Almoçava com um amigo quando elas entraram. Três mulheres. Empurrando um carrinho de bebé. Discretamente.
No entanto, a entrada no pequeno restaurante não podia passar desapercebida. Eram, as três mulheres, altas e belas nas suas idades. E empurravam, como numa nuvem, um carrinho de bebé.
De longe, do canto da sala onde almoçava com o amigo, saudei as três mulheres. Tão discretamente como elas tinham entrado e ocupado o espaço onde se arrumaram e, com cuidados mil pelas três repartidos, ao carrinho de bebé.
Tudo parecia de novo tranquilo e rotineiro, como sempre estivera embora eu tivesse sido sobressaltado pela entrada das três mulheres empurrando um carrinho de bebé.
A conversa com o amigo continuava fluente. Sem pausas ou hiatos. Sobre coisas de nada. Ou de tudo. Mas, assim que houve uma brevíssimo silêncio, como quando se muda de ponto na ordem de trabalhos, ou na agenda de conversa, por um dos pontos se ter esgotado e faltar uma imediata “ponte”, pedi licença e levantei-me.
Fui saber notícias de quem, no seu carrinho de bebé, a tudo indiferente, dormia nos seus poucos dias de vida. Fui informado. Pela mãe, pela avó, e pela bisavó. Fui informado, de forma carinhosa, porque só assim falavam de quem ali estava e não por ser comigo, de que tudo correra bem, do nome: Pedro, da receptividade dos irmãos dois mais velhos, tão novinhos ainda.
E voltei ao meu lugar, e à conversa não interrompida, não sem antes deixar a muito repetida e inevitável recomendação "então agora tem de vir uma menina…", também com os muito repetidos e inevitáveis sorrisos doces e cheios de ternura das três mulheres. Uma bisavó, uma avó, e uma mãe. E um bebé num carrinho.