou a Liberdade"

https://www.youtube.com/
watch?v=EiMYmWuULqw

 "Com um cravo na boca"



https://www.youtube.com/watch?v=e638CYfr7_c

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Quantos dias PAbril?-22

 22)    “Vem Liberdade” --- Alberto Júlio –– um autor pouco conhecido, mas de uma grande musicalidade! Canção de 1974...Com 2 álbuns completos,”…Do Amor e da Guerra” e “Não, não dobro o Cachaço”. A obra deste autor nunca chegou a ser editada em formato CD, apenas algumas das suas composições se encontram em coletâneas. 

«Desde Dezembro de 1973 que estas canções (e
outras) aguardavam saída. Contratempos de vária ordem o não permitiram antes.
Vêm agora juntar-se, por débeis que sejam, ao imenso grito uníssono que livre e
irreprimivelmente se levanta dizendo quem somos, o que queremos e o que de nós
fizeram. A todos quantos se esforçaram, mesmo até ao silêncio forçado e ao
sangue, para que esse grito fosse ouvido, dedico, «camaradamente», este meu 1.ª
disco» - Alberto Júlio, 1974

 

Na ilustração, segue uma singela homenagem ao “Modifica”, ilustre cidadão alentejano, com a chancela de qualidade “Viana do Alentejo”. A Foto inicial …”inteira e limpa”, que foi o combustível da ilustração segue em anexo. Obrigado, Joaquim, por partilhares imagens das tuas vivências.

 

                         Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto

 

 



 

Vem Liberdade (1974)


https://www.youtube.com/watch?v=58ab10OdwL4&list=PL3gPlroc-pnfhoytxXWQVE6fgI59roUJV&index=5

 Se eu tivesse vinte anos (1976)

https://www.youtube.com/watch?v=NzBGFmFxxzM&list=PL3gPlroc-pnfhoytxXWQVE6fgI59roUJV&
index=8

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Quantos dia PAbril? - 21

21)    "Tourada" – Fernando Tordo, sobre poema de Ary dos Santos, a canção que escorreu pelas malhas da censura, e andou pelo Festival cançonetista. Em 1973, o espelho da burrice da Censura… ainda se teve de esperar um ano para dar uma vassourada nessa escumalha do Estado…Velho. Resultado de uma parceria que já existia desde 1968 entre Fernando Tordo e Ary dos Santos, “Tourada” é hoje, segundo o intérprete, uma canção importante, não só no sentido restrito, musical, mas também no histórico.

E diz o inteligente

que acabaram as canções.

 

                             Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto


 


A origem...


https://www.youtube.com/watch?v=LbZLQjrB0No

Versão com Capicua


https://www.youtube.com/watch?v=V2QBXXITK0Q

 

 

Quantos dias PAbril? - 20

 20)    “Calçada de Carriche” – Carlos Mendes/ música de José Niza, sobre fantástica letra de António Gedeão, o Químico Poeta (Poesias Completas – 1956/1967)… A condição da mulher. Canção retirada do LP “Fala do Homem Nascido”, de 1972, só com poesia de António Gedeão, para vozes de diversos intérpretes. Passem os ouvidos pela versão de Mário Piçarra, single de 1970, menos conhecida, mas igualmente interessante (este cantor exilou-se em França, para fugir à ditadura, entre 71 e 74).

 

 

                                Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto



Excerto do poema, Carlos Mendes



https://
www.youtube.com/watch?v=96EeK48JPLs

 

 

Versão integral do poema, por Mário Piçarra


https://www.youtube.com/watch?v=U7UFwTQsen4

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Quantos dias PAbril? -19

 19)     “Porque” -  Francisco Fanhais, sobre poema de Sophia de Mello Breyner Andresen/ música de Francisco Fernandes; Francisco Fanhais foi padre nos últimos anos do Estado Novo e foi através do sacerdócio que deu voz ao seu protesto. Em 1971, impedido de exercer o sacerdócio, Fanhais parte para França, onde participa nesse ano nas gravações do álbum “Cantigas do Maio”, de José Afonso.

Sabiam que são de Francisco Fanhais os passos que ouvimos em “Grândola, Vila Morena”, captados no exterior dos estúdios do Castelo de Hérouville?


Esta foi uma das músicas a integrar o único álbum de Francisco Fanhais: “Canções da Cidade Nova”, publicado em 1970 pelo selo Zip-Zip, criado na reta final do famoso programa homónimo da RTP. Um ano antes, saíra o primeiro registo de Fanhais, um EP pela Orfeu.

Fanhais acompanhou José Afonso em inúmeras situações de resistência antifascista e espectáculo pelo país.

 Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.

                             Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto


Ao vivo...



https://www.youtube.com/watch?v=KNZSuad5qn8

Em estúdio




https://www.youtube.com/watch?v=TiLO8dvwISw

domingo, 18 de abril de 2021

Quantos dias PAbril? - 18

 18)    "Canção Proibida"     - Marco Paulo.       Muitos não saberão, mas antes de mergulhar no romantismo que se conhece, Marco Paulo, aliás João Simão da Silva, andou perto da canção de intervenção, com canções como "Ninguém, ninguém" e claro, esta "Canção proibida", de 1978. Singelas vendas de 85.000 cópias, seu 1º disco de ouro. Esta canção irá surgir no primeiro LP deste alentejano cantor, em 1979, "Concerto Ligeiro".

Uma canção foi proibida

Antes de ser canção de alguém
uma gaveta foi escondida

Pra não pertencer a ninquém
Mas hoje o tempo é mais verdade
E não tem medo da canção
Que anda no campo e na cidade
Livre com a voz da razão

                                                Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto

 



 














https://www.youtube.com/

watch?v=8--0DGKyIVY


sábado, 17 de abril de 2021

Quantos dia PAbril - 17

17)     “Lágrima de Preta” – Manuel Freire, o cantautor da Pedra Filosofal, a cantar sobre outro poema de António Gedeão/ música de José Niza…Já anteriormente, em 1970, Adriano Correia de Oliveira cantara estes versos. Uma canção sobre mensagem/poema de igualdade, por um professor de Físico-Química...

Em 1956, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho tem 50 anos e publica, com o pseudónimo de António Gedeão, o seu primeiro livro de poesia, "Movimento perpétuo". A sua poesia entranha-se de forma natural, com uma facilidade e beleza ímpares. Não é de estranhar que boa parte da sua obra poética esteja musicada, e por grandes nomes da música portuguesa. A "Pedra Filosofal", celebrizada pela versão de Manuel Freire é exemplo disso mesmo.

                                   Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto

 


Manuel Freire/ao vivo

https://


www.youtube.com/watch?v=v2AXsH_miaQ


Uma animação tuga...


https://www.youtube.com/watch?v=lR3ho-ptqy0

 

Versão de Duarte Mendes

https:/


/www.youtube.com/watch?v=5FYLyNyo9fM

 

Versão do Bonga

https://


www.youtube.com/watch?v=q3njTN3LfAI

 

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Quantos dias PAbril? - 16

 16) "Velha Chica" - Waldemar Bastos; várias versões, por diversos autores. Cantada entre amigos antes da Independência de Angola. Publicamente,  só depois.

Waldemar dos Santos Alonso de Almeida Bastos é um cantautor angolano que nasceu na província do Zaire, em janeiro de 1954. Após a independência deste país em 1975, rumou a Portugal para escapar à guerra civil. Waldemar Bastos considerava a sua música um reflexo da sua própria história e das experiências que a compõem. Trabalhou com nomes como Chico Buarque, Dulce Pontes, David Byrne, Arto Lindsay e Ryuichi Sakamoto, entre outros, com a Orquestra Gulbenkian, a London Symphony Orchestra e a Brazilian Symphony Orchestra. Tinha os Bee Gees e Carlos Santana como referências. Em 2001, foi o único intérprete não fadista a cantar na cerimónia de trasladação de Amália Rodrigues para o Panteão Nacional, em Lisboa. 

Faleceu aos 66 anos em Lisboa, no ano passado.

 

"qual era a razão daquela pobreza, daquele nosso sofrimento? Xé menino, não fala política"

" somente fez uma cubata com teto de zinco"

"Xé menino, quando morrer, quero ver Angola e o Mundo em paz!"   ou

"Xé menino, posso morrer, já vi  Angola independente"

                                    Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto

Duas arrepiantes versões:

https://www.youtube.com/watch?v=Kl8mLhXyGis


 https://
www.youtube.com/watch?v=QR19CA6WXRk



quinta-feira, 15 de abril de 2021

Quantos dias PAbril - 15

 15) "Um Português"- Linda de Suza; mais conhecida como "Mala de Cartão"... Linda de Suza nasceu em Beringel, uma pequena aldeia do Alentejo no distrito de Beja, mas foi em Paris, para onde emigrou em 1970, depois de ter pedido para cantar no restaurante Chez Louisette, que ganhou fama. Um dos clientes, André Pascal, encantado com a sua voz, levou-a até Claude Carrère, o produtor musical que viria a produzir "Un portugais" e "Um português", a canção que rapidamente se tornaria no hino dos emigrantes nacionais.Teolinda de Sousa Lança, aliás Linda de Suza, fez a história da maioria dos portugueses não burgueses em França: bidonvilles, lama, tenacidade, amores desencontrados, dificuldades, ordens acatadas, muito andar e pouco assentar, sonhos, ilusões e utopias. 

Vendeu mais de 2 milhões(!) de discos esta canção lançada em 1978, já os cravos esvoaçavam e se emigrava de outras formas...

 

                            Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto

 


 

Em Tuga

https://www.youtube.co


m/watch?v=0LT1d55az6o

 

 

 

Em Francês

https://www.youtube.com/watch?v=rBOqNbQ2JkI

 

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Quantos dias PAbril - 14

 

14)     “Domingo em Bidonville” – Quarteto 1111; ode à emigração, saudade e condição de vida do emigrante…

 Em 1970 gravam o primeiro LP, simplesmente intitulado "Quarteto 1111, constituído por canções com conteúdos anti racistas e contra a emigração, teve quase todas as canções censuradas e chegou a ser retirado do mercado. Uma canção com cheiro a Saudade...

Também  nos idos 70, José Barata Moura cantava sobre os famosos Bidonville, locais de acolhimento de portugueses emigrados por terras de França...

 

 

"Quando ouço o comboio a apitar

que saudades

de voltar"

                                                                                                   

                                               Partilhem, comentem, critiquem.

Gabriel Lagarto

 


 

https://www.youtube.com/


watch?v=8LtNJxFDnaw